O presidente Jair Bolsonaro oficializou sua candidatura à Presidência da República neste domingo (24) na convenção nacional do PL, realizada no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Em seu discurso a milhares de apoiadores, falou sobre sua trajetória política, destacou as realizações de sua gestão, fez aceno às mulheres e também criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, de forma indireta, o Supremo Tribunal Federal (STF). A convenção também confirmou o general Braga Netto (PL), ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo federal, como candidato a vice na chapa.
Como foi articulado entre Bolsonaro e seu núcleo de campanha, o presidente apostou em um discurso emotivo. Lembrou de sua trajetória de 2014 até a candidatura à Presidência da República, em 2018, o atentado sofrido em Juiz de Fora (MG) e lamentou as mortes por Covid-19.
O presidente também falou sobre diferentes feitos de sua gestão, como o pagamento do Auxílio Emergencial, a criação do Auxílio Brasil, a conclusão da obra da transposição do Rio São Francisco, além de outras entregas na área de infraestrutura pelo país.
Também não faltaram declarações críticas – tanto às gestões petistas e ao ex-presidente Lula como a governadores, sobretudo do Nordeste, por causa das divergências sobre a condução do enfrentamento à pandemia da Covid-19.
O presidente fez críticas indiretas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). E, numa ocasião em que citou o STF, a plateia vaiou a Corte, aos gritos de “supremo é o povo”.
Bolsonaro aposta em discurso sobre combate à fome e benefícios sociais
Bolsonaro fez muitos acenos à população mais pobre durante seu pronunciamento na convenção do PL. A expectativa de coordenadores eleitorais é de que, com um discurso mais sensível e propositivo, ele possa ampliar sua base de votos. Para isso, ele ocupou parte de seu discurso para falar sobre o pagamento do Auxílio Emergencial, Auxílio Brasil e dos esforços para assegurar a segurança alimentar.
O presidente comentou que, em 2020, foram gastos com o Auxílio Emergencial o equivalente a 15 anos de Bolsa Família. “Como que esse governo não pensa nos mais pobres?”, questionou.
Na sequência, Bolsonaro falou sobre o Auxílio Brasil, que substituiu o antigo programa Bolsa Família, e fez questão de frisar que os benefícios mensais pagos pelo programa criado em sua gestão superam o anterior. “O governo, dentro da responsabilidade fiscal, no ano passado, extinguiu o Bolsa Família que pagava, em média, R$ 190. Tinham mulheres ganhando R$ 80. Passaram a ganhar, no mínimo, R$ 400”, destacou. “E, agora, com apoio do nosso Parlamento, de deputados e senadores, passamos para R$ 600”, acrescentou, em referência à aprovação da Emenda Constitucional 123/22 (PEC Emergencial), que ampliou recursos para programas sociais.
O presidente também afirmou que vai trabalhar para manter as transferências do Auxílio Brasil em R$ 600 a partir de 2023. “Conversei essa semana com o [ministro da Economia] Paulo Guedes. Esse valor será mantido a partir do ano que vem”, declarou.
Bolsonaro também falou sobre os esforços do governo para evitar a inflação de alimentos e assegurar às famílias a compra de produtos essenciais. Ele falou sobre sua viagem à Rússia para negociar a compra de fertilizantes e elogiou o trabalho exercido pela deputada federal Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura, para atenuar os impactos da guerra na Ucrânia ao Brasil.
“Essa mulher é a que faz a diferença. Garantiu nossa segurança alimentar, bem como segurança alimentar de mais de 1 bilhão de pessoas do mundo”, comentou. Bolsonaro citou que a presidente da Organização Mundial do Comércio (OMC) veio a Brasília há três meses para pedir apoio ao Brasil para ampliar a produção de alimentos. “Conversamos por uma hora. E [ele] declarou: sem o Brasil, o mundo passa fome”, afirmou o presidente.
Quais acenos às mulheres Bolsonaro fez ao longo de seu discurso
Como também era previsto pela campanha presidencial, Bolsonaro fez gestos às mulheres, eleitorado considerado imprescindível.
