EN PASSANT Nº 02

  • O  Banco Central  elevou  pela terceira vez consecutiva em 2021, a taxa básica de juros da economia (SELIC) de 3,5 para 4,25% ao ano. O objetivo  é frear a inflação, cujo percentual acumulado  nos últimos 12 meses é de 6,76%. Acontece que até agora o remédio aplicado  não surtiu efeito . A disparada dos preços continua  e deverá crescer  com o reajuste  da tarifa de energia elétrica. Como comentei  no EN PASSANT anterior, na opinião de alguns economistas o  motivo do insucesso é que o elevação dos preços decorre de  queda da oferta e não de aumento de demanda. Os EUA, por exemplo,  enfrentam também inflação em alta, mas  não adotaram o mesmo procedimento. Em reunião realizada em 16/6  o Banco Central americano decidiu manter a taxa de  juros entre zero e 0,25%. São países com características econômicas distintas, mas a  questão posta é a seguinte:  será que estamos querendo curar o doente com medicamento sem eficácia comprovada?
  • O plenário da Câmara dos Deputados acabou de aprovar, em regime de urgência e com o apoio maciço do CENTRÃO,   o projeto que afrouxa as regras da Lei de Improbidade Administrativa. Além de incentivar o nepotismo, as alterações introduzidas representam um retrocesso na legislação utilizada para combater a corrupção, pois  dificulta a punição de agentes públicos que cometerem  atos de improbidade. Depois do desmonte da Lava Jato não nos causará supressa se a próxima investida recair sobre alteração na Lei da Ficha Limpa. Percebe-se que é fácil e rápido legislar em causa própria, mesmo sabendo tratar-se de ato eticamente reprovável. Enquanto isso, os projetos de reformas de interesse da coletividade vão ficando para trás.
  • Cientistas políticos afirmam que  na campanha eleitoral de 2022  serão explorados  com mais frequência questões relacionados à pandemia do coronavirus (número de óbitos, atraso na vacinação, falta de coordenação  nacional,  tratamento precoce etc.), corrupção, desemprego, inflação, entre outros temas de interesse dos eleitores.
  • Estudo  do Instituto  de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)  aponta  que o Brasil apresenta desigualdade social  de renda de 51,5%, à frente de países como EUA, Alemanha e Grã-Bretanha. Outro indicador que chama atenção é que mais de 27% da renda    está concentrada nas mãos de apenas 1% da população. Com os impactos da crise sanitária do coronaviruas o aprofundamento da  desigualdade tende a crescer.

Nosso foco é o Brasil

Brasília, 22/6/2021. José Leite Coutinho

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