Paulo Cupertino viveu 8 meses como ‘Seu Manoel’ em cidade de MS e era cliente assíduo de barbearia e lotérica

Polícia obteve foto de Cupertino ao lado de uma criança; imagem dela foi borrada para preservar a identidade — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Paulo Cupertino viveu 8 meses como ‘Seu Manoel’ em cidade de MS e era cliente assíduo de barbearia e lotérica

O empresário Paulo Cupertino Matias, de 49 anos, que em junho do ano passado matou a tiros o ator Rafael Miguel e os pais dele, esteve em Mato Grosso do Sul e trabalhou em uma chácara em Eldorado, na região sul do estado. Permaneceu na cidade por cerca de 8 meses, usando o nome falso de Manoel Machado da Silva, até ser denunciado e fugir há uma semana, segundo a polícia.

Responsável pelas investigações em Eldorado, o delegado Pablo Reis disse que o assassino foi visto pela última vez no dia 28 de outubro.

Usando barba grande e máscara, o que ajudava no disfarce, Cupertino – ou Seu Manoel, como era chamado – frequentava assiduamente uma barbearia, uma lotérica onde fazia apostas e até o posto de saúde da cidade, após conseguir emitir uma carteira no Sistema Único de Saúde (SUS).

Cupertino matou Rafael Miguel e os pais dele porque não aceitava o namoro de sua filha com o ator. O crime aconteceu em São Paulo.

A polícia soube que Cupertino “envelheceu muito” desde o triplo assassinato, há um ano e quatro meses. Sempre muito discreto, ele começou a sair no início da pandemia, quando se aproveitou da recomendação do uso da máscara para esconder parte do rosto. Também conversava muito pouco com as pessoas.

“Nós vamos ouvir o pessoal da lotérica, da barbearia. E eu também já solicitei imagens de câmeras destes locais. Estamos fazendo buscas do caso e ainda vamos intimar estas pessoas. É uma investigação oriunda de São Paulo, Paraná e nós entramos com esse apoio, com a intenção de coletar mais informações da estadia dele aqui nesse período de 8 meses”, afirmou ao G1 o delegado Pablo Reis.

A investigação aponta que Cupertino fugiu da cidade em uma aeronave que estava na fazenda do patrão dele, que também é piloto e foi identificado como Alfonso Helfenstein. Ambos são considerados foragidos da Justiça.

“A polícia acredita que Paulo Cupertino e o Alfonso se conheceram em Ponta Porã. Lá, já sabendo dos fatos, Alfonso ajudou Cupertino e ofereceu uma vaga de caseiro na fazenda dele. Ali, ele viveu como Seu Manoel até o dia da fuga”, explicou o delegado.

“Ainda estamos apurando como ocorreu, mas a polícia acredita que ele e o patrão fugiram em uma aeronave, principalmente porque temos o registro de chegada da fazenda, mas não o da saída. E tudo foi justamente no horário que não tinha nenhum funcionário.”

Paulo Cupertino Matias falsificou identidade para se chamar Manoel Machado da Silva — Foto: Reprodução

A investigação aponta que, antes da estadia em Eldorado, o assassino conseguiu a emissão de uma falsa Certidão de Pessoa Física (CPF) ao apresentar outros documentos falsos na Receita Federal de Ponta Porã (MS).

Ele também esteve no Paraná e tirou uma identidade falsa, o que teria garantido a ele movimentação em contas bancárias. Desde então, vinha usando o nome falso de Manoel Machado de Silva, de 49 anos, declarando que residia em Rio Brilhante, município distante a 161 km de Campo Grande.

Entenda o caso

Paulo Cupertino é acusado de triplo homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e impossibilidade de defesa por parte das vítimas. O crime ocorreu em junho de 2019, em São Paulo.

Os assassinatos ocorreram na frente da casa onde a filha dele, a namorada do ator Miguel Rafael, Isabela Tibcherani, morava com a mãe, na zona sul da capital paulista. Cupertino, que não aceitava o relacionamento da filha, residia em outro imóvel. Ela tinha 18 anos à época.

Após o crime, o homem fugiu com a ajuda de amigos e foi procurado em mais de 100 endereços em 10 estados diferentes, além do Paraguai e da Argentina.

Polícia Civil informou que acredita que, com certidão de nascimento falsa, Cupertino usou nomes aleatórios de pais e avós na solicitação de novos documentos — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Polícia Civil informou que acredita que, com certidão de nascimento falsa, Cupertino usou nomes aleatórios de pais e avós na solicitação de novos documentos — Foto: Divulgação/Polícia Civil


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