Com apoio de parte da imprensa
Afirma ter atuado contra queda de Dilma
‘Durma tranquila’, disse à petista
Aconselhou Bolsonaro sobre pandemia
Descarta ser ministro ou se candidatar
O ex-presidente Michel Temer (MDB) avalia que foi vítima de uma trama para ser derrubado da Presidência. Teria sido organizada pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e pelo empresário Joesley Batista. Em entrevista ao vivo concedida nesta 4ª feira (8.jul.2020) ao Poder360 em Casa, novo programa do canal do YouTube do Poder360, ele também comentou o impeachment de Dilma Rousseff e seus conselhos a Bolsonaro.
Assista à íntegra (41min37seg):
O maior escândalo do governo Michel Temer começou às 19h30 de 17 de maio de 2017, quando parte das delações de Joesley Batista, principal acionista do grupo J&F (dono do frigorífico JBS-Friboi), foi divulgada e atingiu diretamente o presidente.
O empresário havia gravado Temer, em 17 de abril daquele ano, indicando o ex-assessor e então deputado Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR) para intermediar negócios da empresa com o governo. Dias depois, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil em dinheiro.
No diálogo com Temer, Joesley também sugere pagamentos ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Tem que manter isso, viu?”, responde Temer.
No dia seguinte à divulgação da delação, o presidente bateu na mesa e negou as acusações. Disse que não renunciaria ao cargo. “Não comprei o silêncio de ninguém. Por uma situação singela: não temo nenhuma delação.”
Mais de 2 anos depois, Temer credita ao então procurador-geral e ao empresário a trama que teria sido arquitetada para tirá-lo do poder. O ex-presidente atribui à boa relação que mantinha com o Congresso a derrubada das denúncias apresentadas contra ele.
Veja o trecho (4min18s):
O emedebista também coloca como articuladora dessa suposta trama parte da mídia. O jornal O Globo divulgou uma transcrição do diálogo antes que o conteúdo do áudio fosse divulgado publicamente. “Houve sim, uma trama especialmente formatada pelo ex-procurador-geral, pelo outro rapaz lá da empresa. Eles se articularam, tramaram, com apoio de uma parte da mídia naquela ocasião”, disse.
Temer diz que a intenção de Janot era lhe fazer mal e, com isso, acabou fazendo mal ao Brasil. Isso porque, segundo ele, já tinha os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência ainda naquele ano. Com as denúncias, a votação não foi feita. Coube ao atual presidente, Jair Bolsonaro, aprovar sua reforma.
“Ele fez mal a mim, no plano moral, e fez mal ao Brasil porque naquele mês de maio de 2017 eu já tinha os votos suficientes e iria votar a reforma da Previdência 12 dias depois. Ou seja, nós teríamos aprovado a reforma da Previdência 2 anos atrás.”
CONSELHOS A BOLSONARO
O ex-presidente Temer revelou que, no começo da pandemia de covid-19, telefonou para seu sucessor no Planalto para dizer que ele deveria centralizar a coordenação do combate à pandemia na Presidência.
Bolsonaro, entretanto, acabou com diversas divergências com governadores sobre o isolamento social. O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que caberia aos Estados definir as regras de distanciamento social.
“Eu acho que você deve centralizar 1 pouco essa atividade, conversando com governadores, presidentes do Congresso, do Supremo. Porque isso é uma crise que alcança o país inteiro. E até com os partidos de oposição”, disse Temer a Bolsonaro.
Veja o trecho (3min17s):
Outro conselho foi para que o atual presidente não concedesse mais entrevistas logo pela manhã no Palácio da Alvorada. Temer diz que a fala do chefe da nação tem muito peso e que pautava todo o dia, por isso deveria ser evitada.
O ex-mandatário tem sido creditado como 1 dos responsáveis pela fase “paz e amor” de Bolsonaro. Temer, contudo, diz que foi só 1 dos que falaram e que Bolsonaro tem diversos interlocutores.
“O presidente não deve falar de manhã. Ele deve ter 1 porta-voz que fale o que foi feito durante o dia e, quando muito, dar uma entrevista talvez coletiva uma vez por semana. Porque gera muitos conflitos”, comentou o emedebista.
Veja o trecho (3min48s):
Perguntado se aceitaria 1 cargo de ministro, Temer diz que não. Que seria difícil para 1 ex-presidente, cargo máximo do Executivo, voltar a chefiar apenas uma das pastas. Ele também descarta se candidatar novamente para cargos eletivos.
“Você se acostuma a ocupar aquele cargo mais elevado e aí você vai ter que submeter-se, fica difícil. Eu, quando muito, eu dou palpite. Quando me pedem.”
Veja o trecho (1min41s):
IMPEACHMENT DE DILMA
Segundo Temer, ele atuou contra o afastamento da então presidente, em 2016, porque o processo de impeachment causa 1 trauma para o país. Para ele, entretanto, a queda da petista era inevitável pois havia apoio popular. Por isso afasta a possibilidade de outro impeachment, dessa vez de Bolsonaro.
“Quem derruba presidente na verdade é o povo nas ruas. Quando eu digo povo nas ruas, são milhões de pessoas… Isso influencia o Congresso Nacional de modo a criar 1 clima político que leva ao impedimento.”
Perguntado se ele teria articulado no Congresso para conseguir votos favoráveis ou contrários ao impedimento da então presidente, Temer disse que atuou contra o processo junto ao MDB.
Ele também revelou 1 diálogo com Dilma Rousseff. Teria dito a ela para “dormir tranquila” depois de falar com Eduardo Cunha. O então presidente da Câmara lhe disse que era “provável” que arquivasse todos os pedidos de impeachment contra Dilma.
“Eu acho que eu trabalhei contra, modestamente, trabalhei contra, mas não havia condições pelos fatores que acabei de indicar: o povo na rua, a questão das pedaladas, a questão da falta de articulação com o Congresso”, disse.
Veja o trecho (5min15s):
PODER360 EM CASA
Em 1 ambiente fora do cenário político, os entrevistados falam sobre sua rotina durante a pandemia e fora dos ambientes oficiais, sua relação com as redes sociais e sobre política de 1 jeito mais leve e informal.
Essa é a ideia do Poder360 em Casa, entrevistar os principais políticos e autoridades do país com uma abordagem mais espontânea, levantando curiosidades sobre os hábitos deles fora do ambiente de trabalho e com assuntos diferentes do habitual. A política e temas em debate nacional também serão abordados nas conversas.
O programa será apresentado pelo repórter Mateus Maia a cada 15 dias. Inscreva-se no canal do Poder360 e ative as notificações.
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