Volta às aulas divide pais, e especialistas cobram planejamento individualizado

Na capital, somente as universidades poderão reabrir a partir desta quarta-feira

Caderno na mão, computador ligado. A sala de aula do Francisco é o próprio quarto. Longe dos colegas, ele divide o espaço com os brinquedos, de olho na professora – um simples quadrinho numa tela. “Aqui no computador ela não escreve, ela só fala. Daí não dá pra entender, na lousa ela já deixa lá e a gente fica fazendo”, diz o menino. A mãe, Cinthia Pergola, ajuda como pode. “Eles não tiveram essa coisa da aula presencial e teve falha no aprendizado né?”

Na semana em que São Paulo retoma as aulas presenciais, pais, professores e especialistas temem não apenas o risco de contágio, mas também os efeitos sobre o aprendizado de crianças e adolescentes após meses de colégios fechados. A professora da rede pública, Juliana Stefanoni diz que cada aluno tem uma realidade bastante diferente. “Muitos não tem saneamento básico em casa, ou a comida era na escola. Então se a gente pensar em um contexto, uma pessoa que não tem nem saneamento básico, quem dirá acesso à internet para fazer as atividades.”

Para a socióloga Maria Helena Guimarães de Castro, integrante do Conselho Nacional de Educação, é preciso um planejamento individual. “De modo a oferecer um programa de recuperação que ajude os alunos a recuperar competências e habilidades que, por acaso, não tenham sido desenvolvidas por meio de atividades remotas para que esses alunos se sintam .confiantes”, avalia. A representante da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Catarina de Almeida, afirma que ainda não é hora de voltar. “Nós não temos condições, desenho, planejamento, condições financeiras no sistema de ensino de tomar as aulas presenciais e garantir o mínimo de segurança.”

A Cinthia, mãe de Francisco, sabe a falta que a escola faz, só que o receio de mandar o filho de volta ainda é grande. “Eu acho que tem que começar tudo de novo no ano que vem e eles terem todo conteúdo que teve online novamente sendo presencial”, opina. Apenas alunos do ensino médio e da Educação de Jovens e Adultos da rede estadual podem voltar na quarta-feira, 07.  O retorno vai depender do aval de cada prefeito. Na capital, somente as universidades poderão reabrir. A situação dos demais estudantes só deverá ser definida em novembro.

*Com informações da repórter Livia Fernanda


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