Uma breve biografia não autorizada (veja o vídeo)

Uma pequena – obviamente não autorizada – biografia do ministro de Dilma Rousseff, Edson Fachin, é apresentada em vídeo ao fim deste texto.

Pois bem, Fachin é o ministro que monocraticamente “descondenou” o megacorrupto Luiz Ignorácio Lula da Çilva – popularmente conhecido como Lula -, mesmo tendo ele sido condenado em dois processos até o terceiro grau.

Ao todo, condenaram o Lula, o Grande Larápio, o Juízo Originário (Titular: Sérgio Moro, Curitiba), três Desembargadores do TRF4 (Tribunal Regional Federal 4, em Porto Alegre) e seis Ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça, em Brasília). Todas condenações foram por unanimidade! Portanto, dez (10!) magistrados condenaram Lula, o Grande Farsante, por corrupção e lavagem de dinheiro.

Mas, Fachin é autor da façanha – única na História das democracias ocidentais – de “descobrir” um suposto bizarro erro de CEP (erro de Juízo originário) e, por conta desta “relevante” descoberta (relevante para bandidos e seus advogados milionários, não para pessoas honestas), anulou todo imenso trabalho de montagem dos inquéritos envolvendo a Polícia Federal (PF), o Ministério Público Federal (MPF), instituições internacionais e a Receita Federal. E os julgamentos, claro.

Fachin deve ter jogado no lixo, com esta indecente decisão monocrática, centenas de milhões de reais do contribuinte; tudo para salvar a pele de um megacorrupto e construir uma candidatura de oposição a Jair Bolsonaro. O que uma alma de militante de esquerda é capaz de fazer por uma causa que lhe é cara, embora trágica para o Brasil!

Mas a impressão que fica é que Fachin não construiu sozinho a candidatura do ‘Princeps Corruptorum’, o Lula. Nem Fachin, nem ninguém, por mais fanático de esquerda e cara de pau que seja, tomaria decisão de tamanho vulto sozinho. Certamente ele sabia, pelos bastidores do STF, que a candidatura de Lula seria feita por construção coletiva. Tanto que, quando o pleno do Supremo “analisou” a questão, a decisão de Fachin foi aprovada pelo vergonhoso placar de oito a três.

Votaram contra esta indecência – cito isso em homenagem aos que tiveram esta coragem moral e cívica – Luiz Fux, Nunes Marques e Marco Aurélio Mello. E foram só esses, para nosso constrangimento. Nota relevante: Luiz Fux é o único Juiz de carreira na atual composição do STF. Os demais lá caíram de paraquedas após serem togados em escusos gabinetes presidenciais.

Muito se tem dito que o STF se tornou, na prática, um partido político. Pois está aí, este “partido” pariu seu candidato: Lula.

E é este Fachin que, do alto da presidência do TSE, postula que o sistema eletrônico de votação brasileiro é inexpugnável. Dou tanto crédito a esta afirmação quanto acredito na sua justeza jurídica, ao dar o passo inicial na construção da candidatura do maior corrupto jamais gestado no seio de uma democracia ocidental.

Assistam, agora, à curta biografia não autorizada de Edson Fachin.

Morre ex-ministro do STF, aquele que fez a seguinte afirmação sobre o regime militar: “Nunca houve ditadura”

Ex-ministro da Justiça e do Supremo Tribunal Federal (STF), Célio Borja morreu nesta terça-feira (28), aos 93 anos de idade, no Rio de Janeiro.

Natural do Rio de Janeiro, em 1951 se formou em Direito na Universidade do Estado da Guanabara (atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro), onde foi professor de Direito Constitucional e Teoria Geral do Estado. Também foi professor catedrático da Faculdade de Direito Cândido Mendes e professor de Direito Constitucional e Administrativo do Instituto Rio Branco.

Além da atividade acadêmica, Célio Borja teve forte presença no poder legislativo. Ele foi presidente da Câmara dos Deputados entre fevereiro de 1975 e fevereiro de 1977. Foi deputado federal durante três legislaturas, de 1971 a 1983, inicialmente filiado à Arena e depois ao PDS. Além de presidente da casa, liderou a Comissão de Constituição e Justiça em 1977. Na década de 1960, foi deputado estadual pelo antigo estado da Guanabara (1963 a 1967).

