Vendas de imóveis crescem e intenção de compra se mantém estável no país

Tower cranes working at construction site on blue sky background. Construction process of the new modern residential buildings. Construction roads and streets in city. Soft focus

“Este será o melhor dos anos para o mercado imobiliário”. A afirmação exposta pelo vice-presidente da da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Celso Petrucci, em webinário realizado na manhã da última terça-feira (25), sintetiza o que os números do primeiro trimestre apontam para o setor em 2021.

Com um aumento de 27,1% e um total de 53.185 unidades vendidas — no comparativo com o igual período de 2020 e segundo dados da CBIC –, o mercado imobiliário segue tendo nos juros baixos e na oferta de crédito seus principais propulsores para enfrentar e, neste caso, rumar na contramão de alguns setores da economia, que ainda sofrem os impactos causados pela pandemia da Covid-19 no Brasil.

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Somente nos primeiros três meses de 2021, o volume de financiamentos imobiliários mais que dobrou se comparado ao igual período do ano anterior, passando de R$ 20,25 bilhões para R$ 43,09 bilhões (acréscimo de 112,8%). No acumulado dos últimos doze meses, a alta é de 76% e soma R$ 146,81 bilhões. Os dados referem-se aos financiamentos realizados pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE) e são da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

“Estamos em um período bastante auspicioso em relação aos financiamentos imobiliários. Quando olhamos os acumulados dos últimos 12 meses, principalmente o SBPE, a demanda por financiamento não arrefeceu, ao contrário, continua crescendo. Ainda estamos pagando um preço pela crise passada. Então, grande parte dos financiamentos para a aquisição, em torno de 75%, são para imóveis usados. Mas já vemos a volta do financiamento tanto para imóveis novos como também para a produção”, avalia o vice-presidente da CBIC.

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Somado a eles, deve-se destacar também a estabilidade no apetite de compra do consumidor, que se mantém na casa dos 42% em março deste ano, ou seja, um ponto porcentual abaixo do registrado no mesmo mês de 2020, quando os efeitos do coronavírus ainda não eram tão relevantes no país. O número também é 22 pontosporcentuais acima do menor índice registrado desde então, quando a intenção de compra chegou aos 20%, número tido como basal para o setor.

Entre os interessados em adquirir o bem, 82% buscam um imóvel residencial, enquanto 6% procuram unidades comerciais. Os 12% restantes estão em busca de unidades de ambos os segmentos.

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Se em outros momentos os imóveis enquadrados no programa Casa Verde e Amarela estavam entre os principais responsáveis por manter o mercado aquecido, agora a demanda está disseminada, como aponta Marcos Kahtalian, sócio-fundador da Brain Inteligência Estratégica.

Entre os 42% dos 1.377 entrevistados pelo levantamento realizado pela empresa que disseram ter o desejo de adquirir um imóvel, a maior faixa (53%) é de pessoas com renda mensal acima de R$ 15 mil, seguidos pelos 45% com rendimentos entre R$ 9 mil e R$ 15 mil e que, em geral, buscam imóveis com ticket médio mais elevado.

“O imóvel entrou no cardápio definitivo da carteira de investimento, de ativo, de mobilização e de troca das rendas altas”, acrescenta Kahtalian. “O que trouxe a classe média, média alta e a classe alta para o mercado imobiliário foi o movimento de queda da taxa Selic. Hoje, não vale a pena você deixar dinheiro em nenhum tipo de fundo, a não ser que você queira correr muito risco. Então, aquelas famílias estão vendo a aquisição do imóvel como uma aplicação financeira”, destaca Petrucci.

Além da pulverização da demanda, e acompanhando os dados referentes aos financiamentos, a preferência do consumidor está voltada para os imóveis prontos, em especial para os usados, apontados por 36% dos respondentes. Os novos são objetos de desejo de 35% dos ouvidos pelo estudo, enquanto as unidades na planta aparecem no horizonte de compra de 29% dos entrevistados, tendo entre a maioria de seus potenciais compradores pessoas com rendas entre R$ 2,5 mil e R$ 4,5 mil e R$ 4,5 mil (34%) e R$ 9 mil (30%).

“Grande parte dessas unidades usadas é estoque que está na mão dos incorporadores, parado. Houve redução clara do estoque pronto”, aponta Kahtalian, referindo-se à oferta atual de cerca de 154 mil unidades à venda no país.

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Item comum à intenção de compra de pessoas de todas as faixas de renda, a localização do imóvel próximo ao trabalho ainda é preferível pela maioria delas (63%), mesmo que a área do imóvel seja menor, no comparativo com uma unidade maior, porém mais distante das atividades cotidianas.

Desafios

Mesmo com leve alta de 3,7% no primeiro trimestre de 2021, comparado com o igual período de 2020, que resultou em 28,3 mil novas unidades, o ritmo ainda lento de lançamentos é um dos principais desafios que se apresentam para o setor.

“Não estamos conseguindo, quer por problemas de licenciamento ou pelo conservadorismo das empresas, ofertar o número de empreendimentos, de unidades que o país suporta. A demanda por imóvel no país é ainda muito forte. Mas nós nunca conseguimos ofertar o número necessário, e temos outros problemas: a renda [do brasileiro] não cresce e o desemprego é alto. Se não fosse assim nossa oferta final [atual] daria para seis meses [de vendas], o que poderia gerar aumento de preço [do bem], o que também não é bem-vindo”, sentencia o vice-presidente da CBIC. Em março deste ano, 153.914 unidades novas estavam à venda no país, o menor volume desde janeiro de 2016.

alta do preço dos insumos, materiais e equipamentos para construção, que cresceu 12,98% nos últimos doze meses até abril — a maior variação para o período desde fevereiro de 2009 (11,67%), segundo dados do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) –, também incrementa a lista dos obstáculos a serem vencidos pelos incorporadores nos próximos meses.

Confira a matéria na Gazeta do Povo

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