Brutais massacres de cristãos por parte de militantes muçulmanos e terroristas têm acontecido diariamente nas regiões norte e central da Nigéria nos anos recentes.
A Nigéria tem uma população de 200 milhões de habitantes, divididos quase que igualmente entre cristãos e muçulmanos. Os cristãos vivem predominantemente no Sul, e os muçulmanos, no Norte. Mais de 11,5 mil cristãos foram assassinados na Nigéria desde 2015, reportou a Genocide Watch (Observatório de Genocídios, em tradução livre) em abril.
Os responsáveis pelas mortes são terroristas islâmicos do Boko Haram (também conhecido como o Estado Islâmico no Oeste Africano), que almeja a criação de um estado califado, como aqueles do Iraque e da Síria entre 2014 e 2015.
Cada vez mais, os assassinos têm incluído outro grupo: nômades fulas que saqueiam vilas e matam homens, mulheres, crianças e bebês cristãos com suas AK-47s e facões. Os fulas são uma enorme tribo que se estende por muitos países africanos, e a grande maioria dos membros do grupo não é responsável pelos massacres, tampouco deve ser incluída na mesma frase que os militantes que estão cometendo essas atrocidades.
Alguns oficiais do governo nigeriano, que notoriamente não está sob o Estado de Direito, têm sido cúmplices nos ataques. Dados de celulares deixados para trás pelos assassinos mostram que seus donos estão dentro do governo. A polícia também é cúmplice, de acordo com relatos. Algumas estações policiais não têm atendido a chamados de violência anti-cristã mesmo quando tiros e gritos são claramente ouvidos a centenas de metros de distância. Essa inação policial é comum quando as vítimas não são cristãs. Os terroristas também se beneficiam dos milhões de dólares que conseguem em resgates, o que faz a Nigéria ser chamada de capital africana do sequestro.
A Nigéria deveria proteger o Estado de Direito por meio do uso de seu exército para combater esses criminosos. Os dados nigerianos no Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundationmostram que o país está entre os piores do mundo na defesa do Estado de Direito. As mais vis formas de crueldade e brutalidade não são enfrentadas. O terror reina em vilarejos cristãos.
Um novo livro chamado “The Next Jihad: Stop the Christian Genocide in Africa” (“A próxima Jihad: Parem O Genocídio Cristão na África”, em tradução livre), documenta as atrocidades e alerta que um genocídio ainda mais maciço pode acontecer se o governo nigeriano e a imprensa global não abrirem os olhos para o que está acontecendo.
Os autores, ambos americanos, viajaram, entre janeiro e março, às cenas de ataques em que mais de 400 cristãos perderam suas vidas. Foram feitas entrevistas com muitos sobreviventes cujas vidas foram arruinadas:
Os saqueadores fulas chegaram na escuridão da noite com seus cantos jihadistas e suas AK-47s. Eles rapidamente mutilaram e mataram cristãos enquanto queimavam todas as construções e pilhavam o que sobrava.
Centenas de incidentes parecidos aconteceram. Nós vimos uma lista confidencial que documenta precisamente 97 ataques de militantes fulas a vilarejos cristãos, nos últimos 5 anos, em apenas um estado. Ainda não vimos um único caso em que os criminosos foram levados à justiça ou forças de segurança evitaram um ataque.
“A próxima Jihad” prossegue descrevendo atos corajosos de alguns muçulmanos que arriscaram suas vidas para salvar vizinhos cristão durante ataques de militantes islâmicos.
Tragicamente, as negações das atrocidades são muitas. Algumas organizações de imprensa têm, de forma ridícula, culpado o aquecimento global pelos ataques a vilarejos cristãos por nômades militantes. Oficiais do governo nigeriano disseram que a Covid-19 pararia os ataques fulas.
Como consequência dos terríveis genocídio em Ruanda nos anos 90, o presidente Bill Clinton discursou a habitantes locais:
Por todo o planeta tivemos pessoas como eu, sentadas em escritórios, [e que,] dia após dia, não compreendiam a profundidade e velocidade que vocês eram engolfados por esse terror inimaginável. Nunca mais devemos nos esconder diante das evidências.
São palavras profeticamente adequadas, considerando a situação atual da Nigéria.
* Patrick Tyrrel é pesquisador na Heritage Foundation.
© 2020 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.
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