O presidente Jair Bolsonaro foi cobrado sobre o preço do arroz enquanto estava a passeio no bairro do Cruzeiro, em Brasília – que é uma espécie de bairro carioca na cidade. O sujeito perguntou quando Bolsonaro ia baixar o preço do arroz.
O presidente respondeu “você quer que eu dê uma canetada e que faça tabelamento?”. Isso me lembrou os tempos em que eu cobri o tabelamento do Plano Cruzado. Aquilo era um horror.
Quem não cumprisse os valores determinados era preso pelos fiscais do Sarney, a Polícia Federal entrava em fazendas para prender bois gordos. Ele tentou acabar com a inflação com uma canetada, mas não deu certo.
O preço do arroz aumentou por diversos motivos e um deles é o aumento da exportação. Mas como a pergunta do sujeito tinha como intuito ser irônica, Bolsonaro preferiu dizer “vai comprar arroz na Venezuela”, já que lá não vai ter o produto.
“Roupa suja se lava em casa”
Na quinta-feira (22), o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles fez uma publicação – que foi apagada em seguida – em que chama o ministro general Ramos de “banana de pijama” e afirma que ele deveria parar de ter postura de “maria fofoca”.
Salles culpou o militar por uma matéria negativa que saiu no “O Globo”. Provavelmente Bolsonaro ficou no meio dos dois. Na manhã de domingo (25) os dois ministros decidiram que não iriam tocar no assunto.
Mas Salles percebeu que o post era ofensivo e escreveu, na mesma rede social, “conversei com o ministro Ramos, apresentei minhas desculpas pelo excesso e colocamos um ponto final nisso. Estamos juntos no governo, pelo presidente Bolsonaro e pelo Brasil. Bom domingo a todos”.
Nem parece que o ministro do Meio Ambiente está no governo e sim na oposição, que aliás não faria melhor. Quem escreve uma coisa dessas e joga para Urbi et Orbi, para o planeta inteiro, ainda que por pouco tempo? Salles superou toda a oposição do governo.
Apesar de o primeiro post ter sido apagado em seguida, uma jornalista da CNN conseguiu fazer uma captura de tela. Dessa história fica de lição não devemos postar nas redes sociais quando estamos de cabeça quente e que roupa suja devemos lavar em casa.
Liminares eternas…
O Estadão publicou uma matéria revelando que existem 10 liminares que estão valendo há mais de cinco anos. Tem uma da ministra Cármen Lúcia, de 2013, que trata dos bilhões em royalties da Petrobras. E isso só será votado em plenário agora dia 4 de dezembro.
Outra é do ministro Joaquim Barbosa, que deixou o STF em 2014. Ele proibiu que uma Emenda Constitucional, que aprovava a criação de quatro Tribunais Federais Regionais, entrasse em vigor.
A Câmara votou novamente a mesma coisa. Eles pretendiam criar um Tribunal Regional Federal em Minas Gerais. Um único ministro do Supremo se julgou mais poderoso que os parlamentares. É um absurdo, são 65 liminares que estão na mesma situação. Essa decisão é provisória porque é uma liminar. Mas, se essa deliberação vale por mais de cinco anos, deixa de ter caráter provisório. Tem alguns processos que prescrevem neste tempo.
Alexandre Garcia
Colunas sobre política nacional publicadas de domingo à quinta-feira. *Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.
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