A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sofreu na noite desta quinta-feira (1) um atentado quando parou para cumprimentar populares que a aguardavam em frente a sua casa, no bairro Recoleta, em Buenos Aires.
O autor do disparo, que falhou, feito por uma arma calibre 22, é o brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel, de 35 anos.
A motivação para o crime ainda está sendo investigada.
A arma foi apreendida e continha 5 projéteis.
Acompanhe toda a repercussão do fato em nossa transmissão.
Veja o vídeo:
FONTE: Jornal da Cidade https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/41872/ao-vivo-cristina-kirchner-sofre-um-atentado-a-repercussao-e-a-investigacao-na-argentina-veja-o-video
O que parece óbvio numa farsa bem montada
Em 1989, a Globo entrou de corpo inteiro na campanha eleitoral para eleger Fernando Collor.
E jogou como ninguém com câmeras e luzes…
Ainda há quem se lembre da imagem de Ulisses Guimarães, uma das vítimas das câmeras globais, mostrado como um idoso alquebrado para contrastar com o perfil de um Fernando Collor, editado como bonitão de 41 anos, atlético, inteligente, honesto e autoconfiante.
Deu no que deu…
Há no mínimo 40 anos, a Globo trata o brasileiro como idiota útil.
E foi assim na entrevista de Lula no Jornal Nacional: ele falou como se estivesse no “horário eleitoral gratuito”.
Um deboche! Lula falou de combater a corrupção como se não fosse ele réu em vários processos por corrupção. Tudo sem ser confrontado pelos entrevistadores.
Aliás, depois, no debate da Bandeirantes, Lula afirmou que nenhum governo investigou a corrupção como o dele. Se enganou! Na real, nenhum governo, como o dele, deu tanto trabalho à investigação da polícia.
A Globo quer desinformar a população.
É fácil!
A maioria tem memória curta. Não questiona o que vê.
Raciocina a partir das emoções causadas pela telinha.
E acaba achando óbvio o que é só uma mentira da Globo! Mas quantos eleitores ainda caem nessa armadilha?
Veremos.
FONTE: Jornal da Cidade https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/41871/o-que-parece-obvio-numa-farsa-bem-montada
O desprezo de Alexandre de Moraes pelo Ministério Público é cada vez mais evidente
O inquérito do ministro Alexandre de Moraes para desvendar, impedir e castigar o “golpe do WhatsApp”, mais uma palhaçada policial, totalitária e ilegal do STF em sua guerra para controlar a vida pública no Brasil, começou com uma aberração; é inevitável que produza aberrações novas a cada dia em que continuar aberto. Os “atos antidemocráticos” que levantaram a ira do ministro são, como se sabe, conversas privadas pelo celular por um grupo de empresários. Por conta disso, mandou a Polícia Federal invadir às 6 horas da manhã residências e escritórios de cidadãos que não violaram absolutamente nenhuma lei – e se serviu mais uma vez da habitual penca de horrores que soca em cima das vítimas de suas investigações. Está agora, também mais uma vez, em confronto direto com o Ministério Público.
É claro que está. Há três anos o ministro Moraes, com o pleno apoio da maioria dos seus colegas, desrespeita abertamente a Constituição com o seu inquérito perpétuo contra supostos “atos antidemocráticos”; pelo que estabelece o texto constitucional, só o MP tem o direito de colocar em andamento uma investigação criminal, mas o ministro não toma conhecimento disso. Não só passa por cima da lei ao fazer algo que é exclusividade dos procuradores; ignora sistematicamente suas repetidas objeções à ilegalidade do inquérito. Não é possível, assim, evitar novos conflitos a cada vez que se lança em expedições como a desse “golpe pelo WhatsApp”. O que está errado na origem só pode gerar mais e mais erros à medida em que o pecado original continua sendo praticado.
Não só passa por cima da lei ao fazer algo que é exclusividade dos procuradores; ignora sistematicamente suas repetidas objeções à ilegalidade do inquérito
A Procuradoria Geral da República. no caso, define precisamente o que é, em sua essência, a investigação dos empresários: uma “espetacularização midiática”. É o que diz a vice procuradora ao pedir que o STF negue a quebra de sigilo de comunicações exigida agora por um grupo de senadores “de esquerda” que se utiliza o tempo todo das ações de Alexandre Moraes para promover seus interesses políticos pessoais. Ela vai exatamente ao centro de toda essa questão: trata-se, como diz em seu pedido, de uma perseguição penal especulativa e indiscriminada, sem objeto certo ou declarado – a não ser aparecer na mídia. A quebra de sigilo não tem nenhum cabimento. Nada, no inquérito de Moraes, tem algum cabimento. É assim desde 2019, quando ele iniciou sua perseguição geral aos “inimigos da democracia”. Vai continuar assim.
FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/jr-guzzo/o-desprezo-de-alexandre-de-moraes-pelo-ministerio-publico-e-cada-vez-mais-evidente/?#success=true
“STF quer se livrar do presidente usando a força do Estado para violar a lei”, diz J.R. Guzzo, um jornalista lúcido e corajoso
“Não é porque certas coisas são difíceis que nós não ousamos; é justamente porque não ousamos que tais coisas são difíceis”. (Sêneca).
Peço licença ao Jornalista com letra maiúscula, José Roberto Guzzo, colunista do Estadão para reproduzir o seu texto, intitulado:
“STF quer se livrar do presidente usando a força do Estado para violar a lei”.