Primeiro, comentou sobre a titulação de terras agrárias em seu governo e disse que foram concluídas 370 mil entregas de propriedades tituladas. “Dos 370 mil títulos, 90% são de mulheres. Homem no meu governo só tem título se ele for solteiro ou viúvo. Sendo casado ou vivendo em união estável, o título vai para elas. Elas sabem melhor cuidar desse negócio”, declarou.
A primeira-dama Michelle Bolsonaro fez uso da palavra e, com muitas referências religiosas e a Deus, fez acenos às mulheres e lembrou de quando o marido sofreu o atentado há quase quatro anos, em Juiz de Fora (MG). Também defendeu a reeleição do presidente. “A reeleição não é por um projeto de poder como muitos pensam. Não é por status, porque é muito difícil estar desse lado. A reeleição é por um propósito de libertação, por um propósito de cura para o nosso Brasil”, disse Michelle.
Quais críticas o presidente fez a Lula e a outros opositores
Ao falar sobre a titulação de terras, Bolsonaro também aproveitou para criticar o Movimento sem Terra (MST) e destacar as diferenças de titulação de terras entre seu governo e as gestões petistas. “Essas pessoas que integravam o MST eram posseiros. Eles não eram donos da sua terra. Passava um ônibus ou um caminhão, esse pessoal era obrigado a embarcar e invadir uma propriedade que nem sabia onde ficava, os motivos ou a razão. E se não fizesse isso, perdia a posse de sua terra”, declarou.
O presidente disse ainda que não houve corrupção em três anos e meio de sua gestão. “Se aparecer, vamos colaborar nas investigações”, declarou.
Bolsonaro disse que a CPI da Covid não identificou nenhuma corrupção e o acusou de “corrupto virtual”. “Queriam comprar a vacina Covaxin, mas não quiseram apurar o consórcio do Nordeste [formado por governadores da região para comprar insumos para combater a Covid], onde desviaram R$ 50 milhões e não compraram um respirador sequer. Teve nordestino que morreu asfixiado por falta de respirador”, declarou.
O presidente aproveitou para criticar de forma velada o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, embora tenha se confundido e dito que o parlamentar era o presidente do colegiado. “Nós sabemos do caráter do presidente da comissão. O caráter desse presidente da comissão, que foi ministro da Justiça de Fernando Henrique. Que foi procurado pelo então sindicalista Lula para botar em liberdade dez sequestradores. E chamou os sequestradores de meninos, que se equivocaram quando fizeram o sequestro”, disse, referindo-se aos sequestrados do empresário Abílio Diniz, que eram militantes da esquerda do Chile.
Os apoiadores presentes vaiaram Lula e entoaram em coro “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”. Bolsonaro acusou o ex-presidente de defender roubo de celulares e ironizou o petista de falar em resolver a situação da guerra na Ucrânia “tomando uma cerveja”. Também falou que Lula quer “legalizar o aborto”.
“Esse mesmo cara que quer legalizar o aborto no Brasil. Esse mesmo cara que quer legalizar as drogas no Brasil. Será que esse cara sabe quanto sofre uma mãe quando um filho se entrega às drogas? Será que ele sabe o sofrimento da mãe com essa criança no mundo das drogas? Esse mesmo cara que, em decreto de 2019, além de querer a desconstrução da heteronormatividade, criou o que se chama ideologia de gênero”, disse Bolsonaro.
Em críticas à ascensão de presidentes da esquerda em países da América do Sul, Bolsonaro disse que quer “trazer o jovem de esquerda para o nosso lado”. “Temos que mostrar o que ele vai perder com o seu candidato”, comentou, em referência a Lula. Bolsonaro fez críticas às gestões de Chávez e Maduro na Venezuela e alertas sobre a situação econômica na Argentina, presidida por Alberto Fernández.
