Com mais de duas décadas de experiência como promotor público, Diego Pessi já encarou os casos mais terríveis e não hesita em declarar:
“Você pode ser ateu, mas, quando ingressa no Ministério Público, em pouco tempo você passa a acreditar, pelo menos, na existência do diabo.
Vi tanta coisa… geralmente quando envolve criança, quando você tem filhos, é uma coisa muito difícil, crimes sexuais, crimes contra a vida. Você vê coisas que marcam profundamente quando atua numa vara criminal, qualquer que seja.
O que me marca mais hoje é a mudança do perfil da delinquência, em especialmente em cidades de porte médio, cidade pequena, em razão da atuação de facções.
A criminalidade está muito mais violenta, muito mais impessoal, muito mais organizada e muito mais difícil de conter”, ressaltou, em entrevista à TV Jornal da Cidade Online.
De acordo com o promotor, a impunidade é grande, e dentro dessas redes de violência que se formam nas facções criminosas é muito difícil retirar de lá o indivíduo que ingressa nesse mundo.
“Geralmente saem mortos e grande parte dos índices de violência que acontecem no Brasil estão intimamente ligados a isso.
Hoje em dia, mesmo em cidades menores, não se tem mais o narcotraficante freelancer, ou ele ingressa em uma facção ou ele é morto”, apontou.
Um dos autores do livro Bandidolatria e Democídio, Ensaio sobre o Garantismo Penal e a criminalidade no Brasil, Pessi comentou como a narrativa do bandido vítima da sociedade está impregnada em vários setores:
“Quando se fala em bandidolatria, não se fala apenas de setores do judiciário, isto está entranhado na sociedade como um todo, no meio acadêmico como todo, na imprensa.
Não são, portanto, apenas incautos ou pessoas que não enxergam a gravidade do problema, são pessoas que conceitualmente estão convencidas de que esse tipo de visão é correta e que de uma forma ou de outra vai render bons frutos em algum momento”, lamentou o promotor.
Confira:
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