Texto corajoso, digno das melhores mentes do país. Sem medo, sem assombro, descasca toda trama que vigora no país, aponta os articuladores e diz abertamente quem está em busca de golpe, quem viola a Constituição:
“O Brasil deixou de ter um Supremo Tribunal Federal. Tem, em seu lugar, uma polícia de ditadura, que invade casas e escritórios de cidadãos às 6 horas da manhã, viola os direitos civis das pessoas que persegue e se comporta, de maneira cada vez mais agressiva, como se as leis do País não existissem – é ela, na verdade, quem faz a lei, e não presta contas a ninguém.
Essa aberração é comandada pelo ministro Alexandre de Moraes e tem o apoio doentio de colegas que se comportam como fanáticos religiosos; abandonaram os seus deveres de juízes e se tornaram, hoje, militantes de uma facção política. Seu último acesso de onipotência é essa assombrosa operação contra o que chamam de ‘empresários golpistas’.”
Avança e vai no âmago da questão:
“Não há um miligrama de prova, ou qualquer indício racional, de que as vítimas do ministro tenham cometido algum delito contra a ordem política, social ou constitucional do País; tudo o que fizeram foi conversar entre si nos seus celulares privados.
Que crime é esse? E, mesmo que tivessem feito alguma coisa errada, cabe exclusivamente ao Ministério Público fazer a denúncia criminal.
A lei diz que ninguém mais pode fazer isso; um juiz nunca é parte da investigação, ou de nenhuma causa, cabendo-lhe apenas julgar quem está com a razão – a acusação ou a defesa. Mais: ainda que estivesse tudo certo com o inquérito, e nada está certo nele, os empresários não poderiam ser julgados no STF, pois não têm o foro especial indispensável para isso.
Os advogados não têm acesso aos autos – e isso não existe em nenhuma democracia do mundo. Também não existem ministros de Suprema Corte que tenham uma equipe de policiais a seu serviço e sob o seu comando.”
E explica o que querem os ministros do supremo com esses arroubos inconstitucionais:
“O ministro Alexandre de Moraes e a maioria dos seus colegas de STF querem o presidente Bolsonaro fora do governo – é disso, e só disso, que se trata, quando se deixa de lado o imenso fingimento da lavagem cerebral contra os ‘atos antidemocráticos’.”
E afirma que o julgamento será feito pelo povo e não pelos ministros:
“Tudo bem: muita gente também quer. A questão real, a única questão, é que Bolsonaro está em pleno julgamento, e o veredicto será dado daqui a pouco, nas eleições de outubro. Os juízes verdadeiros, aí, serão os 150 milhões de eleitores brasileiros – e não os ministros do Supremo”.
Assim como Bolsonaro, Guzzo também quer que cada eleitor seja livre para dizer se o governo é ruim ou bom. Se atende as expectativas de cada eleitor ou não. Se o povo e somente o povo acha apropriado ou maligno o governo.
Não os ministros, mas o povo:
“É perfeitamente lícito achar que Bolsonaro está fazendo um governo ruim, péssimo ou pior do que péssimo. Se for assim mesmo, não há nenhum problema: os brasileiros votarão livremente contra ele, e tudo estará resolvido”.
Mas não é assim. O jogo é outro. Os ministros querem, segundo Guzzo, simplesmente “se livrar do presidente”:
“O STF e os setores que o apoiam, porém, querem se livrar do presidente usando a força do Estado para violar a lei, pisar nos direitos dos cidadãos e suprimir a liberdade.
É um desastre à vista de todos.”
Divulgue o texto, pois vale a pena, livremente, meditar sobre ele e verificar que a única voz que impede uma ditadura dos juízes, apoiada pela imprensa, é a voz de Bolsonaro.
Bolsonaro é o opositor. É o único a defender a liberdade e a transparência. É a pedra no sapato daqueles que se apossaram da nação sem nenhum voto ou consentimento da população brasileira.
É hora de ajudá-lo! É hora de gritar junto com Guzzo!
É hora de gritar junto com Bolsonaro pela liberdade e a transparência!
FONTE: Jornal da Cidade https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/41861/stf-quer-se-livrar-do-presidente-usando-a-forca-do-estado-para-violar-a-lei-diz-jr-guzzo-um-jornalista-lucido-e-corajoso
A China odeia Gorbachev e estuda seu governo até hoje. Objetivo: não ter o mesmo fim da URSS
Enquanto atuais e ex-chefes de Estado do Ocidente lamentaram a morte de Mikhail Gorbachev, destacando o papel do último líder da União Soviética no fim da Guerra Fria e a aproximação com o Ocidente que ele promoveu, a China teve duas reações: frieza e agressividade.
No primeiro caso, encaixa-se a manifestação oficial do regime chinês, que por meio de um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores se limitou a dizer que Gorbachev “fez contribuições positivas para a normalização das relações entre a China e a União Soviética”.
Na segunda categoria, o ex-líder soviético foi atacado nas mídias sociais e na imprensa ligada a Pequim. “Gorbachev trouxe desgraça não apenas para o povo da União Soviética, mas para o mundo inteiro”, escreveu o comentarista político Xiang Ligang na rede social chinesa Weibo, alegando que a guerra na Ucrânia é resultado do fim da União Soviética: “Este desastre continua até hoje”.
O jornalista Hu Xijin, conhecido pela sua postura radical pró-Partido Comunista da China, escreveu no Twitter que Gorbachev “foi um dos líderes mais controversos do mundo”.
“Ele foi amplamente aclamado no Ocidente, por vender os interesses de seu país. O Ocidente conseguiu a paz, mas as guerras continuam a eclodir em áreas da antiga União Soviética: Chechênia, Geórgia, Ucrânia…”, criticou.
O jornal estatal Global Times, onde Hu Xijin é colunista, atribuiu o colapso da União Soviética à “democratização parcial da sociedade soviética sob Gorbachev”.
