A liberdade morreu no Brasil

Brasília - O ministro licenciado da Justiça e Segurança Pública, Alexandre de Moraes, indicado para cargo de ministro do STF, passa por sabatina na CCJ no Senado Federal (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ministro Luís Roberto Barroso, que considerava haver algo de “transcendente” no médium João de Deus, disse que incentivar “posições anticientíficas” não é protegido pela liberdade de expressão. Além disso, numa postagem esta quinta, o ministro falou sobre combater discurso de “ódio” nas redes sociais:

No TSE, lembrei que as redes sociais precisam assumir a responsabilidade contra a difusão do ódio, da mentira deliberada e de ataques destrutivos às instituições. Não pode haver neutralidade e nem proveito financeiro sobre o que destrói a democracia.

Quem decide o que é mentira? O ministro se considera o juiz final para determinar o que é mentira, ódio, ou pior, ciência? Qual artigo da Constituição Federal lhe concede tal poder, por obséquio? Não teremos respostas. Afinal, não há mais sequer a tentativa de manter qualquer verniz de Estado de Direito em tanto arbítrio e perseguição.

Funciona assim: a patota define o que é ou quem fala em nome da ciência e parte para a CENSURA descarada! O Dr. Francisco Cardoso questionou se vão começar a queimar livros agora também, e acrescentou: “Em qual artigo da Constituição Federal está escrito que ‘posições anticientíficas’ não encontram respaldo na ‘liberdade de expressão’, Ministro Barroso? Religião e Cultura estão agora proibidos? E quem define o que é ‘posição científica?’ É o Talibã Científico em ação?

Leandro Ruschel também perguntou se é o fim dos cultos religiosos: “Ao afirmar que ‘posições anticientíficas’ não são protegidas por liberdade de expressão, estaria o ministro Barroso abolindo também a liberdade de culto?” É no mínimo assustador quando um sujeito arrogante, que se enxerga como ungido e iluminado, resolve definir o que é ou não ciência.

Lacombe, em sua coluna de hoje na Gazeta, alertou que ninguém vai escapar, que a liberdade se perde num piscar de olhos, e que esse tipo de arbítrio vai engolir a todos: “É proibido pensar, opinar, se expressar, perguntar. É proibido ouvir especialistas, juristas, procuradores, advogados, médicos, cientistas que não sejam os alçados à condição de donos da verdade. Os obcecados pela militância política tomaram tudo.”

Mas sabemos que, por enquanto, a perseguição mira só na direita, e por isso tem o silêncio cúmplice ou o aplauso escancarado da esquerda. Enquanto médicos sérios são tratados como charlatães criminosos, “especialistas” sem CRM em uso e que não atenderam qualquer paciente na pandemia são tratados como a “voz da ciência”. É o caso da cantora “leoa”, que virou comentarista do Globo e da CNN, e não foi para falar de jazz:

Está tudo invertido em nosso país, mas o que a turminha da esquerda não percebe é que está alimentando um monstro guloso, que não vai parar satisfeito quando devorar a direita: vai devorar tudo e todos! É o que o jurista Fabricio Rebelo aponta: “Só se espanta com o avanço do autoritarismo quem, de algum modo, acredita que os autoritários são capazes de rever suas posturas espontaneamente. Não são. Este é um movimento organicamente irrefreável. Sem obstáculos externos, só fica pior. E costuma ser muito rápido”.

Todo projeto totalitário só foi barrado por obstáculos externos. E a escalada está assustadora. Já vivemos num estado policialesco, como mais essa busca e apreensão comprova: “Polícia Federal faz buscas contra Sérgio Reis e deputado Otoni de Paula por ‘incitação a atos violentos contra a democracia’. As ordens foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, a pedido da Procuradoria-Geral da República; também são realizadas diligências contra o caminhoneiro bolsonarista ‘Zé Trovão’, o cantor Eduardo Araújo e o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja Antonio Galvan”.

O presidente Bolsonaro tenta reagir, mas precisa do apoio popular – o mesmo que é chamado de “golpista” pelo STF. Ou seja, temos uma “democracia” estranha, que vai contra… o povo! Bolsonaro entrou com uma ação para impedir o Supremo de abrir investigação sem passar pelo MPF. A Advocacia Geral da União contesta artigo do regimento interno do tribunal que permitiu instauração do inquérito das fake news, em que o presidente passou a ser investigado. O irônico é que só cabe recorrer ao próprio algoz, que certamente vai ignorar…

Por isso o jornalista J.R. Guzzo tem subido o tom. Em sua coluna de hoje, ele afirma que os ministros supremos estão em luta aberta pelo poder no Brasil, e diz: “A única coisa que realmente conta é a opinião do STF. No caso, os ministros supremos acham que manifestação do pensamento não é livre; gente de direita, por exemplo, não pode dizer o que pensa. Gente de esquerda pode. É onde estamos.”

E ainda tem a CPI circense como instrumento de mais arbítrio! A quebra de sigilos foi aprovada nesta quinta, de sites sem qualquer indício de crime, muito menos ligado à pandemia. Enquanto a CPI blindou Carlos Gabas, do Consórcio Nordeste, e impediu qualquer investigação sobre o Covidão, comentaristas conservadores estão sendo perseguidos do nada! Alexandre Garcia comentou: “A comissão também quebrou o sigilo de sete canais de notícias, alegando que eles publicam notícias falsas. Interessante que hoje no Brasil há um negócio bem totalitário. O que é notícia falsa? É aquela com a qual eu não concordo. É mais ou menos isso.”

Por isso é tão importante a manifestação do dia 7 de setembro. Será um aviso de que o povo brasileiro não vai aceitar se subjugar docilmente, que está atento aos descalabros do sistema. O senador Eduardo Girão já avisou que estará lá presente, lutando pela liberdade de expressão no país:

E o presidente Bolsonaro também se manifestou: “Vamos ter uma fotografia para o mundo do que vocês querem. Eu só posso fazer alguma coisa se vocês assim o desejarem”. O clima está tenso, e não é para menos. Os ministros supremos ultrapassaram todos os limites, e esses jornalistas com cara de paisagem são cúmplices dos abusos. Tem até mesmo pseudoliberal aplaudindo, por puro ódio ao bolsonarismo.

Janaina Paschoal detonou essa turma: “É tão gritante que o que o TSE está fazendo é censura, que os jornais falam, com tranquilidade, que os veículos cerceados são bolsonaristas! Como assim? Ser bolsonarista é motivo para desmonetizar? E os muitos veículos, que não se assumem esquerdistas, que apoiam… Para impossibilitar o funcionamento de canais, sites, blogs seria preciso individualizar condutas! Uma medida geral contra bolsonaristas é inconstitucional e antidemocrática! E eu ainda leio Deputados aplaudindo! E se dizem liberais!? Fácil ser liberal com quem concorda!”

“Todos serão forçados a repetir as verdades impostas!”, desabafou a deputada. Está tão evidente o que se passa no Brasil que é preciso enfiar a cabeça na areia, como um avestruz, para fingir que não está vendo o avanço da ditadura. A democracia está em perigo sim, mas não por causa de bolsonaristas. A liberdade já morreu no Brasil. E quem matou foi quem deveria ser o guardião da Constituição, do império das leis, do Estado Democrático de Direito…

Confira a matéria na Gazeta do Povo

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