Um peruano, apontado como um chefe do PCC no Estado, foi preso pela Polícia Civil. A Polícia Federal também desarticulou um grupo criminoso que contava com portugueses, além de um advogado e um empresário cearenses
As polícias Civil e Federal deflagraram operações, ontem, para combater grupos criminosos que atuam no Ceará. Em comum, as duas ações policiais tinham estrangeiros como alvos. A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil, cumpriu 337 mandados judiciais contra membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), entre eles um peruano. Enquanto a PF desarticulou uma quadrilha suspeita de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, formada por criminosos portugueses, além de um advogado e um empresário cearenses.
O peruano foi preso na Operação Aditum III, em sua residência, no bairro Henrique Jorge, em Fortaleza. De acordo com a Polícia Civil, o estrangeiro era um dos líderes do PCC no Estado, atuava como “Geral da Rua” – função responsável por orquestrar as atividades dos integrantes da organização criminosa que estão em liberdade – e também respondia por tráfico internacional de drogas.
Os investigadores afirmaram que ao menos 39 lideranças da facção foram detidas, ontem. Entre eles, também estava o “Geral das Armas”, responsável por distribuir as armas de fogo para os comparsas cometerem crimes, como homicídios e roubos.
A Polícia Civil cumpriu o total de 337 mandados expedidos pela Justiça Estadual, sendo 220 ordens de prisão e 117, de busca e apreensão. Os alvos são suspeitos de organização criminosa, homicídio, tráfico de drogas, roubos, entre outros crimes. Quatro pessoas ainda foram presas em flagrante, por tráfico de drogas ou porte ilegal de arma de fogo.
A operação foi coordenada pela Draco e pelo Departamento Técnico Operacional (DTO). As outras fases da Operação Aditum foram deflagradas em março de 2019 e em março de 2020.
O titular da Draco, delegado Harley Filho, destaca que a ‘Aditum III’ atacou “não só na base da pirâmide hierárquica. Nesta fase da Operação, a gente foi um pouco mais além. Mapeamos e atacamos toda a cadeia hierárquica”. O delegado acredita que “os crimes violentos vão arrefecer”. O adjunto da Especializada, delegado Kléver Farias, lembra que a facção criminosa alvo da Operação irá comemorar aniversário na próxima segunda-feira (31). “Acreditamos que essa atuação (da Polícia) vai ser uma boa resposta a essa possível comemoração, que eles vão deixar de fazer”.
Lusitanos
Já a Polícia Federal deflagrou a Operação Lusitanos com o objetivo de aprofundar as investigações de um esquema criminoso de lavagem de dinheiro e evasão de divisas no Ceará, com a participação de criminosos portugueses e de um advogado e um empresário cearenses.
De acordo com o delegado federal Cláudio Carvalho, a PF foi acionada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre transações financeiras suspeitas realizadas principalmente pelo advogado. “Isso gerou um Inquérito Policial, no qual deslumbramos que esse advogado estaria representando diversos estrangeiros, notadamente de Portugal”, afirma.
“Os portugueses teriam aberto empresas de fachada no Ceará e remetido recursos do estrangeiro para o Brasil. Esses recursos seriam aplicados no Ceará através dessas empresas. Seriam adquiridos imóveis e objetos de luxo. Mais tarde, seriam transformados em estabelecimentos comerciais, restaurantes e pousadas”, conta o delegado. Segundo Carvalho, esse dinheiro investido em pelo menos 40 empresas de fachada no Ceará seria proveniente de crimes ocorridos na Europa, como tráfico de drogas e fraudes, o que se configura como lavagem de dinheiro. Entre os estrangeiros, pelo menos dois são monitorados pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). Enquanto o advogado e o empresário “são pessoas acima de qualquer suspeita, sem antecedentes criminais, que gozam de um prestígio na sociedade cearense”, define o delegado.
A PF cumpriu 12 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal, sendo nove em Fortaleza, dois em Trairi (onde o grupo teria aberto pousadas) e um em São Paulo (onde funcionava uma agência de turismo de fachada responsável por enviar recursos para a Europa).
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