“Como lição para a própria governança da China, o Partido Comunista da China mantém seu próprio caminho socialista com características chinesas, ressaltando a maturidade política e a sobriedade”, apontou um artigo publicado pelo jornal.
O texto do Global Times é a chave para entender o verdadeiro sentimento dos comunistas chineses por Gorbachev: sua percepção é de que as reformas promovidas pelo líder soviético durante seu governo (1985-1991), a aproximação com o Ocidente e sua oposição à ideia de reprimir violentamente movimentos separatistas ou pró-democracia no antigo bloco comunista europeu (Letônia e Lituânia foram exceções) foram uma fraqueza decisiva para o colapso da União Soviética – um erro a não ser repetido pela China.
Em um discurso direcionado a membros do Partido Comunista em dezembro de 2012 e que teve seu conteúdo vazado no mês seguinte, o ditador Xi Jinping, que à época já era secretário-geral da legenda e assumiria a presidência do país meses depois, justificou uma onda de perseguição a altos funcionários que estava em andamento à época.
“Por que devemos manter a liderança do Partido sobre os militares?”, afirmou Xi. “Porque essa é a lição deixada pelo colapso da União Soviética. Na União Soviética, onde os militares foram despolitizados, separados do Partido e nacionalizados, o partido foi desarmado.”
Lembrando uma tentativa de golpe de Estado contra o então líder soviético em 1991, que fracassou mas acabou aprofundando o caminho para o fim da União Soviética, Xi disse que “algumas pessoas tentaram salvar a União Soviética; prenderam Gorbachev, mas em poucos dias isso foi revertido, porque não tinham os instrumentos para exercer o poder”.
“[Boris] Yeltsin [que depois se tornaria presidente russo] fez um discurso em cima de um tanque, mas os militares não responderam, mantendo a chamada ‘neutralidade’. Por fim, Gorbachev anunciou a dissolução do Partido Comunista Soviético em uma declaração irresponsável. Um grande partido acabou facilmente assim. Proporcionalmente, o Partido Comunista Soviético tinha mais membros do que nós, mas ninguém foi homem o suficiente para se levantar e resistir”, acrescentou Xi.
O discurso do futuro ditador chinês prenunciou um aumento da repressão em todos os setores da sociedade chinesa nos anos seguintes (como as ações em Hong Kong e Xinjiang), com uma oposição total a qualquer tipo de abertura ou reformas.
Logo no início do primeiro mandato de Xi, o Partido Comunista da China participou da produção de documentários sobre o fim da União Soviética, nos quais defendeu a tese de que as reformas de Gorbachev e sua incapacidade de manter o status quo geraram esse colapso. Esse material foi amplamente usado na “instrução” de membros do PCCh e relançado este ano.
“Xi certamente quer tornar o partido-Estado chinês impermeável ao tipo de colapso que se abateu sobre a União Soviética, e muitas de suas políticas nos últimos anos visam exatamente isso”, disse Dali Yang, cientista político da Universidade de Chicago, à CNN. “Talvez nenhum outro país tenha estudado as lições do colapso soviético tão cuidadosamente quanto a China.”
Zilvinas Silenas, presidente da Fundação para a Educação Econômica (FEE), apontou em artigo nesta semana que, depois de Gorbachev, muitos tiranos e aspirantes a ditadores entenderam que o caminho para seguir no poder era não permitir nenhuma abertura – inclusive econômica.
“Eles estudaram cuidadosamente as tentativas de Gorbachev e concluíram, talvez corretamente, que sistemas inerentemente defeituosos não podem ser consertados. É impossível estabelecer planejamento central sem abolir sua premissa central de que o governo, e não os consumidores, sabe melhor o que produzir e em que quantidades. Para manter o poder, os governos precisam controlar toda a economia, ou pelo menos a maior parte dela”, destacou.
Muitos analistas enxergam que Gorbachev não era exatamente um democrata e poderia ter reprimido os movimentos internos do bloco soviético com violência. Mas ele não o fez – ao menos, não na escala dos seus antecessores. A julgar pela visão de Xi Jinping sobre os fatos ocorridos na Europa oriental 31 anos atrás, esse conflito moral nunca esteve perto de passar pela mente do ditador chinês.
FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/a-china-odeia-gorbachev-e-estuda-seu-governo-ate-hoje-objetivo-nao-ter-o-mesmo-fim-da-urss/
“A democracia morre nas sombras”: como a ditadura chinesa acabou com o jornal mais popular de Hong Kong
Entre 2005 e 2021, o cientista político Simon Lee liderou uma empreitada de sucesso: ajudou a transformar um pequeno jornal defensor da liberdade em um modelo rentável de negócio, com mais de meio milhão de assinantes em uma cidade pouco maior do que o Rio de Janeiro.
Durante 26 anos, o Apple Daily, fundado pelo empresário Jimmy Lai em 1995, ajudou a moldar a vida cultural em Hong Kong, tornando-se um dos jornais mais populares do país, com edições impressa e online, em chinês e em inglês. Em 2019, a publicação foi premiada no Hong Kong Human Rights Press Awards por sua reportagem sobre Liu Xia, esposa do ativista chinês de direitos humanos e vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Liu Xiaobo.
Comunicador experiente, com formação pela Universidade de Michigan e pela Universidade Chinesa de Hong Kong, Lee ingressou na equipe do Apple Daily a convite do próprio Lai. Trabalhou como redator editorial, editor de opinião e gerente comercial do veículo que, em pouco tempo, se transformou em uma pedra no sapato do Partido Comunista Chinês (PCC).
