O QUADRO NÃ0 É TÃO FEIO COMO SE PINTA

A vida e a economia formam uma união perfeita e indissolúvel

A vida é o bem mais precioso que temos. Tanto é verdade que mesmo  em situação de extrema gravidade, luta-se  com todas as  forças e por todos os  meios disponíveis  para que ela não pereça . Sem dúvida, é  desolador tomar conhecimento de notícias dando conta de  que mais de 470 mil brasileiros partiram para uma nova vida em consequência apenas da Covid-19. A nível mundial, cerca de 3.225.000  pessoas perderam a  vida para a doença.   Todos os dias elevo minhas preces suplicando a Deus que dê o necessário amparo e conforto aos familiares das vítimas e que ilumine nossas autoridades para  direcionarem todos os esforços  possíveis com vistas a imunizar  a  população, já que a vacinação é o único caminho capaz de exterminar ou pelo menos manter sob controle a propagação desse terrível vírus.

Tanto a vida como a economia são importantes  em qualquer cenário. Uma não pode excluir a outra. Pelo contrário, as duas estão vinculadas entre si e se alimentam reciprocamente. Portanto, o ideal é  que se possa  cuidar de uma sem, contudo, descuidar da outra. Só assim  será possível alcançar o objetivo que almejamos, que é  salvar vidas e assegurar as condições necessárias de empregabilidade da população economicamente ativa.

Fiz esse introito para dizer que apesar das restrições impostas pela grave crise sanitária e do quadro mal pintado pelos  pessimistas, a recuperação da economia brasileira é um fato incontestável. Os indicadores  recentes sinalizam  que estamos no rumo certo. Senão vejamos.

Primeiramente, vale relembrar que  até há pouco tempo  vários especialistas do mercado afirmavam que haveria uma forte queda da atividade econômica e que  Produto Interno Bruto (PIB)  brasileiro em 2021 seria negativo. Felizmente, não é isso que está  acontecendo. De acordo com informações divulgadas pelo  Banco Central e  Ministério da Economia,  no primeiro trimestre deste  ano o PIB cresceu 1,2%,  comparativamente com igual período de 2020, superando  países  como  a Bélgica e França, cujo crescimento não superou a 0,6%. Vários países de economia desenvolvida tiveram queda,  como    Alemanha    (-1,8%), Reino Unido (-1,5), Estado Unidos (-4,1%), Japão (-1,3%), entre outros.

 A mudança positiva de cenário possibilitou a geração de cerca de um milhão de novos empregos com carteira assinada, nos quatro primeiros meses de 2021, número que pode  ser considerado expressivo, levando-se em conta que o país ainda enfrenta os efeitos nefastos da crise sanitária. A nova previsão dos economistas é que o crescimento do PIB, ao final deste ano, será  da ordem de 4%, podendo, para os mais otimistas,  atingir um percentual ao redor de 6%. Cabe assinalar que após a divulgação dessa notícia houve melhoria na situação cambial. A bolsa de valores está  batendo recorde e o dólar vem caindo e já atingiu o menor patamar desde  dezembro  de 2020. Em contrapartida, o real obteve o melhor desempenho entre  as moedas globais e tudo indica que a dívida pública deve fechar o ano com valor bem abaixo  do incialmente previsto.  Claro que   algumas pedras ainda remanescentes  no  meio do caminho precisarão ser removidas  para  que todas as previsões sejam confirmadas, como a vacinação em massa da população, a aprovação das reformas estruturais  importantes –  que  agora tramitam  com mais agilidade no Congresso Nacional –  e o efetivo controle dos índices inflacionários, a fim de que as classes de rendas mais baixas possam também usufruir dos benefícios gerados com os  indicadores favoráveis à  recuperação econômica.

É  pertinente mencionar  o sucesso alcançado ultimamente na área de infraestrutura, com a construção e conclusão de várias obras que estavam há muito tempo  paralisadas, bem como a transferência para  iniciativa privada da administração de estradas, ferrovias, portos, aeroportos  e saneamento básico. Tais  medidas  estão contribuindo para melhorar o ambiente  de negócios, possibilitando  o ingresso de recursos financeiros para ajudar no  equilíbrio das contas pública.  Além de   contribuir para que o Estado possa concentrar seus esforços em atividades essenciais  à vida da população e que são de sua responsabilidade direta por força de disposições constitucionais.

Por fim,  merece   especial destaque a pujança das atividades  agropecuárias. As safras agrícolas vêm crescendo de forma vigorosa a cada ano  e o que é muito importante  com sucessivos   ganhos de produtividade,  o que contribui  para manter  as áreas destinadas  à preservação  ambiental. O setor é  motivo de orgulho dos braseiros. O  Brasil alimenta hoje mais de um bilhão de pessoas no mundo. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), estamos entre os cinco maiores países produtores de alimentos. As exportações desses produtos e  de outras matérias primas  têm contribuído de forma significativa para melhorar  cada vez mais os resultados da balança comercial do país.

Encerro minhas palavras com uma  breve reflexão para os leitores. E  o faço  iniciando  com uma curta,  mas histórica  frase dita  por volta de 70 a.C, pelo grande guerreiro de Roma, general Pompeu Magno e repetida em um de seus livros pelo polivalente escritor português, Fernando Pessoa.   Navegar é preciso. Às vezes as ondas se apresentam revoltas, aparentemente intransponíveis. Mas nem por isso se deve desistir de remar o barco para que ele siga sua trajetória e alcance o destinado planejado. Assim é a vida e é assim que  ocorre na economia.

Nosso foco é o Brasil.

Brasília, 7/6/2021 José Leite Coutinho

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