Iraniano Farhad Marvizi vai a júri pela morte de comparsa que atirou em auditor da Receita Federal

A vítima do homicídio havia participado do atentado contra o auditor da Receita Federal José Jesus Ferreira a mando do iraniano e acabou morta por não ter completado o “serviço” e cobrado o restante do dinheiro ao estrangeiro

júri iraniano
Legenda: O iraniano segue preso em uma penitenciária federal. O júri deve acontecer em março do próximo ano

Após 13 anos do crime, o iraniano Farhad Marvizi deve sentar no banco dos réus pela morte do comerciante e ex-funcionário da Coelce, Francisco Cícero Gonçalves de Sousa, conhecido como ‘Paulo Falcão’. O julgamento do estrangeiro que, durante anos, chefiou um grupo de extermínio no Ceará, está agendado para acontecer no próximo dia 4 de março de 2022, a partir das 9h, na 5ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza.

O iraniano é acusado de ordenar o assassinato, executado por um policial militar identificado como Ivanildo Mariano Silva. O júri do PM também ainda não aconteceu, mas segue sem data, já que o processo do agente foi desmembrado e a defesa ainda recorre da sentença de pronúncia.

Consta nos autos que a vítima do homicídio foi contratada por Farhad para que matasse um auditor da Receita Federal que vinha incomodando os negócios ilegais do iraniano. Quando o atentado contra o auditor não teve êxito e o homem sobreviveu, ‘Paulo Falcão’ ficou na mira de Farhad Marvizi.Em 2012, o iraniano já foi condenado pela tentativa de homicídio contra o auditor da Receita Federal José de Jesus Ferreira

EXPECTATIVA PARA O JÚRI

O julgamento de Marvizi chegou a ser designado para acontecer no dia 6 de maio de 2020. No entanto, com pedido da defesa e por decisão do Judiciário, a pandemia causada pelo coronavírus impossibilitava a realização cumprindo medidas seguras de saúde pública naquele momento.

Segundo a advogada de defesa do iraniano, Paloma Gurgel, Farhad “anseia pelo julgamento, certo de sua inocência e está tranquilo em relação a isso”. A defesa acresentou ainda que a denúncia foi ofertada e recebida em julho de 2011, então o réu espera pelo júri há mais de 10 anos.

“A pronúncia ocorreu apenas em fevereiro de 2019. Não bastasse a demora excessiva para a formação de culpa, culpado ou inocente, restam claramente violados princípios fundamentais, como a presunção de inocência. Além disso, o direito ao julgamento, sem dilações indevidas, qualifica-se como prerrogativa fundamental que decorre da garantia constitucional do devido processo legal”, disse Paloma Gurgel.

LIGAÇÕES CLANDESTINAS

Conforme a denúncia do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), a ligação entre Marvizi e Paulo Falcão começou em 2008. A vítima era comerciante e ex-funcionário da Coelce e foi contratado pelo iraniano para manipular o medidor de energia dos imóveis dele no bairro Meireles e no Porto das Dunas, em Aquiraz.

Ligações clandestinas feitas e, consequentemente, contas mais baixas. Entre um trabalho e outro, ‘Paulo Falcão’ teria sido designado para resolver um “problema” contra o auditor fiscal da Receita Federal, José de Jesus Ferreira, que estaria incomodando o iraniano  com a intensificação das fiscalizações e apreensões de produtos eletrônicos contrabandeados pelo empresário.

No dia 4 de dezembro de 2008, Paulo Falcão foi contratado para matar o auditor. A oferta em troca do “serviço” era a quantia de R$ 15 mil, com o pagamento antecipado de R$ 4 mil. Cinco dias depois, o plano foi colocado em prática. Jesus Ferreira foi atingido com cinco disparos de arma de fogo no bairro Varjota, em Fortaleza, mas escapou com vida do atentado.

Por não ter concluído o serviço, Farhad não pagou por completo os R$ 15 mil acordados, o que teria desagradado o eletricista e motivado seguidas cobranças e ameaças, por ele ser conhecedor dos negócios ilegais do iraniano.

Cerca de seis meses depois, Paulo Falcão foi executado a tiros dentro da sua pizzaria. De acordo com a acusação, o crime teve como mandante Marvizi, mas foi intermediado por Carlos Medeiros, que contratou o policial militar Ivanildo Mariano Silva para executar o crime. O iraniano e o policial militar Ivanildo foram denunciados por homicídio qualificado por motivo torpe e com meio que impossibilitou a defesa da vítima.

UM NOVO CRIME

Já Medeiros não chegou a ser denunciado, porque foi executado junto com a mulher Maria Elisabeth Almeida Bezerra, no dia 2 de agosto de 2010, cerca de um ano depois da morte de ‘Paulo Falcão’, também a mando de Marvizi em uma nova queima de arquivo. O casal colaborava com a Polícia Federal para desvendar outros crimes do estrangeiro. 

Confira a matéria no Diário do Poder

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