“Olha para onde está indo a nossa Argentina, a sua economia, um país próspero. 50% da população está próxima da linha da pobreza”, comentou. “Olha para onde está indo o Chile, cuja primeira medida do presidente eleito foi acabar com seus carabineiros, sua polícia militar. Olha nossa Colômbia, onde elegeram um guerrilheiro. Um dos serviços mais procurados na Colômbia atualmente é o de passaporte, as pessoas querem sair do seu país”, complementou.
Também em referência ao “jovem de esquerda”, Bolsonaro disse que “seu candidato”, Lula, “prega o controle social da mídia”. “Diz que quer regulamentar as mídias sociais. Quero dizer a esse jovem que país como Coreia do Norte, Cuba, a internet só é acessada para você ver conteúdos do governo. Você não tem liberdade. Esse jovem quer perder a sua liberdade nas mídias sociais?”, questionou.
Quais as críticas e indiretas de Bolsonaro a ministros do STF
Além de críticas a opositores políticos, o presidente da República também fez críticas indiretas ao STF, ainda que sem citações nominais. Na ocasião, convocou seus eleitores para saírem às ruas em 7 de setembro, período que antecede em quase um mês o primeiro turno das eleições, em 2 de outubro.
“Convoco todos vocês, agora, para que todo mundo vá às ruas pela última vez no 7 de setembro. Estes poucos surdos de ‘capa preta’ têm que entender o que é a voz do povo”, declarou Bolsonaro, em crítica velada a ministros do STF, que usam capa preta nas sessões de julgamentos. “[Eles] têm que entender que quem faz as leis é o poder Executivo e o Poder Legislativo. Todos têm que jogar dentro das quatro linhas da Constituição”, declarou.
A crítica aos ministros ocorreu após ele citar o STF no início do discurso e conter palavras para que dar voz aos apoiadores, que entoaram o discurso de que “supremo é o povo”. O presidente destacou que o Executivo e o Legislativo são “irmãos” e alfinetou o Supremo. “Nós temos que respeitar a Constituição, jogar dentro das quatro linhas, que pese um ou outro de fora estar dando tijolada para dentro do campo. Vamos superando tudo isso aí”, comentou.
Ao convocar os apoiadores para 7 de setembro, Bolsonaro manifestou o desejo por “paz, tranquilidade, respeito à Constituição, respeito às leis e interdependência entre os poderes”. “Queremos harmonia, prosperidade e gerar alegria para vocês. Isso não é fácil. Mas quem deve dar o norte para nós é o povo brasileiro. Tenho certeza que aquilo que vocês querem será atingido”, disse.
“A maioria dessas pessoas querem o nosso bem. Não podemos simplesmente deixar as coisas acontecerem. Não é fácil você tentar mudar algo que vinha torto há décadas, mas dá para mudar o destino de um Brasil, como estamos mudando”, acrescentou Bolsonaro.
O presidente evitou fazer novas críticas ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas, mas fez defesas pontuais por mais “transparência” às eleições. Em fala direcionada a Braga Netto e aos apoiadores, disse que o “exército do povo” é o “exército que está ao nosso lado e que não admite corrupção, não admite fraude” e que “quer transparência, que quer respeito”.
Bolsonaro confirma Braga Netto como vice na chapa
Ao longo de seu discurso, Bolsonaro confirmou o general Braga Netto com seu vice e elogiou o militar. “O vice é a solução do problema e eu escolhi, sim, um general do Exército brasileiro, que vocês o conhecem muito bem por ocasião da intervenção aqui no Rio de Janeiro”, declarou.
Em gesto ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), presente no evento, Bolsonaro destacou a atuação de Braga Netto enquanto interventor federal da segurança pública do estado do Rio de Janeiro, em 2018. “Um estado, à época, tomado pelo caos. Ele recebeu a missão de intervir no estado e fez um trabalho fantástico no nosso Rio de Janeiro. Muitas consequências positivas o Cláudio Castro hoje colhe”, disse.
O presidente também sinalizou alinhamento com Braga Netto ao demonstrar que confia no militar para compor a chapa. “O vice é aquela pessoa que tem que estar ao teu lado nos momentos difíceis, o vice não pode ser aquela pessoa que conspire contra você”, declarou.