A chegada ao Supremo Tribunal Federal ocorreu em abril de 1986, quando foi nomeado pelo então presidente José Sarney.

Em 2014, em entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo, questionado sobre o regime militar, afirmou textualmente: 

“Nunca houve ditadura”.

Abaixo republicamos um trecho dessa entrevista:

A tese de que a esquerda preparava um golpe é controversa. O sr. acreditava nisso?

Estou convencido até hoje. Havia uma enorme articulação, de norte a sul do país, com movimentos concertados que visavam à invasão de propriedade. Isso contaminou toda a sociedade.

Aqui na zona sul do Rio, havia um movimento de porteiros para atacar as pessoas que consideravam inimigas de Jango e Brizola. No prédio em que eu morava, o porteiro entrou nessa de me ameaçar. Fui ao síndico, que era janguista, e ele não se importou.

Criou-se um clima no país. Isso acabou envolvendo pessoas que não tinham nem munição para participar de um movimento subversivo e entraram de gaiatas. Como os porteiros, coitados.

O que achava de Jango?

Era um pobre homem. Não era preparado para o poder. Era, quando muito, um aprendiz de caudilho. Um homem simples, despreparado para governar o país.

Como descreve a ditadura, do ponto de vista jurídico?

A ditadura é a concentração de todos os poderes em mãos do chefe de Estado. Nenhum presidente militar teve nas suas mãos todos os poderes. Havia Congresso e Judiciário independentes.

O que havia era uma prática de sobrepor às leis a lei do mais forte, ditada pelo comando militar. Ditadura, nunca houve. A rigor, o que se podia dizer que havia era um regime de plenos poderes. Não era ditadura.

Se não era ditadura, por que cassaram parlamentares e até ministros do STF?

Roosevelt também quis enfrentar a Suprema Corte do EUA porque a considerava hostil ao “New Deal”. Aqui, aumentar o número de ministros do STF [de 11 para 16] era um recurso tolerável, até porque o Supremo começava a enfrentar o problema do acúmulo de processos.

O que era inadmissível era a cassação de três ministros [Evandro Lins e Silva, Victor Nunes Leal e Hermes Lima, que foram aposentados compulsoriamente em 1969].

O sistema político do país, em linhas gerais, era o mesmo. Repartição de poderes, Judiciário funcionando. O Congresso não foi extinto, como Getúlio fez em 1930. O Foi desconvocado.

O AI-5 suspendeu todas as liberdades democráticas.

O país estava no caminho da redemocratização, ia acabar com os atos institucionais. Houve um golpe contra Costa e Silva e as instituições democráticas. Era um período em que a sublevação de organizações de esquerda criou um clima que justificava, ou poderia justificar para alguns, uma carapaça militar sobre o governo civil.

O AI-5 foi um desastre, uma das decisões mais desastradas que tomaram no país. Havia a Constituição de 1967, votada pelo Congresso, e um recomeço da vida constitucional no país. Eles mataram isso. Esperávamos a volta do primado da Constituição, do regime das leis. Tudo foi por água abaixo. Puseram fim à nossa esperança.

Depois disso, muitos civis se afastaram dos militares. O sr. se elegeu deputado pela Arena, partido da situação, e foi líder do governo na Câmara. Por quê?

A reconvocação do Congresso [em outubro de 1969, dez meses após o AI-5] abriu esperanças de normalização do país. Eu não tinha dúvidas de que isso era precário. A mim, incumbia lutar pela democratização definitiva. Era um posto a partir do qual se podia lutar por isso. Essa era a minha convicção, e foi o que eu fiz o tempo todo.

Nunca acreditei que se pudesse derrubar o governo militar pelas armas. Era uma loucura. Podia ser elegante. Se você tinha propensão pelo épico, pelo dramático, podia ser uma grande tentação. A mim, nunca tentou.

Disse isso ao Lacerda e ele praticamente rompeu comigo: “Ninguém vencerá os militares pelas armas”. E quem fez -nós não fizemos, mas nos acomodamos- tinha que desfazer. Nosso dever era lutar por dentro [do regime], e foi o que fiz. Sentia essa responsabilidade. Senão, não teria nem me candidatado.

O sr. sabia das torturas?

