SALVE CRATEÚS, TERRA DE PIONEIROS, NOS SEUS 189 ANOS DE HISTÓRIA

O dia de hoje, 06 de julho, é dedicado à história da evolução deste município, desde os prístimos tempos da Fazenda Piranhas à Vila Príncipe Imperial, depois Crateús propriamente dito. Não vamos nos deter na exploração deste tema histórico, por ser ele já por demais conhecido nosso.

Detenhamo-nos na apreciação de nossa história e evolução a partir dos primeiros anos do Século XX, com a chegada da Estrada de Ferro em 1912, que atraiu muitos pioneiros vindos de outras regiões para cá, compelidos em busca de mudanças, de aventuras, com vistas a se estabelecerem  na nova terra ainda pouco conhecida. Para aqui veio, principalmente, gente procedente de Sobral, gente pioneira e empreendedora, como Firmino Rocha Aguiar, que até os dias de hoje figura como o seu maior empreendedor, sendo o seu maior feito a iluminação da cidade em 1930, bem como sua primeira indústria de artefatos para a agricultura, inclusive a fabricação de engenhos de ferro em substituição aos de madeira. Foi ele o pioneiro da indústria de chocalhos. Foi ele pioneiro na fabricação do sabão arsenical, para o tratamento de peles e couros, foi pioneiros ao montar o primeiro tear para a fabricação de reses.

Vicente Aguiar Souza, trouxe de Massapê-CE, a sua Farmácia Aguiar, fundada naquela cidade em 1901. Norberto Ferreira (pai de Ferreirinha) e Antônio Pierre Aguiar alimentaram de pão a cidade de Crateús. Edgard Albuquerque veio de Sobral e instalou-se no ramo de compra e venda de gêneros, peles e couros etc. e, mais tarde tornou-se pioneiro ao montar aqui o primeiro cinema e o primeiro teatro, aos quais denominou de Cine Teatro Luz. Foi ele o pioneiro no entretenimento da cidade.

Crateús evoluía, principalmente, no setor da agropecuária, tornando-se grande produtor de mamona, algodão e oiticica e de cera de carnaúba. Por essa época, surge a Cia P Machado, com grande capital, que funcionava como verdadeiro banco, tendo como seu sócio principal Pedro Machado da Ponte, além de José Carlos de Pinho. A família Machado era formada por muitos irmãos, todos trabalhando no mesmo ramo.

Pedro Machado, com a sua Casa Bancária, financiava a produção de algodão, ou seja, comprava a produção “na folha”. Foi ele um grande empreendedor. Antes de Pedro Machado, já pontificava no mesmo ramo, Sebastião César de Almeida Vale e Miguel de Araújo Cardoso, o primeiro falecido ainda jovem, em 1934.

Nos anos de 1940, destacou-se como pecuarista inovador, Gonçalo de Melo Lima (Gonçalo Tobias). Foi ele o pioneiro que foi buscar na Bahia a raça do gado Zebu e Gir. Da Bahia a Crateús o gado chegava em boiadas, comendo o chão com as patas. Gonçalo Tobias espalhou estas raças bovinas por grande parte da nossa região. Daqui partiam reprodutores levados por seus vaqueiros, para serem vendidos aos fazendeiros. Assim, os rebanhos, aos poucos, melhoravam na qualidade e na produção leiteira. São Poucas as pessoas vivas que conhecem esta história de pioneirismo.

Do Ipu, veio o major Auton Aragão, que aqui deixou a sua marca, até hoje bem visível, o Crateús Club, construído em estilo neoclássico, e duas belíssimas residências, onde uma delas pertenceu a Raimundo Rezende, e onde hoje funciona uma das Farmácias Pague-Menos. A outra é propriedade dos herdeiros de Gonçalo Soares Dias, ambas modificadas em suas fachadas.

Mas, o que de fato veio para mudar radicalmente esta cidade, foi a chegada aqui do 4º Batalhão Ferroviário, por influência de um ilustre conterrâneo, na época (1955) o Ten. Cel. Souto Maior, seu primeiro comandante. Depois foi transformado em 4º BEC, que posteriormente foi levado para a cidade de Barreiras, na Bahia, passando a ser substituído pelo 40º Batalhão de Infantaria. A presença do Exército Brasileiro em Crateús já conta 66 anos. O Exército o responsável por milhares de emprego em nossa cidade.