O general quatro estrelas ocupou postos de destaque no governo, incluindo no período da pandemia, ressaltou Bolsonaro. “O coloquei como chefe da Casa Civil, posto que, agora, o senador Ciro [Nogueira] ocupa com muito zelo, fazendo a negociação com o mundo político”, disse.
“Depois eu o coloquei no Ministério da Defesa. Ele pegou a pandemia quando ocupava a Casa Civil e a Defesa. Fez o seu trabalho, juntamente com o ministro da Saúde na época [Eduardo Pazuello], depois o [Marcelo] Queiroga que está aqui, levando meios para o Brasil todo”, acrescentou.
O presidente também fez elogios e acenos às Forças Armadas. “A gente vê no semblante do militar a vontade dele em servir a sua pátria. Esse é o espírito que levamos para dentro do Poder Executivo”, disse. Em outra ocasião, defendeu as indicações de militares em seu governo. “Falaram que botei muito militar, acho que não botei muito, botei o suficiente. Mas se fosse para botar bandido vocês tinham votado no outro candidato”, declarou.
Convenção também tem acenos a aliados políticos
Além de confirmar Braga Netto como vice, Bolsonaro também fez muitos acenos a aliados políticos. O mais afagado foi o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ao citar o aliado, o chefe do Executivo federal disse ter sido ele o principal responsável pela aprovação do projeto que originou a lei que fixa um “teto” para o ICMS incidido sobre os combustíveis.
“Zeramos impostos federais, de gás de cozinha, desde o ano passado, de diesel, há quatro meses, e foi colocado um teto do ICMS que é o imposto estadual, não apenas para combustível, mas para energia elétrica, para as comunicações e para o transporte. Temos certeza, teremos deflação no corrente mês. Se não é o Arthur Lira, esse cabra da peste de Alagoas, não teríamos chegado a esse ponto. Obrigado, Lira, obrigado deputados e senadores”, comentou Bolsonaro.
O presidente lembrou de seus 28 anos como deputado federal e elogiou na sequência o ministro das Comunicações, Fábio Faria, deputado federal filiado ao PP eleito pelo estado do Rio Grande do Norte, que liderou as articulações para a implementação da tecnologia 5G no Brasil.
“É o homem que negociou o 5G para o Brasil, que a garotada tanto gosta de jogar, vai jogar 5G no Brasil, além de muitas coisas fantásticas com o 5G. Como estivesse com o senador Ciro, no estado dele, Piauí, uma fazenda em 5G, onde a precisão na direção das máquinas está na casa de dois centímetros”, comentou.
O chefe do Executivo também fez elogios a Rogério Marinho (PL), ex-ministro do Desenvolvimento Regional e pré-candidato ao Senado por Rio Grande do Norte, ao comentar que foi ele o responsável pela conclusão das obras da transposição do Rio São Francisco.
“Era para ter acabado [as obras] em 2010. Passou para 2012, 2014, 2016. A obra transpôs apenas dinheiro para o bolso de corruptos, e não água. Concluímos isso. Água em grande parte do nosso Nordeste é uma realidade. Também o nosso Exército, com a Codevasf, fura dezenas de postos todos os meses levando dignidade a essas pessoas”, destacou.
Bolsonaro também citou Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura e pré-candidato ao governo de São Paulo, e elogiou a gestão de seu ex-auxiliar. “Também no Ministério do Tarcísio fez ressurgir o modal ferroviário. Daqui a três meses, no máximo, se inaugura a ferrovia Norte-Sul, 4,1 mil quilômetros que vão baratear o preço de produtos em todo o Brasil”, sustentou.
Fonte: Gazeta do Povo
URGENTE: Adélio pode ganhar liberdade
Uma nova perícia médica foi marcada para Adélio Bispo.
Vai acontecer nesta segunda-feira (25) e será determinante para a soltura ou não do autor da facada em Jair Bolsonaro em 2018.
A avaliação será feita por peritos da Justiça Federal no Presídio de Campo Grande (MS).