Sabia que havia brutalidades. Sempre houve no Brasil. Sou advogado. A coisa mais triste é uma delegacia de polícia. Estar lá era o equivalente a ser torturado, sofrer maus tratos. O pau de arara não foi invenção de 1964.

Ninguém se importava com a miséria do preso comum. A coisa só começou a chamar atenção quando os presos políticos foram submetidos ao mesmo tratamento.

Era muito difícil, estando fora do jogo político, ter certeza de que a prática detestável do sistema policial no Brasil tinha virado também uma forma de interrogatório e custódia de presos políticos.

Em contato com correntes políticas, ficava sabendo: fulano foi preso, beltrano foi torturado. A coisa começou a despertar preocupação. O regime não era apenas duro, mas estava descambando para a selvageria. Neste momento, fui designado líder do governo e me tornei uma espécie de estuário de queixas.

O que fazia com elas?

Fui ao Golbery [do Couto e Silva] e disse: “Estou recebendo essas notícias. Não é possível que no Brasil se instale como regra esse tipo de tratamento a presos políticos. Se é uma desgraça com o preso comum, não é possível que vire sistema de tratamento de presos políticos”.

Eu levava a informação de que fulano foi torturado. Golbery transmitia ao [João] Figueiredo, que tomava providência. Pegava o capitão ou major e transferia. Era tudo muito ao de leve. Faltava força aos superiores hierárquicos para coibir os abusos.

O sr. acha que eram abusos, e não uma política de Estado?

Acho que agiam à revelia [dos generais]. Que havia conivência de oficiais superiores, às vezes havia. Achavam que tinha que ser assim. Senão, não ganhavam a guerra.

Como vê a decisão do STF que manteve a validade da Lei da Anistia, em 2010, e a criação Comissão da Verdade, dois anos depois?

A Anistia é um instrumento de pacificação. Ninguém é tolo o bastante de acreditar que seria possível pacificar o país sem o esquecimento dos crimes praticados de um lado ou de outro. A Comissão da Verdade é exatamente o oposto. O que a Anistia fez, ela desfaz. Intranquiliza famílias, partidos políticos, e não consegue a verdade.

O problema do historiador é o contexto dos fatos. É muito simples ver 1964 com o bem e o mal. Não existe isso. A vida não é maniqueísta.

O que acha da visão que se tem hoje do regime?

Absolutamente distorcida. Sempre se disse que a história é escrita pelos vencedores. No nosso caso, são os vencidos que estão escrevendo, ao seu gosto. A fabulação tem um objetivo político evidente. Desqualificar todos os que não lutaram contra a famosa ditadura, que não foi ditadura nenhuma. O objetivo é político. A verdade é muito mais complexa de abarcar.

Fonte: Jornal da Cidade

Em nova jogada de mestre, Bolsonaro revela conversa com Putin e diz que o Brasil pode começar a comprar diesel da Rússia (veja o vídeo)

Meses atrás, quando o presidente Jair Bolsonaro visitou a Rússia, a oposição e a velha mídia trataram de criar narrativa e caracterizar como “absurdo” o encontro do presidente brasileiro com Putin.

Bolsonaro sempre manteve a calma ao falar sobre a importância de manter a credibilidade junto países importantes para a economia brasileira.

Com relação a guerra, o mandatário brasileiro sempre defendeu a posição de ‘equilíbrio’.

Hoje vemos claramente que aquele encontro com Putin e o posicionamento do Brasil, podem ser caracterizados como uma “jogada de mestre”.

Nesta segunda-feira, 27, o presidente pegou todos de surpresa ao afirmar que o Brasil pode passar a comprar diesel da Rússia. De acordo com Bolsonaro, a possibilidade da troca comercial foi negociada mais cedo em ligação telefônica com Putin.

“Conversei com o presidente Putin, hoje, da Rússia. Trocas comerciais entre nós. Temos aí a segurança alimentar e a segurança energética. Então, há chance de comprarmos diesel de lá. Fica, com toda certeza, um preço mais em conta”, declarou o presidente a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

Bolsonaro prosseguiu:

“O que a gente precisa? Transparência em tudo. É igual hoje, começaram alguns governadores a baixar o ICMS.”

