A ironia: a ONU Mulheres diz que a palavra “mulheres” é excludente

A ONU Mulheres, organização das Nações Unidas responsável por promover a causa das mulheres em todo o mundo, parece ter apagado a si mesma e qualquer credibilidade que tenha como organização pelos direitos das mulheres.

A ONU Mulheres anunciou em julho de 2019 que se concentraria na “igualdade de todos os gêneros”, em vez de apenas nos direitos das mulheres. É uma das muitas organizações que defendem a causa do direito das “mulheres” não biológicas de reivindicar a condição de mulher, para temor dos grupos de direitos das mulheres de todos os matizes.

A organização deu um passo adiante. Em um documento denominado “Doze Pequenas Ações com Grande Impacto para a Igualdade de Gênero”, a organização afirma: “Termos como ‘masculino ou feminino’ e ‘mulheres ou homens’ excluem pessoas não-binárias e intersexuais que não se enquadram em nenhuma dessas categorias… A linguagem do dia a dia desempenha um grande papel na quebra de estereótipos de gênero e na rejeição ao binário ‘masculino e feminino’. Ao invés de usar termos como ‘senhoras e senhores’ ou ‘meninos e meninas’, troque por um termo de gênero neutro, como ‘pessoal’, ‘crianças’ ou ‘vocês aí’”.

Mas a ONU Mulheres ainda não segue seus próprios conselhos. Se o fizesse, “ONU Mulheres” seria deixado de lado em favor de um nome menos ofensivo. “ONU Pessoal” soa bem. Ou talvez “ONU Vocês Aí” seria melhor.

A família em perigo?

A questão é mais perniciosa do que uma semântica cada vez mais ridícula. A crescente insistência de que “feminilidade”, “masculinidade” e “não-binariedade” estão em disputa – genitais e cromossomos que se danem – é um movimento que a feminista radical Shulamith Firestone articulou e defendeu há décadas, assim como fazem seus descendentes filosóficos.

Firestone disse: “O objetivo final da revolução feminista deve ser (…) não apenas a eliminação do privilégio masculino, mas da própria distinção de sexo”. E ela realmente quis dizer isso.

Firestone disse que, à medida que a causa não-binária avança, as “diferenças genitais entre os seres humanos não teriam mais importância cultural”. Ela quis dizer que não importaria em absoluto se por algum motivo, social ou legalmente, uma pessoa fosse do sexo masculino ou feminino.

Na verdade, poderia ser ilegal distinguir entre os dois. Talvez não tenhamos chegado a esse ponto em nossa sociedade – ainda. Mas as decisões políticas nos níveis local, nacional e internacional têm nos enviado vertiginosamente nessa direção.

Nacionalmente, o exemplo mais recente disso é a votação do Comitê das Forças Armadas da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos para exigir que as mulheres se alistem em nome da “igualdade de gênero”.

Localmente, as guerras travadas a respeito do acesso aos banheiros das escolas são um exemplo poderoso de confusão dos limites entre os sexos.

Internacionalmente, inúmeras iniciativas na ONU e em outros lugares estão levando o mundo a eliminar legal e culturalmente as distinções de sexo entre homens e mulheres, impulsionadas pelo ativismo transgênero e iniciativas de “igualdade de gênero”.

“Não seremos apagados!” agora é um slogan comum no ativismo trans. Eles afirmam que categorizar as pessoas nas categorias arcaicas de “homem” e “mulher” social e legalmente apaga as pessoas que não se consideram nenhum dos dois.

Aquilo para o que parecem estar trabalhando a ONU Mulheres e outras agências da ONU é o mundo que Firestone sonhou – um mundo em que o sexo biológico não é reconhecido como uma característica definidora da identidade de alguém. Em tal mundo, os termos “mesmo sexo” e “sexo oposto” perdem o sentido.

Os termos “mãe” e “pai” também perdem o significado, porque essas palavras são específicas do sexo e, portanto, seriam consideradas inválidas ou discriminatórias. Os próprios cromossomos que repousam nas células de nossos corpos seriam considerados inimigos irrelevantes ou desafiadores de nossa verdadeira natureza.

Qual seria o resultado final de um movimento de massa para obliterar o reconhecimento do sexo físico? Firestone disse que, em tal sociedade, “a tirania da família biológica seria quebrada”.

Como está se tornando cada vez mais aparente, o objetivo da revolução sexual em todas as suas manifestações – incluindo políticas transgênero que obliteram o sexo físico – é atacar e destruir a família.

Mas, curiosamente, a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU diz: “A família é a unidade natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado”.

No entanto, as ações, programas e tratados da ONU nos últimos 20 anos não mostraram um entusiasmo prevalente pelas famílias. Na verdade, pode-se dizer que houve uma luta feroz para desmembrá-las.

Mas há algumas boas notícias. Apagar ou destruir a família será impossível no fim das contas. Uma vez que a família está enraizada na anatomia inerentemente regenerativa das pessoas, homens e mulheres continuarão a existir, não importa como os chamemos ou não.

Homens e mulheres também continuarão a produzir bebês. E esses bebês vão atrair o coração de seus pais na direção deles como nada mais pode. E as palavras ofensivas e excludentes “mãe”, “pai”, “homem” e “mulher” persistirão e serão mais uma vez faladas com deleite em vez de desdém.

A ONU Mulheres pode chamar a si mesma do que quiser, mas as mulheres estão aqui para ficar.

© 2021 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.

Confira a matéria na Gazeta do Povo

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