Segundo informações, os trabalhos já iniciaram e podem ir até às 18h. Todo o processo será importante para definir se ele é um individuo de periculosidade (oferece risco).
Justamente nesse período pré-eleitoral, Adélio pode estar nas ruas…
Dá para acreditar nisso?
Algo insano e de uma irresponsabilidade sem igual.
Histórico de abusos nas viagens do STF tem passagens para esposas de ministros
Gastos abusivos e falta de transparência na compra de passagens aéreas não são novidades no Supremo Tribunal Federal (STF). Decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), em 2019, registra a compra de bilhetes para esposas de cinco ministros para o exterior, na 1ª classe, de 2009 a 2012, num valor total de R$ 1 milhão (em valores atualizados). Eram os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski e três ministros aposentados, Ayres Brito, Cezar Beluso e Eros Grau.
A Secretaria de Controle Externo (Secex) de Administração concluiu que a emissão de passagens aéreas internacionais para cônjuges ou companheiros de ministros do STF, apesar de prevista no regimento interno da corte, não encontrava amparo em leis e normas que regem a representação ou cerimonial no exterior. “Não tem fundamento legal a realização de despesas de viagens por pessoas não vinculadas à administração pública, na medida em que não exercem qualquer atividade relacionada ao interesse do serviço e, consequentemente, que tenha como objetivo o interesse público”, registra o Acórdão 1794/2019.
Na ocasião, o plenário do TCU determinou o sigilo do processo pelo prazo de cinco anos, contados a partir de 9 de dezembro de 2014, a vencer, portanto, em dezembro 2019.
O STF pagava as passagens das esposas de ministros com base na Resolução 545/2015, de sua própria autoria, que previa, nas viagens ao exterior, as categorias de transporte aéreo a serem utilizadas, com 1ª classe para ministro e respectivo cônjuge, “quando indispensável sua presença”, nos afastamentos do ministro para representação do Tribunal em eventos de caráter protocolar ou cerimonial no exterior.VEJA TAMBÉM:
As mesmas cotas no TCU e STJ, diz STF
Em sua defesa perante a corte de contas, o STF afirmou que as cotas de passagem dos ministros da corte, relacionadas à representação institucional, tinha a mesma natureza das que eram destinadas às autoridades do TCU (Resolução 225/2009) e ministros do Superior Tribunal de Justiça (Resolução 10/2014, com redação dada pela Resolução 21/2018), órgãos cuja jurisdição alcança todo o território nacional.
A Secex respondeu nos autos: “A notícia de que o TCU e o STJ adotam a prática não tornam os atos regulares. Considerando que, além do STF, outros órgãos podem estar adotando a prática de pagamento de passagens e diárias desvinculado do interesse do serviço, seria oportuno ao TCU firmar entendimento pela ilegalidade da concessão de diárias e passagens sem a devida comprovação do interesse do serviço, por falta de amparo legal”.
Questionado pelo blog, o STJ enviou cópia da sua Resolução 10/2014. Em seu artigo art. 5º, o documento registra que as passagens aéreas serão emitidas “exclusivamente” em nome dos ministros, desembargadores convocados, juízes auxiliares e juízes instrutores. O STF destacou que a resolução citada “não previa a compra de passagens para esposas ou familiares de ministros”. O TCU enviou o texto da Resolução 225/2009. Não há na resolução qualquer precisão de compra de passagens para cônjuges de ministros.
O STF informou, no processo do TCU, que desde 2014 as aquisições de passagens no STF já estavam restritas a ministros, juízes, servidores e colaboradores eventuais. Acrescentou que as informações sobre passagens e diárias estavam divulgadas na página de transparência do Tribunal e que a norma que disciplina a matéria seria alterada no primeiro semestre de 2019.
O acórdão 1794/2019 registra que o processo no tribunal decorreu da aprovação, no plenário da Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados, de requerimento de autoria dos deputados Sibá Machado (PT/AC) e Edson Santos (PT/RJ), elaborado com fundamento em reportagem veiculada pelo jornal “O Estado de São Paulo”. Foi apensado aos autos representação dos então deputados Amauri Santos Teixeira e Fernando Dantas Ferro, que tratam dos mesmos fatos.