Confira:

Como a política Covid Zero contribui para a desaceleração da economia chinesa

A segunda maior economia mundial sofreu prejuízos e ainda deve viver nos próximos anos os impactos negativos da política Covid Zero, imposta pelo ditador chinês, Xi Jinping. Há mais de dois anos, a China cerca bairros e até cidades inteiras quando surtos de Covid-19 são detectados. 
 
Os confinamentos exagerados prejudicaram diretamente a economia de 45 grandes cidades chinesas, entre elas Xangai. Trezentos e setenta e três milhões de habitantes foram impactados, o que equivale a um quarto da população do país e 40% do PIB nacional, segundo a holding financeira japonesa Nomura. 
 
Como consequência, o crescimento da economia chinesa deve cair para 3% em 2022, conforme preveem as pesquisas do americano Rhodium Group. Em 2019, o percentual era de 6%. “Aumentaram os riscos, a complexidade e a incerteza sobre o desenvolvimento econômico da China”, publicou o grupo em uma nota. 
 
Um estudo publicado pelo banco francês Natixis apresenta a estimativa de que, no terceiro trimestre deste ano, o crescimento da economia chinesa seja próximo de zero. A causa, segundo o banco, são as medidas restritivas diante da pandemia. E a tendência é que a desaceleração continue, porque a Covid Zero foi anunciada pela ditadura chinesa como uma política que deve perdurar até 2027.

Impactos negativos na indústria e no setor imobiliário 
Nos longos períodos de lockdown, conforme anunciou o Escritório nacional de estatísticas, dezenas de empresas precisaram reduzir ou parar a produção. “O funcionamento delas foi fortemente prejudicado”, apontou o analista-chefe da organização, Zhao Qinghe, no comunicado.

Em abril, o valor agregado na indústria caiu 2,9% em um ano. O varejo teve queda de 11% e as vendas de automóveis tiveram impacto negativo de 47%.

Já o setor imobiliário, que pesa em mais de um quarto do crescimento do PIB do país, é um dos maiores problemas enfrentados hoje pela economia chinesa. Segundo o E-House, Instituto de Pesquisa e desenvolvimento da China, as vendas caíram 52% nos primeiros meses de 2022, em comparação com o ano passado.

A crise levou ao risco de falência do gigante imobiliário chinês, Evergrande, em 2021. Vinte e cinco anos após a fundação, a vida financeira da empresa começou a ruir em 2020 com a redução do acesso ao crédito. Hoje, a dívida é de 300 bilhões de dólares.

Depois de alguns embates entre a ditadura chinesa e a grande empresa, as autoridades de Pequim decidiram interferir na reestruturação dessa dívida, para evitar maiores impactos financeiros e sociais no país.

Fuga de capital 
A China alcançou a maior fuga de capital da última década no começo deste ano segundo o Instituto Internacional de Finanças (IIF), registrando a desconfiança dos investidores diante do posicionamento chinês nas políticas anti-Covid e em relação à guerra na Ucrânia, devido à afinidade com a Rússia. 
 
Mais da metade dos membros da Câmara de Comércio da União Europeia na China chamaram o momento chinês de “veneno da incerteza”. Segundo o periódico internacional Bloomberg, cerca de 180 multinacionais declararam que consideram que os confinamentos em Xangai terão impacto negativo em seus resultados. 
 
“A partir de agora, a China é vista sobretudo como um risco pelos ocidentais e o confinamento está provocando novos debates nas empresas”, analisou em maio a diretora do programa Ásia think tank do Conselho Europeu de Relações Exteriores, Janka Oertel, ao Le Monde.

Impactos gerados pela testagem excessiva 
Além do fechamento do comércio e do afastamento de profissionais, a Covid Zero exige um alto investimento do país. É custoso colocar em prática a política de detecção precoce da doença na China. Conforme a norma nacional, todos os habitantes precisam ter um posto de testes disponível a até, no máximo, 15 minutos a pé. Nos pequenos quiosques de testagem, há pelo menos quatro profissionais. 
 
As cidades chinesas precisam disponibilizar para esse serviço 30% dos funcionários da saúde pública e normalmente é necessário contratar outros profissionais para a força-tarefa. O orçamento para realizar essas testagens frequentes costuma passar do limite destinado para a área de saúde. 
 
