Após a decisão de Fachin e a pressão de Gilmar Mendes, a turma lavajatista – sempre em defesa da mais famosa operação policial da história do Brasil – entrou em choque. As verdades que surgem, são compatíveis com o “Faça a coisa certa”? É uma questão sensata.
O problema está em endeusar pessoas – prática condenada na Bíblia.
E brasileiro médio é chegado em criar um ídolo, especialmente, com pés de barro. Jogadores de futebol, artistas e, agora, juízes e promotores. Já defendi a operação Lava Jato (LJ) com todas as forças. Quem não defendeu? Vimos os políticos de sempre sendo engaiolados. Era uma festa!
Até que percebi algo fora do lugar. Decidi investigar – cada um tem seu tempo para descobrir a verdade. Quando surgiram alguns sites de esquerda falando de seletividade, fiquei surpreso e passei a olhar de modo mais crítico e cauteloso. Ué? Eles não estavam fazendo a coisa certa?
Para mim, a ficha da LJ caiu quando ouvi Deltan lamentar a esquerda “não ter abraçado a pauta anticorrupção”, na eleição 2018. Não era uma piada sinistra. Não era ironia. Ele falava a sério. Após a eleição de Bolsonaro, tendo o PT SAQUEADO o País, não era possível ele ter dito isso.
Aí a suspeita ficou séria.
Por algum motivo, a peça inicial que nos foi apresentada, muito depois das denúncias de Hermes Magnus, era o doleiro Alberto Youssef, que já estava envolvido no escândalo Banestado (muito maior do que o Petrolão, segundo especialistas). E aí já temos um problema!
Por que o famoso procurador da LJ, que integrou a força tarefa do Banestado, em 1997, não falou que sua esposa trabalhava no Banco como escriturária no setor de abertura de contas, segundo a imprensa, exatamente na agência onde a maioria das contas laranja foram abertas? E o conflito de interesses? Ele não fez a coisa certa?
E por que o mesmo procurador, na CPI do Banestado, em 2003, tentou impedir os parlamentares de terem contato com documentos do caso, nos EUA? Para mim, é muito estranho. A CPI terminou em PIZZA, claro. Será que não fizeram a coisa certa?
Não sabia de nada disso até recentemente. Também achei estranho que nem Moro, nem o promotor fizeram nenhuma pergunta ao ex-governador do Paraná, Álvaro Dias, quando este prestou depoimento. Não fizeram a coisa certa?
Dias foi do PMDB, PSDB e, hoje, lidera o Podemos. Tem uma ligação umbilical com o PSDB, especialmente, o FHC. Sabia que antes de sair candidato à Presidência, ele pediu autorização à FHC? E declarou: “Não há força humana capaz de promover um recuo em relação à nossa candidatura”.
FHC é poderoso! Bastou sua autorização (note a forte ligação) para Dias ficar valente. Depois da eleição, com Moro ministro, Dias vivia defendendo o pupilo e dando conselhos. Seria o motivo para chamarem tantos paranaenses ao ministério? Fizeram a coisa certa?
Também achei estranho a papelada sobre Dias, que deveria ser enviada ao STF, devido ao foro privilegiado, jamais chegar ao destino. Será que não fizeram a coisa certa?
Achei constrangedora a revelação de mensagens em que Moro critica o Ministério Público por causa de FHC: “Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante”. Será que ele fez a coisa certa?
Pelo que tudo indica, a LJ nasceu politizada – da quase exclusão dos políticos do PSDB do rol de condenados; do Pacto de Princeton (entre FHC e Lula) ser, clara e definitivamente, rompido pelo PT com a reeleição de Dilma; e a relação evidente e estreita entre Moro-Dias-FHC.
Some a política declaração de Deltan (sem falar dos demais procuradores) de que precisavam se “descolar do Bozo para angariar apoio dos jornalistas, sem perder o apoio dos apoiadores do Bozo” – e tudo se encaixa. Estavam fazendo a coisa certa?
Com isto, caem duas teses: a da defesa do ex-presidente (condenado a partir de 3 mil evidências) de que a LJ foi usada para eliminá-lo da disputa e favorecer Bolsonaro; e a tese de que a LJ veio acabar com a corrupção – isto não é verdade, pois o PSDB não foi atingido realmente.
Com o PSDB, a coisa não anda. Por que não anda? Será que o PSDB orientou ou interferiu na LJ? Só o tempo dirá.
O fato, porém, deixa claro uma coisa: o petismo decaiu fortemente nas eleições. Agora, o PSDB precisa ser removido da cena política, vide o estrago que estão fazendo nos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul.
Já está claro que o inimigo agora é outro.
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