A reportagem do Estadão apurou que o Supremo gastou 2,2 milhões com a compra de passagens de 2009 a 2012, sendo R$ 1,5 milhãopara voos internacionais. Foram destinados R$ 608 mil todos (valores nominais) para compra de bilhetes das esposas dos cinco ministros para o exterior.VEJA TAMBÉM:
Passagens nas férias
Os ministros também usaram passagens pagas com verbas públicas durante o recesso, quando estavam de férias. Foram R$ 259 mil gastos em viagens nacionais e internacionais. Esse fato levou o TCU a discutir naquele processo também o estabelecimento de cota de passagens aéreas não vinculadas a objeto de serviço, a ser utilizada por ministros.
Foi bastante severa a reação do corpo técnico do TCU aos abusos na compra de passagens pelo STF, como demonstram os autos. A Secex destacou que, apesar de prevista no regimento interno da corte, a compra de passagens para cônjuges “não encontrava amparo em leis e normas”. Mas a decisão dos ministros no plenário da corte foi branda.
O TCU decidiu que a concessão de passagens a ministros e servidores deve ficar restrita às viagens vinculadas ao serviço ou motivadas por interesse institucional. No caso de passagens decorrentes de cotas anuais a ministros, a concessão deve ser vinculada a objetivo de representação institucional.
O tribunal também determinou ao STF que, no prazo de até 90 dias, disponibilizasse na página do STF na internet as informações sobre concessão de passagens aéreas aos respectivos ministros, incluindo aquelas custeadas por meio de cotas para fins de representação institucional. Ninguém foi punido, não houve qualquer ressarcimento de recurso público.
Reportagem do blog mostrou que os voos dos ministros estão sob sigilo. Não é possível saber para onde vão, o que fazem nem quanto gastam. Esse sigilo foi adotado por questões de segurança, mas também esconde os gastos com passagens aéreas em viagens nacionais e internacionais. A página de “transparência” do STF permite apurar apenas as despesas com os seguranças e assessores que acompanham os ministros nas suas viagens. Na verdade, são gastos indiretos dos ministros.
Passagens restritas a ministros
Questionado pelo blog nesta semana sobre a compra de passagens para cônjuges de ministros, o possível ressarcimento dessas despesas e sobre as falhas na transparência do tribunal, o Supremo respondeu que, “conforme consta no mencionado processo do TCU, desde 2014 as aquisições de passagens ficaram restritas a ministros, juízes auxiliares e instrutores, servidores públicos e colaboradores eventuais (Resolução 454/2015). O processo – TC 016.536/2013-4 – se referia a episódios entre 2009 e 2012, conforme o acórdão”.
Além disso, após as recomendações do TCU, a Resolução STF 664/2020, atualmente em vigor, “passou a estabelecer que os ministros somente podem ter emissão de passagens para representação institucional. Não houve nenhuma determinação de devolução dos valores, conforme o acórdão do TCU, que é público”, afirmou o Supremo. O blog encaminhou perguntas aos ministros Mendes e Lewandowski. Não houve resposta
O também havia perguntado ao tribunal porque os voos de “representação institucional” dos ministros não constavam mais na sua página de Transparência. O tribunal afirmou que, “por um erro técnico, alguns dados recentes de viagens não haviam sido lançados na página da Transparência, mas já houve a devida atualização e todas as informações estão disponíveis. Sobre os questionamentos direcionados aos ministros, reiteramos que os normativos do STF não permitem a emissão de passagens para cônjuges”.
Quem pisoteia a bandeira está pisoteando nosso coração
Depois que aquela juíza gaúcha quis proibir o uso da bandeira nacional durante o período eleitoral, agora uma cantora brasileira, Bebel Gilberto, se apresentando na Califórnia, pisoteou a bandeira de seu próprio país. Se um americano fizesse isso, meu Deus! Mas ela fez. Depois disse que pediu desculpas porque se deu conta de que estava ofendendo todos os brasileiros. Como assim? Ela é ciclotímica?
