O partido Republicanos filiou nesta segunda-feira (28), em Brasília, os ministros da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. A entrada da dupla na sigla é vista como uma reaproximação da legenda, que vinha sinalizando um possível desembarque do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Agora, a expectativa é que Tarcísio de Freitas dispute o governo do estado de São Paulo, enquanto Damares Alves ainda não bateu o martelo sobre para qual cargo irá concorrer nas eleições. Anteriormente, a ministra da Mulher chegou a negociar entrar na disputa do Senado pelo Amapá, mas acabou recuando da candidatura. Nos bastidores, aliados de Damares sinalizam que ela pode tentar agora uma cadeira pela Câmara dos Deputados, mas pelo Distrito Federal.
“Eu olho para esse auditório e vejo um exército verde e amarelo. Não somos um partido, mas um movimento que grita: Deus, pátria, família e liberdade. Isso está contagiando a nação. O Brasil está se unindo. O Brasil é conservador”, discursou Damares durante o evento.
Já o ministro Tarcísio agradeceu o presidente Bolsonaro por confiar no seu trabalho e afirmou que está comprometido em mudar o Brasil. “Estou muito feliz de estar aqui hoje. A vida reserva para gente momentos inesperados. Eu nunca tinha imaginado entrar na política. Não tem como nós não termos otimismo com o nosso Brasil, pois temos um time comprometido com o Brasil. O time do presidente Jair Bolsonaro”, disse.
Filiação de ministros mantém Republicanos na base do governo
Havia a expectativa de que Bolsonaro prestigiasse o evento de filiação, mas ele acabou sendo representado pela primeira-dama Michelle Bolsonaro. O acordo entre Bolsonaro e o presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), foi selado na semana passada, depois que a sigla ventilou a possibilidade de liberar seus diretórios na disputa de primeiro turno das eleições.
Durante o evento, Pereira afirmou que tem divergências com o governo, mas nunca cogitou retirar o apoio ao governo. “Nunca cogitamos outra coisa. Temos divergências, e isso é importante. Digo de forma bem simplista que 80% das nossas pautas são convergentes. Eu tenho certeza que o Brasil não vai querer retroceder”, afirmou.
Apesar disso, integrantes do partido vinham sinalizando descontentamento por uma suposta falta de prestígio dada por Bolsonaro. No mês passado, Pereira explicitou isso, quando disse que o presidente da República “só atrapalhou” o crescimento da legenda.
O discurso na bancada era de que o governo não teve a preocupação em compor com os partidos da base e distribuir a filiação de aliados do presidente entre PP e Republicanos. A sigla entrou na janela partidária com 31 deputados federais e, atualmente, conta com 41 em exercício, tendo superado a marca almejada por Pereira. A meta, contudo, foi atingida sem o apoio direto de Bolsonaro.
Agora, a filiação dos ministros sinaliza uma recomposição e amarra o apoio do Republicanos ao projeto de reeleição de Bolsonaro. Em São Paulo, por exemplo, a cúpula da sigla espera que a candidatura de Tarcísio tenha força para ajudar a ampliar o número de deputados federais no estado.
Em outra frente, Bolsonaro também concedeu ao partido o direito de indicar o substituto de Damares para o ministério dela. Para um ministro ser candidato, ele tem que se desincompatibilizar do cargo até o início de abril.
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