A plataforma chinesa Sixth Tone fez um cálculo de quanto custa ao país a estrutura para a testagem da população das 45 maiores cidades. O resultado foi 12 bilhões de dólares por ano. A conta não inclui os custos de laboratório (que não são divulgados pelas autoridades), apenas as contratações de funcionários, os materiais e a montagem dos quiosques.

Fronteiras fechadas 
Para dar conta de tamanho controle da doença, desde 2020, 98% dos voos para o país foram cancelados e não há previsão de reabertura antes de 2024. No ano passado, a Autoridade Nacional de Imigração registrou o equivalente a 4,6% das entradas e saídas de estrangeiros que circularam pelo país em 2019.

Os poucos que têm permissão para entrar ou voltar à China passam por pelo menos duas semanas de quarentena restrita, que pode ser estendida para um mês pelas autoridades locais, com possível condição de observação domiciliar.

Tradicionalmente, os imigrantes já representavam uma parcela muito pequena da população em 2019 (0,01%, conforme a ONU). Segundo a Câmara de Comércio da União Europeia na China, a quantidade de estrangeiros caiu pela metade em 2021 e tende a cair mais uma vez este ano devido às fortes restrições anti-Covid.

Apesar de grande parte das relações comerciais acontecerem de forma virtual, o fechamento das fronteiras compromete o fluxo de negócios, de trocas acadêmicas e experiências turísticas, deixando o país, literalmente, cada vez mais fechado. 

É só o começo 
A promessa – depois censurada pelo próprio Partido Comunista Chinês – de que as medidas da Covid Zero vão durar mais cinco anos aponta para o fato de que a China seguirá com as portas fechadas. A ditadura chinesa também não deve se preocupar, nos próximos anos, em reconquistar a confiança de empresas estrangeiras ou evitar maiores perdas para as nacionais.

Mesmo diante dos números preocupantes que sinalizam a desaceleração econômica, o ditador chinês, Xi Jinping, declarou no mês passado que a estratégia de controle da Covid “resistirá ao tempo”. “Devemos lutar contra os discursos e os atos que deformam, questionam ou rejeitam as diretivas e a política de nosso país”, acrescentou.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/como-a-politica-covid-zero-contribui-para-a-desaceleracao-da-economia-chinesa/
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A segunda maior economia mundial sofreu prejuízos e ainda deve viver nos próximos anos os impactos negativos da política Covid Zero, imposta pelo ditador chinês, Xi Jinping. Há mais de dois anos, a China cerca bairros e até cidades inteiras quando surtos de Covid-19 são detectados. 
 
Os confinamentos exagerados prejudicaram diretamente a economia de 45 grandes cidades chinesas, entre elas Xangai. Trezentos e setenta e três milhões de habitantes foram impactados, o que equivale a um quarto da população do país e 40% do PIB nacional, segundo a holding financeira japonesa Nomura. 
 
Como consequência, o crescimento da economia chinesa deve cair para 3% em 2022, conforme preveem as pesquisas do americano Rhodium Group. Em 2019, o percentual era de 6%. “Aumentaram os riscos, a complexidade e a incerteza sobre o desenvolvimento econômico da China”, publicou o grupo em uma nota. 
 
Um estudo publicado pelo banco francês Natixis apresenta a estimativa de que, no terceiro trimestre deste ano, o crescimento da economia chinesa seja próximo de zero. A causa, segundo o banco, são as medidas restritivas diante da pandemia. E a tendência é que a desaceleração continue, porque a Covid Zero foi anunciada pela ditadura chinesa como uma política que deve perdurar até 2027.

Impactos negativos na indústria e no setor imobiliário 
Nos longos períodos de lockdown, conforme anunciou o Escritório nacional de estatísticas, dezenas de empresas precisaram reduzir ou parar a produção. “O funcionamento delas foi fortemente prejudicado”, apontou o analista-chefe da organização, Zhao Qinghe, no comunicado.

Em abril, o valor agregado na indústria caiu 2,9% em um ano. O varejo teve queda de 11% e as vendas de automóveis tiveram impacto negativo de 47%.

Já o setor imobiliário, que pesa em mais de um quarto do crescimento do PIB do país, é um dos maiores problemas enfrentados hoje pela economia chinesa. Segundo o E-House, Instituto de Pesquisa e desenvolvimento da China, as vendas caíram 52% nos primeiros meses de 2022, em comparação com o ano passado.