Até que, em 2021, após sucessivas ameaças que descambaram na prisão de Jimmy Lai e de vários integrantes da redação, além do congelamento de todos os ativos financeiros do jornal, a publicação finalmente sucumbiu à ditadura chinesa: a edição final impressa foi publicada em 24 de junho, com mais de um milhão de exemplares em circulação (a tiragem recorrente era de cerca de 80 mil) e filas de centenas de apoiadores às portas. Todos os jornalistas que foram capturados pela polícia com base na lei de segurança nacional chinesa permanecem sem julgamento.
De Cingapura – o mais perto que pode chegar de sua terra natal, atualmente – Simon Lee conversou com a Gazeta do Povo via videoconferência e falou sobre o processo que culminou na perda completa da liberdade de expressão em Hong Kong, sobre o futuro da cidade e da China de Xi Jinping.
Gostaria de saber mais sobre como o senhor se envolveu na luta pela liberdade. O senhor sempre acreditou nesses princípios?
Meu envolvimento com a luta pela liberdade tem a ver com minha história pessoal. Meus pais são chino-indonésios: na época em que os chineses eram muito discriminados na Indonésia, na década de 1950, eles se mudaram de lá para a China continental. Vinte anos depois, mudaram-se para Hong Kong, onde finalmente se estabeleceram. Meus pais, portanto, sabem o que é ter que se mudar de um lugar para outro em busca de estabilidade e segurança, e Hong Kong foi o único lugar a nos proporcionar isso. Foi o primeiro argumento que me convenceu a defender a liberdade da minha terra.
Como era a vida em Hong Kong na sua juventude?
Bem diferente do que é hoje. Meus pais eram imigrantes, mas as oportunidades eram abundantes. Passamos de uma família que não tinha nada para uma vida de classe média em poucos anos, o que foi realmente incrível. Olhando para trás, lembro que os anos 1980 eram uma época na qual todos acreditavam que, desde que você trabalhe duro, não precisa frequentar uma boa faculdade, ter uma educação de ponta ou algo assim. Você não precisa ter uma família rica nem um monte de especializações para viver uma vida confortável, contando que esteja disposto a trabalhar seriamente.
Penso que essa é a definição de uma sociedade aberta, inclusive, e é o que Hong Kong costumava ser. Mas as coisas mudaram nos últimos 20 anos. Tenho visto jovens reclamando do quão difícil é para eles ter uma vida tão abundante quanto a que seus pais ou avós tiveram.
A que o senhor atribui essa mudança?
Penso que tem a ver com as mudanças rápidas que o mundo atravessou, sobretudo porque muito do trabalho que era realizado pela classe média foi substituído pela automação. Trata-se de um fenômeno global bastante comum que está afetando a vida da classe média, vivo dizendo aos jovens que não é um problema só do povo de Hong Kong.
Houve também o agravante da crise financeira asiática em 1997, um dos maiores choques econômicos que a cidade sofreu desde a década de 1960. De repente, as pessoas perceberam que o capitalismo pode chegar a um limite, e foi a primeira vez que elas questionaram o livre mercado em Hong Kong. E tudo bem, qualquer coisa pode ser questionada. Mas, nos anos que se seguiram à crise, passei a ver mais gente pedindo para que o governo intervenha até em contratos privados e arque com as consequências das más decisões que elas mesmas tomaram. O governo é visto como alguém capaz de te salvar dos seus próprios erros. Em menos de 10 anos, veio a crise imobiliária dos Estados Unidos para acentuar a crença de que o mercado é inerentemente instável e não confiável, e a liberdade é apenas uma ilusão.
E tudo isso coincidiu com transferência de Hong Kong para Pequim. A China se aproveitou deste momento para agir de forma mais assertiva, apresentando-se como um modelo alternativo às democracias liberais. Então, de modo geral, acho que o Partido Comunista se aproveitou da insatisfação geral para fomentar essa transformação no tecido social de Hong Kong. Quando fundei meu grupo de estudos, estávamos realmente preocupados com a forma como as pessoas – especialmente os mais jovens – enxergavam o governo. Quando elas deixam de acreditar em si mesmas, precisam acreditar em alguma outra coisa, e é uma pena que essa coisa seja o Estado.
Por algum tempo após a transferência de Hong Kong do Reino Unido para a China, a cidade permaneceu como um território livre. Quando o senhor começou a perceber que as coisas haviam mudado?
Tendo em perspectiva o que já sabemos hoje, eu diria que os primeiros sinais vieram logo depois da devolução. Mas, considerando o que se via na época, eu diria que, pessoalmente, comecei a notar que as coisas estavam mudando em 2012, quando houve uma eleição para o cargo de chefe do Executivo na cidade.
Havia um candidato que já era parte do cenário político de Hong Kong há anos, com grande experiência como legislador e boa relação com Pequim. Era um dos oligarcas locais. Do outro lado, havia um candidato outsider, completamente desconhecido, e que era perfeitamente alinhado à retórica da China.
Como as eleições em Hong Kong não eram diretas, mas realizadas por um pequeno grupo de 1200 pessoas, acreditávamos que o primeiro candidato venceria com facilidade. Eis que, de repente, começam a surgir dezenas de escândalos envolvendo sua família e negócios, de modo que ele passou a ser visto como um criminoso em questão de meses. É evidente que um oligarca pode estar envolvido com operações ilícitas, então nós assistíamos a tudo como quem assiste um grande drama. Mas, para mim, isso significava uma outra coisa.
Como eu sempre trabalhei com política, não conseguia deixar de pensar que aquela reviravolta significava que Pequim não confiava mais em seus antigos aliados na cidade. Como eles sempre estão no controle de tudo, nada acontece sem alguma razão, muito menos a eleição de um completo estranho para governar a cidade. Para mim, essa era a mensagem: Pequim não confiava nem mesmo nas figuras que Hong Kong que lhe juravam lealdade. O que, então aconteceria com o resto do povo? Mas as pessoas só começariam a se dar conta da mudança depois de 2014, quando o serviço secreto chinês efetivamente começou a fechar editoras de livros – o que já estava muito além da nossa imaginação.
