Dinheiro da saúde na cueca é crime hediondo

Por 9 x 1, o plenário do STF concluiu que André do Rap deve mesmo continuar preso. Só Marco Aurélio votou nele próprio — ele continua acreditando que seguiu a lei e fez o que era correto. No caso, soltar o traficante. O melhor voto do julgamento foi de Gilmar Mendes. Ele sintetizou bem a situação: “é um festival de erros, equívocos e omissões”.

Gilmar lembrou que o juiz de primeira instância deixou vencer o prazo legal de 90 dias da prisão temporária e que o Ministério Público não agiu enquanto o pedido de habeas corpus tramitava no STF — só se mexeu depois que a porta da cadeia foi aberta.

Gilmar Mendes também falou que o Supremo deveria ter direcionado o pedido de habeas corpus para Rosa Weber, que é a relatora da operação que resultou na prisão do traficante, então foragido havia cinco anos. Como disse o presidente da Corte, Luiz Fux, ele “debochou da Justiça”.

O ministro Gilmar fez críticas à postura do Judiciário nesse caso, mas terminou o voto com uma exaltação do bandido. “Não há dúvida de que se trata de um dos maiores criminosos do nosso país, que chefia uma das maiores organizações criminosas da América Latina”, disse.

Esse elogio é o que eu venho criticando esses dias. Enquanto jornalistas, quando citamos o nome desse criminoso nas mídias de comunicações, nós passamos a mensagem de que o tráfico traz riqueza.

Carreira de Chico Rodrigues acabou

A carreira política do agora ex-vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR), acabou depois que a Polícia Federal encontrou dinheiro sujo dentro da cueca dele. Ele é acusado de desviar recursos da saúde para combate ao coronavírus.

O senador tentou esconder o dinheiro, que aparentemente estava sujo de fezes, segundo a PF. Rodrigues, pelo que se vê, não aprendeu a se limpar. Esse é um caso que vai entrar nos anais do Senado.

A PF pediu ao ministro Luis Roberto Barroso a prisão do senador. Mas o relator da operação no STF achou por bem permitir somente a busca e apreensão e o afastamento de Rodrigues do Senado durante 90 dias para não influenciar nas investigações. Certamente, ele terá o mandato cassado e será preso. Afinal de contas, desviar dinheiro da saúde em plena pandemia é crime hediondo.

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