UTI no litoral de SP vive dias de caos: “Lutamos, mas fomos vencidos”

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Uma ação conjunta da Defensoria Pública e do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) expõe falhas no abastecimento de oxigênio em São Sebastião, cidade de 90 mil habitantes no litoral paulista, durante a pandemia do novo coronavírus. A reportagem é de Amanda Rossi e reúne falas de profissionais da saúde que sofrem diariamente com problemas estruturais.

“Hoje perdemos um paciente por incapacidade da rede de oxigênio. A equipe lutou muito pelo paciente e fomos vencidos”, escreveu uma médica do Hospital de Clínicas de São Sebastião, em 10 de dezembro do ano passado.

“Rede caiu, todos os pacientes estão no cilindro. Não tem mais cilindro, só chega amanhã. Quase perdemos um paciente”, falou outro médico, em 12 de janeiro.

As mensagens trocadas pelo WhatsApp contradizem o discurso oficial da prefeitura de que nada de anormal aconteceu na unidade hospitalar nos meses de dezembro e janeiro.

A ação pede que a Justiça de São Paulo determine que a prefeitura deixe disponível oxigênio medicinal em quantidade suficiente para atender a demanda de 15 dias e mais uma reserva de igual montante “para evitar risco de desabastecimento”.

A cidade tem 20 leitos de UTI para covid-19. Na quarta-feira (24), seis deles estavam ocupados. Desde o começo da pandemia, 74 pessoas morreram da doença em São Sebastião.

A Prefeitura de São Sebastião disse, em nota, que “conta com usinas de oxigênio próprias e que até o momento não houve qualquer tipo de interrupção do sistema”. Afirmou ainda que vê com “estranheza” as mensagens, já que não foi registrada “oficialmente qualquer irregularidade à direção do hospital”.

Enquanto isso

O Brasil atingiu uma triste marca nesta quarta-feira (24). O país ultrapassou 250 mil mortos pela covid-19.

O cenário é de alta, com óbitos aumentando mais de 30% nos últimos dois meses. Uma explosão que pode ser consequência das aglomerações das festas de fim de ano e do Carnaval. Nesse período, também surgiu uma nova variante do vírus, mais transmissível, em Manaus.

São 34 dias seguidos com média de mortes acima de mil. Mesmo no período mais crítico do ano passado, essa sequência não foi registrada. E a vacinação anda a passos muito lentos, com pouco mais de 6 milhões de imunizados, ou 2,9% da população.

Lúcia Valentim Rodrigues, do UOL
 

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