Como o senhor chegou ao empresário Jimmy Lai e ao Apple Daily?
Comecei a trabalhar no Apple Daily porque fundei um centro de estudos para defender o livre mercado e procurei Jimmy porque sabia que ele estava ao nosso lado, ideologicamente. Foi então que ele me disse: “se você acredita no livre mercado, precisa de um negócio sustentável, e não apenas uma organização sem fins lucrativos. Caso contrário, não haverá futuro para vocês”. A segunda coisa que ele me disse, e que me marcou bastante, foi: “se você vai lutar pela liberdade, prepare-se para se sentir só”. Então, ele me convidou a entrar no jornal.
Tudo isso aconteceu em 2005. Eu comecei a trabalhar como editorialista e, em alguns meses, ele me pediu para contratar outra pessoa, também pró-mercado, para a mesma função, e me transferiu para a equipe comercial. Pelos anos seguintes, consegui montar uma pequena equipe de repórteres e editores, de modo que a coluna se tornou uma atividade paralela. Meu trabalho principal era transformar o jornal em uma empresa de mídia digital sustentável, e esta é uma das conquistas das quais mais me orgulho. Até hoje, muitos antigos assinantes do Apple Daily se recusam a deletar o aplicativo do celular porque gostam de ver o símbolo ali.
O senhor acredita que o Apple Daily teve sucesso em espalhar as ideias do livre mercado?
Eu não diria que o Apple Daily foi impecável. O jornal tinha seus próprios problemas: tínhamos alguns inimigos e muitas pessoas não gostavam de nós porque achavam o jornal pouco refinado. Alguns diziam que era um tabloide, o que eu acho que é um exagero. Era um jornal popular, com seus erros e acertos típicos. Culturalmente falando, acho que o Apple Daily criou muitas tendências interessantes: nós transformamos a linguagem do dia a dia das pessoas, muitas expressões que hoje estão na boca do povo foram inventadas por nós. Diria que viramos parte da identidade cultural de Hong Kong.
Nosso objetivo tampouco era ensinar Hayek às pessoas; mas eu diria que fizemos o tipo de coisa que Hayek aprovaria ao construir um negócio rentável. Logo nos primeiros meses depois de lançarmos uma assinatura digital paga, reunimos mais de 600 mil assinantes, enquanto o New York Times levou anos para atingir esse número. Considerando que Hong Kong tinha algo em torno de 7 milhões de habitantes, acho que fomos bem-sucedidos.
A perseguição à liberdade de expressão em Hong Kong também começou gradualmente? Como foram os últimos dias de vida do Apple Daily?
A mídia de Hong Kong foi bastante livre até meados de 2008, 2009. Eu me lembro da primeira vez em que um comentarista local recebeu um “aviso” de funcionários de Pequim, num tom de “ei, sabemos que você tem familiares na China, então é melhor ter mais cuidado com o que fala, para não os envergonhar”. Mas, até então, eram ameaças vazias, sem qualquer consequência.
O primeiro evento realmente perturbador aconteceu com uma editora de livros de Hong Kong, cujos funcionários foram sequestrados e enviados para Pequim, em meados 2016. O caso dos livreiros de Causeway Bay foi alarmante e marcou o momento decisivo no qual as pessoas perceberam que não era mais seguro ser abertamente contra o Partido Comunista na cidade.
Quanto ao Apple Daily, nós recebemos dezenas de ameaças por anos e ignoramos todas, até o dia em que um grupo de colegas foi preso. Insistimos no trabalho por mais uma noite e, no dia seguinte, a polícia prendeu um editorialista, depois o CEO, o CFO e o editor-chefe. Prosseguimos: colocamos outro editor no lugar e, ao amanhecer, mais colegas foram presos. Naquela noite, batemos o martelo: “é isso, esta é a última edição”. Foi muito triste, estávamos muito emotivos – e o responsável por esta edição também foi preso em seguida.
Toda a equipe do Apple Daily que foi pega pela polícia continua na cadeia, acusada de “conluio com potências estrangeiras para derrubar o governo chinês”, o que é, em si mesmo, um absurdo. Até onde sei, a maioria deles pretende se declarar culpada, pegando pena de cinco a sete anos de prisão, porque sabem que o veredito já está definido. Caso contrário, podem passar o resto da vida na cadeia. E o pior de tudo é: ainda que eles sobrevivam à prisão, o que farão depois, sem a menor chance de conseguirem um emprego ou viverem dignamente no país?
Na sua visão, qual é o futuro de Hong Kong? Existe alguma saída possível para o conflito?
Acho que o destino de Hong Kong depende do que vai acontecer com a China. Estamos testemunhando um fechamento econômico gigantesco, que pode levar o país ao colapso e, nos últimos 30 anos, Hong Kong desempenhou uma função importante para o Partido Comunista. Perceba como, ao final da década de 1980, o governo chinês se sustentou no poder, a despeito do colapso soviético. A única diferença que explica a sobrevivência do PCC diante da queda da URSS é o fato de os sovietes não terem uma província que ajudasse o regime a fazer a transição do modelo ultrapassado para uma versão mais cosmopolita da economia planejada que eles necessitavam para sobreviver. Hong Kong, portanto, ajudou a China a sobreviver – mesmo durante a crise asiática, a cidade foi essencial para resolver o problema de liquidez dos chineses.