A crise levou ao risco de falência do gigante imobiliário chinês, Evergrande, em 2021. Vinte e cinco anos após a fundação, a vida financeira da empresa começou a ruir em 2020 com a redução do acesso ao crédito. Hoje, a dívida é de 300 bilhões de dólares.

Depois de alguns embates entre a ditadura chinesa e a grande empresa, as autoridades de Pequim decidiram interferir na reestruturação dessa dívida, para evitar maiores impactos financeiros e sociais no país.

Fuga de capital 
A China alcançou a maior fuga de capital da última década no começo deste ano segundo o Instituto Internacional de Finanças (IIF), registrando a desconfiança dos investidores diante do posicionamento chinês nas políticas anti-Covid e em relação à guerra na Ucrânia, devido à afinidade com a Rússia. 
 
Mais da metade dos membros da Câmara de Comércio da União Europeia na China chamaram o momento chinês de “veneno da incerteza”. Segundo o periódico internacional Bloomberg, cerca de 180 multinacionais declararam que consideram que os confinamentos em Xangai terão impacto negativo em seus resultados. 
 
“A partir de agora, a China é vista sobretudo como um risco pelos ocidentais e o confinamento está provocando novos debates nas empresas”, analisou em maio a diretora do programa Ásia think tank do Conselho Europeu de Relações Exteriores, Janka Oertel, ao Le Monde.

Impactos gerados pela testagem excessiva 
Além do fechamento do comércio e do afastamento de profissionais, a Covid Zero exige um alto investimento do país. É custoso colocar em prática a política de detecção precoce da doença na China. Conforme a norma nacional, todos os habitantes precisam ter um posto de testes disponível a até, no máximo, 15 minutos a pé. Nos pequenos quiosques de testagem, há pelo menos quatro profissionais. 
 
As cidades chinesas precisam disponibilizar para esse serviço 30% dos funcionários da saúde pública e normalmente é necessário contratar outros profissionais para a força-tarefa. O orçamento para realizar essas testagens frequentes costuma passar do limite destinado para a área de saúde. 
 
A plataforma chinesa Sixth Tone fez um cálculo de quanto custa ao país a estrutura para a testagem da população das 45 maiores cidades. O resultado foi 12 bilhões de dólares por ano. A conta não inclui os custos de laboratório (que não são divulgados pelas autoridades), apenas as contratações de funcionários, os materiais e a montagem dos quiosques.

Fronteiras fechadas 
Para dar conta de tamanho controle da doença, desde 2020, 98% dos voos para o país foram cancelados e não há previsão de reabertura antes de 2024. No ano passado, a Autoridade Nacional de Imigração registrou o equivalente a 4,6% das entradas e saídas de estrangeiros que circularam pelo país em 2019.

Os poucos que têm permissão para entrar ou voltar à China passam por pelo menos duas semanas de quarentena restrita, que pode ser estendida para um mês pelas autoridades locais, com possível condição de observação domiciliar.

Tradicionalmente, os imigrantes já representavam uma parcela muito pequena da população em 2019 (0,01%, conforme a ONU). Segundo a Câmara de Comércio da União Europeia na China, a quantidade de estrangeiros caiu pela metade em 2021 e tende a cair mais uma vez este ano devido às fortes restrições anti-Covid.

Apesar de grande parte das relações comerciais acontecerem de forma virtual, o fechamento das fronteiras compromete o fluxo de negócios, de trocas acadêmicas e experiências turísticas, deixando o país, literalmente, cada vez mais fechado. 

É só o começo 
A promessa – depois censurada pelo próprio Partido Comunista Chinês – de que as medidas da Covid Zero vão durar mais cinco anos aponta para o fato de que a China seguirá com as portas fechadas. A ditadura chinesa também não deve se preocupar, nos próximos anos, em reconquistar a confiança de empresas estrangeiras ou evitar maiores perdas para as nacionais.

Mesmo diante dos números preocupantes que sinalizam a desaceleração econômica, o ditador chinês, Xi Jinping, declarou no mês passado que a estratégia de controle da Covid “resistirá ao tempo”. “Devemos lutar contra os discursos e os atos que deformam, questionam ou rejeitam as diretivas e a política de nosso país”, acrescentou.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/como-a-politica-covid-zero-contribui-para-a-desaceleracao-da-economia-chinesa/
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