EN PASSANT Nº 05

Três  atitudes distintas, a conferir

  • A primeira delas é com relação ao gesto humanitário  e de fortes laços de empatia do presidente  dos Estados Unidos da América, Joe Biden, relativo  à valiosa  e oportuna doação de 3 milhões de doses de vacinas  contra a Covid-19 ao Brasil. Pelo  que se sabe, o  governo americano  fez  idênticas doações  a diversas outras nações. Nossa gratidão  ao presidente Biden. Sem dúvida, esse é mais um  sinal  de grandeza que vem  a corroborar o nosso sentimento de que aquele país  está sendo comandado  por  um  verdadeiro estadista.
  • A segunda atitude, que  deve merecer o  reconhecimento das pessoas de bem deste país,  diz respeito à postura ética adotada pelo servidor público  do Ministério da Saúde, Luiz Ricardo Fernandes de Miranda, frente à  nebulosa negociação para  compra  da  vacina indiana   covaxin, no valor global de 1,6 bilhão de reais. Segundo noticiado, o servidor se recusou  a agilizar com seu aval a importação do imunizante,  mesmo sob  pressões atípicas  que sofreu de seus  chefes imediatos. Além disso, na companhia do irmão, deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), denunciou pessoalmente ao Presidente da República as alegadas irregularidades. O certo é que, se não tivesse ocorrido a denúncia, tudo indica que a transação teria seguido seu curso normal  e  ocasionaria  elevado prejuízo aos cofres públicos. Ora,  se as autoridades competentes estivessem realmente empenhadas  em combater à corrupção,    e uma vez  confirmados  os supostos atos  delituosos, o  referido servidor deveria ser condecorado  pela postura correta que todo agente público tem o dever funcional de  adotar diante de situação dessa natureza. Mas, ao contrário disso e pelo que declarou o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República,  tanto o deputado como seu irmão  deverão  responder a processo sob o argumento  de que a denúncia não tem fundamento e que os documentos apresentados foram  adulterados. O caso está sob investigação no TCU, Ministério Público e na CPI da Covid-19. Aguardemos os desdobramentos das investigações para   saber  qual é a versão verdadeira e as consequências  que poderão advir desse imbróglio.
  • A terceira é sobre os atos de incentivo à impunidade que continuam sendo implementados  com incomum rapidez pela Câmara dos Deputados.  Alguém precisa colocar um freio nessas votações relâmpagos realizadas sob o comando do presidente da Casa, Artur Lira, objetivando a  criação de mais mecanismos de autoproteção. No EN PASSANT nº 02, datado de 17/6/21,  comentei sobre as recentes  alterações absurdas da Lei de Improbidade Administrativa. Na ocasião, alertei que, pelo andar da carruagem,  possivelmente a próxima  investida  recairia   sobre a Lei da Ficha Limpa. Pois bem. Não deu outra. Os deputados acabaram de  aprovar modificações na referida lei, também com a mesma finalidade de afrouxar   as regras para que gestores cuja prestação  de contas tenha sido reprovada pelos órgãos de fiscalização, com condenação de  pagamento de multa,  continuem  elegíveis. Meu Deus do céu, que pais é esse! A sensação que passa é que  aqui o crime compensa, pelo menos para aqueles que legislam em causa própria. Indignado, faço o questionamento:  até quando a população vai aceitar passivamente esses deploráveis  retrocessos na legislação de  combate a  ilícitos praticados pelos que se dizem representantes do povo?

      Nosso foco é o Brasil

      Brasília, 28/6/2021. José Leite Coutinho

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