Considerando que o governo da China está altamente endividado e mergulhado em uma crise financeira terrível – o que não é nenhum choque -, penso que a saída para o conflito está atrelada ao quanto Pequim ainda vai precisar de Hong Kong. A cidade não voltará a ser o que era há cinco ou dez anos atrás, a única esperança é que a deterioração econômica desacelere.
Como o senhor vê a atração da juventude chinesa pelo Partido Comunista Chinês?
Primeiro, é preciso ter em mente que a China que conhecemos por fora, a partir de Pequim ou de Shanghai, é muito, muito superficial: representa no máximo 15% ou 20% da população. Os 80% restantes são muito pobres, vivem com até 150 dólares por mês e não têm qualquer acesso à educação ou informação. Essas pessoas não estão nem aí para o partido ou para Xi Jinping: elas querem sobreviver. Não há lealdade a nada.
Agora, entre esses 20%, há muita gente que prosperou por causa do partido, efetivamente se aproveitando da mão de obra barata fornecida pelo resto da população miserável, em primeiro lugar. Em outras palavras, eles morrem de medo de que o PCC colapse e os outros 80% os comam no café da manhã. Portanto, um partido forte é do interesse deles e, por isso, estão dispostos a comprar qualquer narrativa.
O senhor acha que o Ocidente está respondendo aos abusos da China e do Partido Comunista à altura?
É óbvio que não. É urgente que seja traçado um limite para lidar com os abusos da China, especialmente com relação à política internacional. É um absurdo que a Nancy Pelosi (presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos) visite Taiwan e a China simplesmente “resolva” fazer um teste de mísseis. É contra a lei internacional, mas ninguém parece se importar em responder “ei, China, você simplesmente não pode fazer isso”. Ainda que Taiwan fosse parte do país como eles alegam, é injustificável.
Mas, além disso, o que realmente me preocupa não é a forma como vamos corrigir a China, que não irá mudar agora. Nós é que não podemos ficar mais parecidos com ela, e é o que está acontecendo, especialmente depois que os países ocidentais importaram todas as medidas pandêmicas de Pequim, infectando sua política com o autoritarismo, mais do que com a própria Covid.
Xi-Jinping é o Mao Tsé-Tung dos tempos modernos?
Boa pergunta. Ele é diferente. Para mim, se Xi Jinping fosse realmente tão poderoso, ele não precisaria enfatizar isso com tanta frequência. Lembre-se que a razão pela qual Mao iniciou a Revolução Cultural foi porque havia diferentes facções dentro do PCC em conflito. Portanto, eu penso que é preciso abandonar a ilusão de que qualquer ditador pode ser esmagadoramente poderoso sem a necessidade de chegar a algum tipo de consenso com o povo. É o interesse coletivo do PCC que importa, no fim das contas.
Um dos problemas com Mao e Xi têm em comum é justamente o mecanismo de transição de poder. Quando Mao estava velho, a política chinesa virou um caos absoluto. O ditador apontou seus sucessores, eles brigaram entre si, há boatos de que houve assassinatos. Um caos completo. Xi Jinping enfrentará um cenário parecido: afinal, por quanto tempo ele pretende ficar nessa posição? Quanto mais tempo ele fica, mais poder e energia precisa gastar para se salvar. Este é o dilema: sem um mecanismo de transição pacífica de poder, toda nação se torna mais violenta e imprevisível. Não penso, portanto, que Xi Jinping é necessariamente a pessoa mais poderosa na China. Acho até que pode ser a mais vulnerável.
Pode haver, então, alguma esperança para a China?
Há, sim. Mas a um longo, longo prazo – e depois de uma perda gigantesca e desnecessária de muitas vidas.
FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/a-democracia-morre-nas-sombras-como-a-ditadura-chinesa-acabou-com-o-jornal-mais-popular-de-hong-kong/
Sem aulas e sem bancos: Argentina faz feriado após ataque a Cristina Kirchner
Pouco antes da meia-noite (horário local), o presidente Alberto Fernández decretou feriado para esta sexta-feira (2) no país, depois que a vice-presidente, Cristina Kirchner, sofreu um ataque na Recoleta, bairro nobre de Buenos Aires. Fernando Andrés Sabag Montiel, brasileiro de 35 anos, tentou atirar contra o rosto da também ex-presidente argentina.
Fernández explicou que aplica o feriado “para que, em paz e harmonia, o povo possa se expressar”. A medida afetará escolas, transportes, bancos e serviços públicos.
O Banco Central da República Argentina (BCRA) confirmou através de um comunicado oficial que durante esta sexta-feira não haverá serviços em bancos ou mercados em todo o país.
O transporte público funcionará com horários reduzidos de domingo. Como em outros feriados, as agências e escritórios municipais, provinciais e nacionais permanecerão fechados.
FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/sem-aulas-e-sem-bancos-argentina-faz-feriado-apos-ataque-a-cristina-kirchner/
O PIB continua avançando
Depois de um primeiro trimestre ainda marcado por ondas fortes de contágio da Covid-19, com a variante ômicron, a normalização da atividade econômica mostrou que a indústria e os serviços estão ganhando força. Com elevação de 2,2% e 1,3% respectivamente, os dois setores foram os “puxadores” do crescimento de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste segundo trimestre em comparação com os primeiros três meses do ano. O número veio acima das expectativas do mercado, que deve revisar ainda mais para cima as projeções para 2022. O resultado é animador, pois vem sobre uma base de comparação que já não é tão deprimida quanto as de tempos atrás, quando os efeitos da pandemia e das medidas restritivas ainda eram intensos, e avanços significativos acabavam não passando de um retorno a patamares anteriores ao caos econômico.
