Lobby privado tenta barrar a Ferrogrão, porque ferrovia será o maior regulador de tarifa no Brasil, denuncia Tarcísio

Tarcísio Gomes de Freitas, Ministro da Infraestrutura do Governo Bolsonaro, afirmou, na sexta-feira (23), em live promovida pelo Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará, que “inocentes úteis” tentam barrar a construção da Ferrogrão, um projeto que prevê a ligação ferroviária do Médio-Norte de Mato Grosso ao Porto de Miritituba, no Pará, e pretende ser o principal centro de escoamento de grãos de MT, papel hoje exercido pela BR-163.

“A questão grande da Ferrogrão é que ela vai ser o maior regulador de tarifa do Brasil. Então aqueles que vão competir com a ferrovia não querem a Ferrogrão. E aí é muito fácil usar do discurso ambiental contra a ferrovia (…). E o cara que cobra hoje o frete rodoviário ou faz o transporte de ferrovia cobrando o preço rodoviário não quer que essa ferrovia saia. O jogo é muito claro”, explicou.

Segundo o ministro, o discurso ambiental contra a obra é uma “cortina de fumaça” criada por quem não quer o ambiente de competição que será imposto com o novo traçado.

“A questão da Ferrogrão não tem nada a ver com o meio ambiente. Isso é uma ‘cortina de fumaça’. A grande questão da ferrovia é que ela será o maior regulador de tarifa do Brasil. Aqueles que vão competir com a Ferrogrão não querem isso”.

“É muito fácil usar o discurso ambiental contra uma ferrovia. O que é um absoluto contrassenso. Como é que uma ferrovia não é um negócio sustentável? Só no Brasil”, ironizou.

E acrescentou:

“Há uma utilização de inocentes úteis para barrar o projeto de uma ferrovia que vai ser transformadora para a nossa logística”.

Freitas desabafou que ONGs e povos indígenas estariam sendo usados por interesses diversos ao da proteção ambiental e do respeito a essas comunidades.

“Aí vou lá, patrocino uma ONG, pega um indígena e boto debaixo do braço. Vou lá na Redação de um jornal pra dizer que a ferrovia é ruim ou contrato um consultor para dizer que a ferrovia não faz sentido”, disparou, acrescentando que a iniciativa privada apoiou o projeto.

“Se não fizesse sentido (a ferrovia), nós já teríamos abandonado”, garantiu.

Tarcísio comentou ainda o que seria uma contradição se opor ao projeto.

“O troço é tão maluco que, quando a gente fala em pavimentar a BR-319, vem os ambientalistas (e dizem): ‘um absurdo fazer a pavimentação da BR-319. Caberia aqui uma ferrovia’. Quando a gente fala em fazer a Ferrogrão, (dizem): ‘um absurdo fazer uma ferrovia aqui. Aqui tem que duplicar a BR-163’. Espera aí, gente, decide aí. Esse papo é de maluco”.

“(A ferrovia) vai deixar nosso produtor o mais eficiente do mundo, que ele já é eficiente da porteira para dentro e vai ser eficiente da porteira para fora. Que aquele cara que já produz 80 sacas por hectare – contra 40 sacas por hectare do americano – vai começar a transportar grãos com 40% menos de frete”, comemorou.

Pelas contas do Governo Federal, a ferrovia de 933 quilômetros de expansão vai custar aos cofres públicos R$ 21,5 bilhões. Desse total, R$ 8,4 bilhões serão investidos para colocar a linha férrea em operação, o que deve acontecer em 2030.

O Governo do presidente Jair Bolsonaro pretende leiloar o projeto ainda este ano, mas aguarda permissão do Tribunal de Contas da União (TCU). Além disso, precisa derrubar liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) que, surpreendentemente, suspendeu mudanças nos limites da Floresta Nacional do Jamanxim para a passagem da ferrovia.

Confira a matéria no Jornal da Cidade

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