Nunca votei em Lula; mais que isso, sua figura, sua voz e suas ideias de jerico me causam engulhos há muito tempo – antes mesmo de ele subir ao estrelato do agora partido da estrela cadente e suas contumazes práticas decadentes.
Mas preciso reconhecer que o poltrão, ao chegar à presidência, levou para o Planalto muitas das suas qualidades, cultivadas na vivência sindical estimulada por intelectuais da Esquerda e nos ditames da CNBB, os famosos “Padres de Passeata” de Nelson Rodrigues.
Com Lula chegaram à presidência os iletrados e os apedeutas (não tinha sequer o ensino básico completo); o respeito às tradições católicas (seu compadre Roberto Teixeira sempre o tratou como se afilhado fosse, e aí inaugurou a prática do compadrio desassombrado); o “Deixa rolar que o pixuleco vai entrar” como prática diária (o conceito que ele tem de “trabalho” começa com uma cachacinha, passa por vinhos de ótima safra e termina com whisky 18 anos – ou mais); e da entrega total e absoluta (quando era X9 do DOPS, entregou todos os “cumpanhêro”).
Sem falar que levou a amizade às últimas consequências: o apê era de um amigo, o sítio, de amigos, os jatinhos, dos amigos, até as contas bancárias que usava era dos amigos. Isso é que é ser materialmente despojado e fazer da amizade uma profissão (literalmente!) de fé!!!
Com ele também lá chegaram a sua grande experiência de mediar conflitos e vender greves (sabia como fazer média com a FIESP e a pelegada, levando o dele) o que foi muito importante para que criasse “Campeões Nacionais” (tipo Odebrecht, Eike Batista e JBS, levando o dele). Sem falar da inteligência e da inventividade, já que ele foi gestado na inteligência de Golbery, que o “inventou” como líder sindical.
E não podemos esquecer de sua genialidade metafísica: Lula é o cara (Obama dixit) que sabe tudo dos livros… que nunca leu.
Mas o que mais me impressiona em Lula é como ele, sendo um deficiente ético e moral, conseguiu ultrapassar sua deficiência física. E a superou em muito. Nada de se martirizar por ser um Luiz sem dedo: em toda sua vida deu uma de João-sem-Braço!!
Nunca viu nada, nunca soube de nada, foi traído porque confiou, seus amigos “abusaram de sua confiança” e nunca, nunca, meteu a mão no dinheiro público – o que é verdade, já que depois que caiu na conta da LILS (ou de um “amigo”) era dinheiro privado, ora pois.
E assim faço meu ato de contrição, reconhecendo os méritos do farsante. E antecipo desde já minha admiração pelo ineditismo da sua ação pós-presidência: é o primeiro ex-presidente condenado na história deste país. E que, em breve, vai ter uma cela para chamar de sua (dele!) sem intermediários, sem compadres, sem laranjas.
A Lula o que é de Lula, de direito. E que Justiça se lhe faça.
Alberto Saraiva.
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