O que se passa na mente de uma pessoa que pisoteia a bandeira que pertence a seus avós, bisavós, filhos, netos, vizinhos, amigos, enfim, de todo mundo que a cerca em seu país? Porque a bandeira somos nós, é o nosso símbolo. Quem pisoteia a bandeira está pisoteando nosso coração.
Tem gente que ficou furiosa, disse que essa mulher não merece voltar para o país, que tem de ser punida. Eu tenho é pena, porque fico imaginando como é o interior de uma pessoa dessas. Mesma coisa em relação à juíza. É um ódio irracional. E, ao mesmo tempo, elas fizeram propaganda da bandeira, fazendo a gente falar ainda mais a respeito. Na hora que vi aquilo lembrei-me da canção Fibra de Herói, do Barros Filho e do maestro Guerra Peixe: “Bandeira do Brasil, ninguém te manchará. Teu povo varonil isso não consentirá”.
Gostaria muito que fosse possível resgatar aquela bandeira que foi pisoteada para trazê-la para o país e prestar o desagravo necessário, pelo país inteiro. Mostrar aquela bandeira e pedir perdão por aquela cantora.
Bolsonaro lota Maracanãzinho
Agora Bolsonaro já não é mais pré-candidato. É candidato à reeleição à Presidência da República. E seu companheiro de chapa é outro general quatro estrelas, Braga Netto. Se a gente tinha dúvidas em relação às tais pesquisas de opinião, que já nos enganaram em 2018, é só olhar como estava o Maracanãzinho, onde foi realizada a convenção do PL.
Se olharmos Vitória, no Espírito Santo, no sábado (23), então, parece que a eleição acabou, já está decidida. Ou se olharmos os outros lugares por onde Bolsonaro andou, por todo o país. É uma coisa incrível. Eu nunca vi isso, e olha que eu nasci em 1940. Nem com Getúlio Vargas, nem com Juscelino Kubitschek, que talvez tenham sido os mais populares.
Eu lembro quando Juscelino e João Goulart foram à minha cidade, Cachoeira. Tinha gente nas ruas porque as escolas consideraram feriado e os estudantes tiveram de ir para prestigiá-los. Agora, espontaneamente, como aconteceu no Clube Naval, no Rio de Janeiro, onde Bolsonaro esteve no sábado à noite, nunca vi.
Decisões do STF
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), está fazendo um grupo de trabalho para evitar a violência política nas eleições. Argumenta que é “pela necessidade de assegurar o pleno exercício dos direitos fundamentais”. Eu acho isso uma hipocrisia, porque o próprio STF arrebentou os direitos e garantias fundamentais durante a pandemia, transferindo um poder que não tem – porque esse poder não é nem do Congresso, seria só de uma Assembleia Constituinte Exclusiva – para prefeitos e governadores. As pessoas foram presas, algemadas, jogadas no chão. Lojas foram fechadas à força, pessoas trancadas em casa. E aí vem falar que é para garantir pleno exercício dos direitos fundamentais?
Aliás, o ministro Alexandre de Moraes prendeu Ivan Fonte Boa, um sujeito que ameaçou ministros do Supremo de “pendurá-los de cabeça para baixo”, segundo suas palavras. Nunca nenhum estudante de Direito já viu na vida caso algum em que o próprio ofendido decreta a prisão do ofensor. O nome disso é vingança. Além do mais, o crime de ameaça não é assim, de boca. Tem de ficar demonstrado que a pessoa tem o potencial de realmente praticar aquilo que ameaça. Esse é o Brasil.
A cartada de mestre de Bolsonaro em SP… Agora o time está completo!
O pré-candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na cidade de Bauru, confirmou a candidatura do ex-ministro e astronauta Marcos Pontes ao Senado.
A escolha da cidade não foi aleatória. Marcos Pontes é filho ilustre de Bauru, cidade de 380 mil habitantes, no centro do Estado de São Paulo.