Crateús nunca parou de crescer e aos poucos se desenvolver. Nossa maior carência foi e continua sendo de políticos dedicados ao desenvolvimento de nossa terra que, maliciosamente sempre foi tratada como a terra do “Já teve”. Citamos como exemplo nos anos de 1960, quando  tínhamos uma linha aérea que serviu a cidade por vários anos. Hoje, que a cidade multiplicou o seu tamanho, tem o seu aeroporto com extensa pista, mas não temos uma linha aérea.

Na política, nenhuma cidade do Ceará foi pátria de quatro senadores: Valmir Campelo Bezerra, Sérgio Machado. Benito Veras Farias (Beni Veras) e Antônio Jucá.

Na Literatura, destacaram-se o poeta José Coriolano e Abelardo Montenegro, este, considerado um dos maiores escritores do Estado, com cerca de 50 livros publicados. Abelardo Montenegro foi economista e professor catedrático da Universidade Federal do Ceará, e também se destacou como dos maiores jornalistas e pesquisadores.

Na Educação, tivemos grandes destaques, tais como os professores Luiz Bezerra, Luiz Araújo Melo (Luiz Mano) e as educadoras Carlota e Fausta Colares, Francisca Rosa, Dona Raimundinha Campelo, Leonor Rosa, Dona Rosa Moraes, Lionete Camerino, Nair Colares, Airam Veras, Maria Luiza Monte, ente outras.

Como destaque no desenvolvimento de Crateús, ninguém foi mais eficiente que nosso antigo vigário, o Padre José Maria Moreira do Bonfim, a partir de 1944 quando nomeado pelo bispo de Sobral, Dom José Tupinambá da Frota para exercer o pastoreio de almas de nossa cidade.

Padre Bonfim foi o fundador do Círculo Operário de Crateús, da Associação das Mães Cristãs, da Associação das Senhoras de Caridade, do Patronato Senhor do Bonfim, do Ginásio Pio XII, da Sociedade Pró Hospital São Lucas, e dirigente da construção do mesmo hospital, da União do Clero da futura Diocese de Crateús. Foi presidente da Comissão de Aquisição de Recursos para a instalação da Diocese de Crateús e encarregado dos serviços da mesma instalação. Reformou a Igreja matriz e futura Catedral, e todas as capelas da Paróquia do Senhor do Bonfim, mantendo a construção das capelas de Poty, Graça, Queimadas e a Igreja de São Francisco. Construiu o Salão Paroquial e adquiriu a então Escola Normal Rural de Crateús e seu prédio que entregou como o Patronato Senhor do Bonfim às filhas de Santa Tereza de Jesus (freiras). Vigário da Paróquia desde 1º/01/1944, foi também vigário encarregado da Paróquia de Novo Oriente. Foi ainda diretor, por alguns anos, da Escola Normal Rural, do Patronato e do Ginásio Pio XII.

É preciso que seja dito que o que está acima descrito, foi apenas um resumo de sua passagem como vigário de Crateús. Tem ainda ao seu crédito a Reforma da Igreja Matriz, que ganhou o formato de Cruz e teve aumentado o seu comprimento.

Padre Bonfim, inegavelmente, foi, juntamente com Antônio Pierre Rocha Aguiar, os dois maiores benfeitores de Crateús, sendo Antônio Pierre o construtor da Igreja de São Vicente e o construtor de uma vila de 11 casas destinadas a acolher os pobres desamparados.

Crateús não para de crescer e de se desenvolver. Há muitas obras ainda a ser construídas. A maior delas a construção da barragem Lago de Fronteiras, no distrito de Ibiapaba. Depois de construída, acabar-se-ão as secas em Crateús.

Salve Crateús, pelos seus pioneiros, pelos seus filhos ilustres e pelo seu prefeito Marcelo Machado, que se revelou grande administrador. Salve Crateús nos seus 189 anos de história.

César Vale-Jornalista

Be the first to comment on "SALVE CRATEÚS, TERRA DE PIONEIROS, NOS SEUS 189 ANOS DE HISTÓRIA"

Leave a comment

Your email address will not be published.


*