O setor de serviços já tinha sido importante no desempenho do primeiro trimestre, quando cresceu 1%, para um avanço do PIB de mesma magnitude. Já o resultado da indústria, neste período de abril a junho, foi significativamente melhor que o do trimestre anterior, quando havia ficado em apenas 0,1%. Para completar a chamada “ótica da oferta”, é importante ressaltar a recuperação do agronegócio, que voltou a crescer 0,5% no segundo trimestre depois de ter recuado 0,9% nos três primeiros meses do ano, graças a fatores climáticos que prejudicaram safras importantes.
O resultado do PIB do segundo trimestre de 2022 é animador, pois vem sobre uma base de comparação que já não é tão deprimida quanto as de tempos atrás
Em outra ótica de cálculo do PIB, a da demanda, percebe-se a importância do consumo das famílias, que subiu 2,6% em comparação com o primeiro trimestre. Este número caminha lado a lado com o crescimento do setor de serviços, pois eles são parte importante do gasto familiar, e a procura vem crescendo à medida que as restrições da pandemia ficam para trás e a população tem mais segurança em sair às ruas e aumentar as atividades que incluem o contato pessoal. Ainda mais digna de nota é a elevação da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), termo que designa o investimento no setor produtivo, que cresceu 4,8% neste segundo trimestre. Com isso, a taxa de investimento subiu para 18,7% do PIB. Como a Gazeta repetidamente afirma neste espaço, um país como o Brasil precisa elevar essa taxa a 25% do PIB se quiser ser capaz de aumentar substancialmente a renda média da população e se tornar uma nação desenvolvida, e a busca pelos meios para aumentar o investimento precisa estar no radar de todos os candidatos a cargos executivos e legislativos nas eleições de outubro.
Para o segundo semestre, as previsões também são de crescimento, embora a um ritmo menor. Há um cabo de guerra entre melhora no mercado de trabalho, retomada de atividades pós-pandemia e medidas governamentais como o Auxílio Brasil e a liberação de saques do FGTS, de um lado; e inflação e juros altos, de outro. No primeiro semestre, prevaleceram os fatores de aquecimento da economia, mas os efeitos do aperto monetário, que inibe investimentos, devem começar a ser sentidos com mais intensidade nesta segunda metade de 2022, embora não a ponto de anular totalmente este bom momento – mesmo porque a elevação de R$ 400 para R$ 600 no Auxílio Brasil só passou a valer neste mês de agosto, ou seja, os dados do primeiro semestre não consideram esta nova injeção de recursos na economia.
O Brasil segue na contramão do mundo desenvolvido – os Estados Unidos já estão em “recessão técnica”, definida como contração em dois trimestres seguidos; a zona do euro também flerta com o recuo, especialmente com a perspectiva de queda forte no fornecimento de energia, desdobramento do ataque russo à Ucrânia e das sanções de várias nações europeias ao regime de Vladimir Putin. A crise dos países ricos pode se juntar aos fatores internos que atrapalham o crescimento brasileiro, especialmente porque a demanda externa por produtos brasileiros diminuiria. Curiosamente, um efeito colateral benéfico seria a redução da pressão inflacionária no Brasil – mas um crescimento menor não precisa ser o preço a pagar para termos também uma inflação menor; a retomada das reformas macroeconômicas pode ajudar o Brasil a atravessar a tempestade global sem ter de recorrer a truques como os da “nova matriz econômica” petista, que começou nos dando a “marolinha” em meio ao tsunami mundial de 2008-09, mas terminou com a maior recessão da história do país.
FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/o-pib-continua-avancando/
Mentiras, bobagens e gafes
Já pensaram como seriam os debates políticos, se houvesse um detector de mentiras infalível, do tipo que ninguém conseguisse enganar? Que apitasse na primeira lorota, a cada embuste, emitindo um extremo agudo “piiii”… Como o som que é usado para cobrir palavrões em reportagens de rádio e tevê. Não teríamos uma sinfonia, nada que agradasse aos ouvidos, mas seria melhor do que uma mentira atirada descaradamente, e que as regras dos debates não permitiriam que fosse rebatida de imediato. “Piiii”, “piiii”, “piiii”, essa seria a “trilha sonora”.
No primeiro encontro entre os principais candidatos a presidente da República, Lula não tentou negar a corrupção nos governos do PT, preferiu não comentar sua torcida pelo coronavírus, sua paixão por ditadores socialistas… Teria escapado, com seu silêncio, de provocar o apitaço do imaginado detector de mentiras. E, se a tecnologia permitisse também a identificação de bobagens proferidas, de gafes, o “piiii” teria sido ouvido quando Lula anunciou uma pergunta à candidata “Simone Estepe”. E, ainda, quando ele disse que “Dilma foi derrubada por causa de uma pedalada, mas não se fala nada da motociata”… No momento em que Lula travou, no melhor estilo Joe Biden, o aparelho talvez tivesse emitido… gargalhadas.
Já pensaram como seriam os debates políticos, se houvesse um detector de mentiras infalível, do tipo que ninguém conseguisse enganar? Que apitasse na primeira lorota, a cada embuste, emitindo um extremo agudo “piiii”…
Lula disse que foi preso para que Bolsonaro fosse eleito… “Piiii”! Afirmou que foi inocentado no Brasil… “Piiii”! E na ONU… “Piiii”! Desmatamento na Amazônia? O menor foi no governo dele… “Piiii”! Sem o detector de mentiras, bobagens e gafes, o petista acabou levando pancada de Ciro Gomes. O Cirão, que receberia Sergio Moro a tiros (mas fez discurso contra as armas… “Piiii”!), que já distribuiu xingamentos, agressões, que achou justo seu irmão jogar uma retroescavadeira contra policiais amotinados. “Chega de ódio”, disse Ciro. “Piiii”! “Eu quero reconciliar o Brasil…” “Piiii”! “Hora de me conectar com o seu coração…” “Piiii”!