“Bom dia em Bauru com Marcos Pontes anuncio que nosso primeiro astronauta, o menino de origem humilde, acreditou em um sonho e levou a bandeira do Brasil aonde ela não tinha chegado, vai alçar um novo voo. Será pré-candidato ao Senado Federal. Time Jair Bolsonaro completo!”, escreveu Tarcísio, no Twitter.
Ainda na sexta-feira, dia 22, o PSD de Gilberto Kassab ratificou, em convenção Estadual, aliança com Tarcísio de Freitas em São Paulo.
O PSD indicou o ex-prefeito de São José dos Campos Felício Ramuth para ser candidato a vice-governador de Tarcísio.
Agora, o time está completo!
Não tem pra ninguém…
As milícias da bondade
Renan Calheiros parabenizou Renan Calheiros por um post no Twitter: “Boa, senador!” Se não foi um caso extremo de delírio narcísico, foi um flagrante de que há algo inautêntico na forma como o senador usa sua rede social. A equipe de Calheiros forjou um elogio a ele, com o descuido de usar a própria conta do senador – o que evidenciou a falsificação. Onde estão os obstinados caçadores de fake news do TSE e do STF? Ninguém contou a eles o que aconteceu?
Se o elogio foi forjado, quem tentou se fazer passar por um admirador de Renan Calheiros? Um assessor? Alguém que usaria uma identidade postiça e se descuidou? Um robô? Quem pode fazer um elogio fake, pode fazer um ataque fake? Pode espalhar boato? Pode “desinformar” (a palavrinha da moda dos supremos checadores)?
Sim, pode fazer tudo isso. Como essa questão se resolveria num ambiente mais ou menos saudável? Com a lei: quem se sentisse atacado, ofendido, difamado ou constatasse uma informação falsa que prejudicasse alguém, acionaria a Justiça e puniria o infrator – fosse ele autêntico ou impostor. Isso já aconteceu inúmeras vezes e a justiça foi feita. Quanto a robôs ou claques programadas, é questão de controle da plataforma ou denúncia de usuários que suspeitem, e ponto final.
Mas o que se passa hoje no Brasil é algo bem diferente. Supostos depuradores do debate público criaram expedientes de perseguição à livre expressão – baseados exatamente nessa literatura fajuta que não tem nada a ver com Direito: gabinete do ódio, fake news, desinformação, milícias digitais, etc. Qualquer assunto que esteja em terreno de controvérsia pode ser marcado por esses senhores da verdade como delinquência, baseados nos conceitos alegóricos acima. É um expediente reacionário.
Pois bem. Se é assim, onde está a investigação de Renan Calheiros? Um senador usando flagrantemente uma falsificação das funções da rede social para forjar a manifestação de alguém que não existe.
Quem fez isso? Quantos fazem isso rotineiramente para o senador, com que tipo de mensagens? Isso não pode ser uma milícia digital? Uma brigada de robôs? Um gabinete do ódio? Ou em homenagem à harmonia entre Renan Calheiros e o STF isso pode ser no máximo um gabinete do amor? Aliados de Lula têm habeas corpus permanente, em homenagem ao passado glorioso do ex-presidente?
Onde está a investigação de Renan Calheiros? Um senador usando flagrantemente uma falsificação das funções da rede social para forjar a manifestação de alguém que não existe.
Hackers tentaram invadir o site do PL e forças ocultas da “oposição” tentaram reservar as vagas para o público na convenção do partido do presidente da República, para esvaziá-la. Esse tipo de expediente obscuro às vésperas da eleição se enquadra em qual categoria do novíssimo Direito criativo? Milícias da bondade? Submundo limpinho? Travessura digital?
Os xerifes da eleição já começaram a instituir até censura prévia, decretando que determinados assuntos não podem sequer ser abordados. É um abuso autoritário escandaloso. Infelizmente, aquela multidão de amantes da liberdade de expressão que passaram décadas fazendo discursos, músicas e poesias contra o autoritarismo saiu de férias. Logo agora…
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