O PT faz na próxima quinta-feira (21) sua convenção nacional, em que confirmará o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato à Presidência da República em 2022. O evento será realizado em um hotel no centro de São Paulo. Apesar de ser a estrela da cerimônia, Lula não estará presente. Ele cumprirá agenda em Pernambuco no mesmo dia. Na quarta-feira (20), o PT fará uma reunião interna, para um grupo restrito de filiados, onde alinhará a temática a ser apresentada na convenção.VEJA TAMBÉM:
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A decisão do PT de não contar com a presença de Lula, embora diferente do habitual para os eventos deste porte, tem amparo legal. As convenções são habitualmente momentos de celebração e mobilização das militâncias, mas em termos formais são eventos que servem para que os partidos formalizem seus candidatos. Não é necessária, portanto, a presença de Lula e nem do seu pré-candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB). Também é dispensado o comparecimento presencial dos militantes.
“A legislação e a Resolução n. 23.609/2019, do TSE [Tribunal Superior Eleitoral] permitem que as convenções partidárias possam ser presenciais, por meio virtual ou híbridas, não havendo mais que se falar em obrigatoriedade de presença física”, explicou a advogada Andrea Costa, especialista em direito eleitoral.
A convenção tem como pauta oficial o apoio à chapa Lula-Alckmin e a aprovação da coligação que PT e PSB farão com outros cinco partidos: PCdoB, PV, Solidariedade, PSOL e Rede. Ao término do evento principal, ocorrerá no mesmo local a convenção da federação da qual o PT faz parte, que une também PCdoB e PV, com pauta semelhante.
O PT ainda não definiu mais detalhes sobre o evento, como a realização de discursos ou outros eventos com a militância. O discurso oficial do partido é o de que o “efeito novidade” que a convenção causaria já foi criado no início de maio, quando houve o lançamento da chapa Lula-Alckmin.
Na ocasião, a popularidade da parceria foi testada – Lula e Alckmin eram adversários históricos e se confrontaram diretamente no segundo turno das eleições presidenciais de 2006. Apoiadores da dupla, como o senador Humberto Costa (PT-PE) e o ex-governador Flávio Dino (PSB-MA), brincaram que o evento apresentava ao Brasil o prato “lula com chuchu”, referência ao apelido “picolé de chuchu”, carregado por Alckmin.
Petistas e defensores do ex-presidente alegam também que a “retirada” de Lula da convenção permite ao petista intensificar as atividades de rua. A escolha por Pernambuco, citam, não é um acaso. Embora o Nordeste seja uma região que votou maciçamente no PT em eleições anteriores, há um entendimento de que Bolsonaro pode recuperar terreno após a aprovação de medidas de cunho social incluídas na chamada “PEC dos Benefícios”.
A partir da conclusão da convenção Lula deixará de ser “pré-candidato” e poderá ser tratado formalmente como candidato do PT ao Palácio do Planalto.
Lula deve estar presente na convenção do PSB, marcada para o dia 29, em Brasília, na qual o partido confirmará o nome de Alckmin como vice da chapa.
Medida do PT contrasta com convenções anteriores
A decisão do PT de fazer uma convenção protocolar e sem a presença de seu candidato contraria o que o partido fez em 2002 e 2006, anos em que também lançou o nome de Lula ao Palácio do Planalto. E também evita que sejam registrados constrangimentos como os verificados em 2002.
Naquele ano, a convenção teve como principal “novidade” a confirmação do então senador José Alencar (PL-MG) como vice de Lula. Empresário bem-sucedido, Alencar era contestado por parte dos segmentos do PT mais posicionados à esquerda, que não viam nele um perfil alinhado com o que pensava o partido. Isso motivou protestos de militantes presentes à convenção, que vaiaram Alencar e foram repreendidos por seguranças.
Já em 2006, o PT aproveitou o fato de Lula ser o então presidente para fazer da convenção uma divulgação dos feitos do governo. A convenção, realizada em Brasília, contou com a presença de cerca de 3 mil pessoas – entre elas, beneficiários do Bolsa Família, que discursaram sobre o impacto que o programa social causou em suas vidas.
A convenção de 2006 também confirmou o nome de Alencar como vice de Lula, derrubando especulações da época que sugeriam o fim da parceria. Alencar concorreu em 2002 como filiado ao PL e em 2006 pelo PRB, atual Republicanos. Hoje, os dois partidos são instituições-chave do apoio ao governo Bolsonaro. O PL é o próprio partido do presidente da República, e o Republicanos é a legenda de aliados de peso como os ex-ministros Damares Alves e Tarcísio Gomes de Freitas e o deputado federal Marcos Pereira (SP), presidente nacional do partido e ex-vice-presidente da Câmara.
Fonte: Gazeta do Povo
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