O mundo vive, definitivamente, a era do pânico. Parece, até mesmo, que as pessoas se viciaram na necessidade de receber más notícias; ficam inquietas se passam três dias seguidos sem ouvir que a Covid voltou a piorar, no mundo e no Brasil, e só sossegam quando lhes é servida alguma nova cepa que, esta sim, vai detonar tudo outra vez.
É o caso, agora, da tal variante sul-africana. A médica que a descobriu (e revelou o que havia descoberto, ao contrário da China, que descobriu o vírus original e chamou a polícia para esconder a sua existência) garantiu, várias vezes, que essa cepa causa muito pouca consequência; se espalha com mais rapidez, mas não leva os infectados à UTI, ou nem ao hospital. Pura perda de tempo por parte da boa doutora. O complexo mundial pró-Covid declarou, imediatamente, estado de emergência urgentíssima, com fim do mundo a curto prazo.
O Japão, país que desfruta de alta reputação em matéria de governo sério, competente e eficaz, onde ninguém rouba e todo mundo trabalha direito, fechou o país para viagens ao exterior. Não quis nem saber: fechou o Japão inteiro, como um prefeito do interior do Brasil fecha a escola ou o borracheiro. Aproveitou, aliás, para fechar o espaço aéreo – nada menos do que isso, o espaço aéreo. Israel também se trancou; outros países foram na mesma onda.
Por aqui, foi anunciado com grande destaque que apareceram três casos em São Paulo e parece que há mais dois em Brasília. O Brasil já tem 22 milhões de infectados e mais de 600 mil mortos, mas o que interessa são os cinco da “ômicron”.
A era do pânico é um trabalho conjunto de autoridades à beira de um ataque de nervos perpétuo, médicos que se viram no centro do mundo e uma mídia histérica e enrolada na bandeira da revolução mundial através da pandemia. Todos precisam do vírus como as pessoas precisam do ar. Sua vida melhora com a doença. Piora sem ela.
Querem manter os poderes excepcionais e sem controle que ganharam com a Covid. Querem regular a vida em sociedade. Querem exigir vistos, emitir atestados, dar e negar licenças, impor questionários. Querem trabalhar em “home office”. Querem fazer “oposição” a “tudo isso que está aí”. Querem dar entrevista. Querem que os hospitais, consultórios médicos e filas de vacinação sejam o centro da vida social. Querem verba, se possível em “regime de emergência” e sem a necessidade de prestar contas. Esse vírus sul-africano, para todos eles, é uma benção do céu.
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