Você nunca mais sairá de casa, para a alegria do barbudo

Quando o mundo acredita que está saindo de um problema, logo querem nos lançar em outra polêmica. Isso porque há um conceito muito antigo em funcionamento hoje, segundo o qual não se pode desperdiçar uma crise. Os poderosos, tomadores de decisão a nível global, estão fortemente empenhados em aproveitar o presente abalo das estruturas mundiais para implementar uma agenda antiga, porém muito poderosa, uma vez que conta com a adesão dos xerifes da humanidade.

Como não poderia deixar de ser, o argumento é sempre embasado em motivações nobres. Hoje, a pauta é a defesa do meio ambiente, luta que inspira os mais nobres sentimentos. Mas não podemos esquecer que as mentes mais doentias estão sempre se escondendo por detrás de roupagens beneméritas, caridosas e acima de qualquer suspeita. Vou explicar para vocês o que está em jogo. Para isso, mostrarei o que está acontecendo com o Reino Unido hoje.

O mundo inteiro vive uma tendência de eliminar o uso de carvão para gerar energia. Recentemente, a China anunciou que não irá mais financiar usinas de carvão no exterior (atenção, no exterior). Enquanto isso, o governo de Pequim enfrenta, no cenário doméstico, preço recorde do carvão, levando a cortes de energia cada vez mais frequentes. No Brasil, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou que deixará de financiar, a partir de setembro, projetos energéticos que utilizem carvão mineral. Tudo isso é muito importante, desde que não prejudique, na prática, a vida das pessoas.

No Reino Unido a estranheza do projeto fica evidente. Para combater o aquecimento global, os ingleses já desmobilizaram a maioria de suas usinas a carvão. O problema é que o país está prestes a enfrentar a sua pior tempestade nos últimos 13 anos, uma vez que um “vórtice polar” de congelamento se aproxima, prometendo um inverno dos mais rigorosos. A pergunta que fica é: como produzir energia suficiente para aquecer os lares, já que a maioria das usinas deixou de operar? Lembrando que o motivo de não usar mais o carvão era para evitar o aumento mundial das temperaturas…

Agora os ingleses estão dependendo da importação de gás natural para aquecer os lares e suprir a demanda interna de energia. O detalhe é que o gás já subiu quase 300%, o que está colocando no radar um problema ainda maior: a escassez de alimentos. Carnes e aves podem sumir das prateleiras caso a energia continue subindo, e o governo já está tentando fechar parcerias internacionais para evitar que isso aconteça. Tudo a um custo elevadíssimo.

Na tentativa de garantir uma geração mais limpa, o Reino Unido hoje concentra quase 30% de sua produção na energia eólica e solar. A questão é que o país fica à mercê da natureza. E foi exatamente isso que aconteceu. O verão acabou trazendo temperaturas mais elevadas que o normal, com menos umidade e menor incidência de ventos. Conclusão: a quantidade gerada não foi suficiente para dar conta da demanda.

Enquanto isso, os chineses queimam, por ano, mais carvão do que o somatório dos demais países do mundo, e construíram três vezes mais capacidades de geração de carvão do que todos os outros países do mundo juntos em 2020. Engraçado que, na hora de buscar culpados pelo aquecimento global, geralmente se fala apenas em Estados Unidos e Europa, que estão lutando para implementar o chamado Novo Acordo Verde, que propõe nada menos do que zerar a emissão de gases do efeito estufa. Contudo, para atingir tão ousada meta, eliminar o carvão não seria suficiente. Entre outras coisas, dois outros “inimigos” precisariam ser retirados de cena: os carros movidos a combustível fóssil e os bois. Sim os bois.

Primeiro, analisemos a questão dos automóveis. Obviamente, neste caso, os carros elétricos são colocados como a grande solução. Há, todavia, muitos problemas que não são geralmente citados. Por exemplo: de onde será extraído todo o cobalto e lítio necessário para produzir as baterias desses automóveis? São poucos os países que foram “presenteados” com esses materiais. Metade do cobalto global está na República Democrática do Congo, e quase todo o lítio do mundo é repartido entre Argentina, Chile e Bolívia. Haverá quantidade suficiente para suprir a demanda quando todos os carros forem elétricos? Ou se inventa uma nova bateria ou andar de carro será um privilégio de poucos.

Mas ainda não citei o grande problema. A bateria do carro elétrico necessita, por exemplo, de 100 mil vezes mais energia quando comparada à quantidade necessária para alimentar um smartphone. Como suprir essa demanda, uma vez que a escassez de energia já se tornou um problema real mundo afora?

Voltarei ao Reino Unido para mostrar a você a profundidade do que está por vir. Enquanto muitos pensam que poderão carregar seus carros elétricos em casa, quando bem entenderem, políticos britânicos se anteciparam para estragar os sonhos dos incautos. Eles estabeleceram que os pontos de recarga domiciliares serão programados para desligar por nove horas todos os dias da semana, em horários de pico de demanda, com o fim de evitar apagões na rede elétrica nacional. De acordo com leis que começarão a vigorar em maio do ano que vem, os carregadores não funcionarão das 8h às 11h e das 16h às 22h. Ou seja, um racionamento de energia vai restringir quando e quão distante uma pessoa poderá dirigir. Você pode pensar: não tem problema, basta cada um usar seu carro movido a gasolina. Quem dera. Os ingleses anteciparam a proibição de carros a gasolina e diesel para 2030. O conservador (vejam só) Boris Johnson trouxe, com muita alegria, sua proposta de uma ‘revolução industrial verde’, com o objetivo de chegar a 2050 com emissão zero de carbono.

Ou seja, está chegando uma época em que não haverá energia para o carro elétrico nem combustível para o automóvel a gasolina. Pelo visto, acho que você não vai sair muito de casa. Talvez seja por isso que o Fórum Econômico Mundial divulgou, em 2017, aquela campanha que dizia: “Você não terá nada. E ficará feliz. O que quiser, você alugará e será entregue por um drone”. Tudo começa a fazer sentido. Lembrando que, muito provavelmente, não haverá mais propriedade privada de carros. Engenheiros da Google já estão sugerindo, desde 2014, que as pessoas parem de ver os carros como propriedade individual, e passem a encará-los como serviços. O advento do carro sem motorista trará esse novo mundo. Será um serviço pago. Isso, se e quando houver energia disponível para utilizá-los.

Então, finalmente, o indivíduo se rende, e decide ficar em casa. Pelo menos poderá comer uma carne saborosa. Somente se for uma carne sintética criada numa impressora 3D chinesa, uma vez que o boi está entre os maiores poluidores do mundo, e precisa ser eliminado para o bem de toda a humanidade…

Seja bem-vindo ao admirável mundo novo huxleyano/orwelliano do Grande Reset e do Novo Acordo Verde. Viridi dominatu.

Confira a matéria na Gazeta do Povo

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