A única solução para a Secretaria de Cultura é sua extinção

Consumou-se, enfim, a demissão da atriz Regina Duarte do cargo que ocupava como ministra da Cultura, ou “secretária”, como se diz para disfarçar a existência de um Ministério que tem toda despesa e toda a malignidade de um Ministério, mas que oficialmente não existe. Regina não exerce as suas funções desde o último dia 20, mas só foi exonerada agora, vinte dias depois – o que serve para dar uma ideia da importância e do respeito que o cargo merece.

Se não fosse pelo fato de que é o cidadão brasileira quem paga essa conta, seria o caso e dizer para a atriz e para o presidente Jair Bolsonaro, que a nomeou: “Bem feito”. É só mesmo num final melancólico como esse que poderia acabar mais uma tentativa de “resolver” o problema do “Ministério da Cultura”.

A única solução possível para a Secretaria da Cultura, uma aberração inventada pelo ex-presidente José Sarney e subordinada hoje – acredite se quiser – ao Ministério do Turismo, é a sua extinção. Quer dizer: extinção mesmo, e não essa palhaçada de extinguir no papel e deixar viva na vida real, com outro nome.

Bolsonaro disse que ia fazer isso. Não fez. Como em outras tentativas, alegou que “não é possível”. O resultado, entre outros desastres, é que já teve quatro secretários de Cultura diferentes em um ano e meio de governo; está indo, agora, para o quinto nome. Como alguém pode levar a sério um negócio desses?

A ideia de querer “governar” a cultura de um país ou melhorar o seu nível cultural através de atos administrativos não apenas é uma estupidez – é uma safadeza. Só serve, na prática, para encher a folha de pagamento do governo com empregos inúteis e distribuir dinheiro público para artistas amigos.

O verdadeiro patrimônio cultural da União, composto por museus, bibliotecas, teatros, monumentos históricos e assim por diante, jamais se beneficiou em nada com esse Ministério – continuou abandonado e sem recursos como sempre. Bolsonaro pode nomear mais quatro secretários para a “cultura”, ou quarenta. Não vai mudar nada.

J.R.Guzzo é jornalista. Começou sua carreira como repórter em 1961, na Última Hora de São Paulo, passou cinco anos depois para o Jornal da Tarde e foi um dos integrantes da equipe fundadora da revista Veja, em 1968. Foi correspondente em Paris e Nova York, cobriu a guerra do Vietnã e esteve na visita pioneira do presidente Richard Nixon à China, em 1972. Foi diretor de redação de Veja durante quinze anos, a partir de 1976, período em que a circulação da revista passou de 175.000 exemplares semanais para mais de 900.000. Nos últimos anos trabalhou como colunista em Veja e Exame. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.

Confira matéria do site Gazeta do Povo.

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