O primeiro debate dos candidatos a presidente foi praticamente uma convenção de mulheres. Quase todas as perguntas foram delas. E viva a igualdade! Simone Tebet adorou, disse que precisamos de uma mulher para arrumar a casa… “Piiii”! Ela afirma sempre que mulher faz o que quer, mas só pode votar em mulher. “Piiii”! Soraya Thronicke concorda, sem pestanejar. Ela confessou que vira onça… “Piiii”! Mas, por via das dúvidas, pediu reforço de sua segurança… “Piiii”! Ninguém pode esquecer que o Brasil tem 75 mil feminicídios por ano… Estatística inventada por uma jornalista, que também mereceria um “piiii”.
Outra jornalista já sabe o que fez a cobertura vacinal contra doenças como a poliomielite cair no Brasil. E não tem nada a ver com as vacinas contra a Covid, que não imunizam… Ela já zombou da ex-ministra Damares, que sofreu abuso quando criança, e precisa decidir logo se quer igualdade no tratamento entre homens e mulheres, ou se é proibido confrontar mulheres com firmeza num debate. Foi criticada por sua militância, pelo ódio a um governo, não por ser mulher. Sua pergunta malandra, provocativa, com resposta falsa embutida, não faz parte do bom jornalismo. E o detector de mentiras, bobagens e gafes a pegaria também, num “piiii” irritante e redentor.
FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/luis-ernesto-lacombe/mentiras-bobagens-e-gafes/
Entrevista Murilo Varasquim, advogado de Luciano Hang
Estado Democrático de Direito ruiu na operação de perseguição a empresários
Estado Democrático de Direito ameaçado era a tese dos signatários daquela cartinha “pela democracia”, elaborada por professores de Direito da USP e divulgada em 11 de agosto, dia do advogado.
Estranhamente, os advogados que elaboraram a carta com o suposto intuito de alertar a sociedade para uma possível futura ruptura institucional após as eleições, estão calados diante dos absurdos que o Brasil vive agora.
Por sorte ainda há advogados dispostos a denunciar ataques reais, e não imaginários, ao Estado Democrático de Direito. Na manhã desta quinta-feira (1), conversei com um deles.
Murilo Varasquim, faz parte da equipe jurídica que defende o empresário Luciano Hang tanto das acusações atuais, de planejar um suposto “golpe contra a democracia”, quanto das antigas, de produzir “fake news”.
Falsas acusações
Hang foi um dos oito empresários surpreendidos na última terça (28) pela “visita” de policiais federais, a mando do ministro do STF Alexandre de Moraes para uma operação de busca e apreensão. Como num conto ficcional, queriam achar provas de um crime que sequer aconteceu.
Não preciso me repetir, porque o noticiário é farto. O Brasil inteiro ficou boquiaberto com a notícia de que empresários, que tiveram uma conversa de WhatsApp vazada para um jornalista futriqueiro, foram obrigados a entregar celulares para a polícia.
Alguns, como é o caso de Hang, tiveram contas bancárias e perfis de redes sociais bloqueados. Todos foram difamados no jornal por causa de uma troca de mensagens que continha a palavra “golpe”, mas o que diziam lá está muito claro. Jamais poderia ser interpretada como uma orquestração de golpe ou incitação a golpe.
A suposição, levantada pelo jornal, porém, foi esta a base do pedido de busca e apreensão na casa e em escritórios dos empresários. O suposto crime foi um deles ter dito, na conversa por aplicativo de mensagens, que preferia “viver sob golpe do que a volta do PT ao poder”.
Hang sequer comentou a mesnagem. Fazia meses que nem mesmo interagia com o grupo. Aparentemente, virou alvo de busca e apreensão apenas porque estava entre os integrantes do grupo de WhatsApp e já constava como investigado no famigerado inquérito das Fake News.
Entrevista
Na entrevista, em vídeo, o advogado Murilo Varasquim faz revelações impressionantes, que não deixam dúvida quanto à ruptura do Estado Democrático de Direito.
Além da acusação sem sentido de possível orquestração de atentado contra a democracia, os empresários foram vítmas de invasão ilegal de privacidade e cerceamento da liberdade de expressão, com a censura das redes sociais.
Outra irregularidade foi o bloqueio de contas bancárias, sem haver sequer pedido por parte da polícia federal ou do Ministério Público para que isso ocorresse.
É aquela máxima jurídica: quando você olha muito tempo para o absimo, o abismo olha pra você; o que sgnifica dizer que, a partir do momento que eu adoto uma postura de defender o Estado Democrático de Direito a qualquer custo, eu passo a praticar atos de igual modo àqueles que querem destrui-lo.”
Murilo Varasquim, advogado de Luciano Hang
“Repito: há um respeito muito grande dos advogados e do Luciano Hang pela pessoa do ministro, mas nós não podemos concordar com a censura praticada sem nenhum resquício de legalidade para essa situação.”
“A polícia federal, conforme já noticiado pela imprensa, não solicitou o bloqueio das contas financeiras e tampouco das redes sociais dos empresários, ou seja, a decisão agiu, inclusive, sem um requerimento da própria autoridade policial. Nós entendemos que é uma ilegalidade que tem que ser contida.”
Assista à entrevista clicando no play da imagem que ilustra esta página. Depois registre suas impressões e deixe um comentário para acrescentar mais reflexões ao debate. Como você se sente diante de mais esta notícia de perseguição a pessoas que não cometeram crime algum e sequer têm foro privilegiado para serem investigadas e julgadas por ministros do STF?
FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/cristina-graeml/estado-democratico-de-direito-ruiu-na-operacao-de-perseguicao-a-empresarios/
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