O presidente Jair Bolsonaro voltou a se queixar dos jornalistas nesta quarta-feira (26). Em Ipatinga (MG), ao ser perguntado sobre os depósitos que somam R$ 89 mil na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, ele se irritou e mais uma vez deu uma resposta atravessada aos repórteres.
Em um mundo de bilhões desviados por corrupção é estranha a insistência nessa pergunta. O questionamento deveria ser direcionado a quem está conduzindo o inquérito de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Bolsonaro sabe que desrespeitar jornalista dá Ibope e só faz aumentar o aplauso de seus apoiadores. Tanto que foi recebido na cidade mineira com gritos de “mito, mito, mito”, “minha bandeira jamais será vermelha” e “eu vim aqui de graça”.
Logo no início do pronunciamento, o presidente disse que se a imprensa está elogiando, algo está errado. Essa briga com jornalistas vai continuar e enquanto isso ele ganha mais apoio dos seus seguidores.
Isso tudo aconteceu durante o acionamento do Alto-Forno 1, na Usiminas, que foi reaquecido. Esse forno havia sido desligado no dia 22 de abril por falta de demanda de aço.
A reabertura simboliza o reaquecimento da indústria, porque o aço está presente nos automóveis, na geladeira e em diversos outros produtos do cotidiano. O alto-forno produz ferro gusa, que passa por diversos processos até chegar à indústria de transformação.
Alta injustificada nos materiais de construção
Outro fator que mostra a retomada econômica é o lançamento do programa Casa Verde e Amarela, que vai ajudar o setor da construção. Mas já tem gente reclamando que os materiais de construção estão mais caros. Isso é um problema sério.
É preciso ver isso porque o profissional que utiliza cimento, pedra, areia, etc, não trabalhou durante a pandemia. A inflação está muito baixa e a taxa de juros Selic também, ou seja, essa alta não tem explicação.
Respeito à Constituição
Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia estão tentando achar uma saída jurídica, junto com o STF, para que possam se candidatar à reeleição nas presidências do Senado e da Câmara. Mas para isso é preciso mudar a Constituição porque o artigo 57, parágrafo quarto, veda “a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente”.
Não tem explicação essa articulação. Está escrito na Constituição que não pode e ela deveria dar solução para tudo, apesar de ser prolixa, grande e cheia de detalhes. Não é possível que mesmo assim tentem passar por cima dela.
Isso aconteceu no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que deveria ter tido os direitos políticos cassados por oito anos conforme prevê a carta magna e não foi. E é como tem acontecido em decisões mais recentes do Supremo Tribunal Federal. É preciso que se respeite a Constituição, senão vira bagunça, porque ela é a lei máxima do país.
Alexandre Garcia
Colunas sobre política nacional publicadas de domingo à quinta-feira. *Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.
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