A atriz Regina Duarte vai deixar o comando da secretaria de Cultura do governo Jair Bolsonaro. O próprio presidente confirmou a saída da atriz, em vídeo publicado no Twitter na manhã desta quarta-feira (20).
“Regina Duarte relatou que sente falta de sua família, mas para que ela possa continuar contribuindo com o Governo e a Cultura Brasileira assumirá, em alguns dias, a Cinemateca em SP. Nos próximos dias, durante a transição, será mostrado o trabalho já realizado nos últimos 60 dias”, escreveu o presidente no post que acompanha as imagens.
Veja a íntegra:
Regina Duarte relatou que sente falta de sua família, mas para que ela possa continuar contribuindo com o Governo e a Cultura Brasileira assumirá, em alguns dias, a Cinemateca em SP. Nos próximos dias, durante a transição, será mostrado o trabalho já realizado nos últimos 60 dias pic.twitter.com/79CyrQY1uI— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 20, 2020
Regina Duarte tomou posse em 4 de março, após dias em um “namoro” com o governo e o presidente. A saída da secretaria ainda não foi oficializada no Diário Oficial da União (DOU).
“Jamais iria fritar você”, diz Bolsonaro após almoçar com provável sucessor
O nome mais cotado para assumir a secretaria é o do ator Mário Frias. Na terça-feira (19), Bolsonaro chegou a compartilhar, também no Twitter, um vídeo em que Frias se coloca à disposição para assumir o cargo. Ainda na terça, o presidente almoçou com o ator e com dirigentes de clubes de futebol.
Apesar da aproximação com o provável sucessor de Regina Duarte, Bolsonaro negou que estivesse “fritando” a atriz.
“Regina, toda semana tem um ou dois ministros que – segundo a mídia – estão sendo fritados. O objetivo é sempre desestabilizar a gente, e tentar jogar o governo no chão. Não vão conseguir, jamais iria fritar você”, disse Bolsonaro.
Decisões de Regina Duarte vinham sendo desautorizadas no governo
Além da aproximação com Mário Frias, o governo também vinha esvaziando as decisões tomadas por Regina Duarte à frente da Secretaria da Cultura. Na última sexta-feira (15), por exemplo, o chefe de gabinete da atriz, Pedro Jose Villar Godoy Horta, foi exonerado. A decisão publicada no Diário Oficial da União foi assinada pelo ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto. A secretaria, entretanto, é vinculada ao Ministério do Turismo.
No início de maio, Braga Netto já havia assinado outra decisão à revelia da atriz. Trata-se da nomeação de Dante Mantovani como presidente da Fundação Nacional das Artes (Funarte) – ato que foi posteriormente revogado.
Regina enfrentava a resistência da ala ideológica do governo. Logo que entrou na secretaria, ela afirmou, em entrevista, que enfrentava “uma facção” que pedia sua saída da secretaria antes mesmo do início de sua gestão. “Estamos começando a trabalhar na semana que entra porque até aqui estivemos ocupados, com enormes dificuldades de toda uma facção que quer ocupar esse lugar, quer que eu me demita, que eu me perca. Já tem uma hashtag #Foraregina e eu nem comecei”, afirmou.
Além disso, a então secretária também enfrentou as insatisfações da própria classe artística. Na semana passada, a atriz foi alvo de uma nota de repúdio assinada por mais de 500 artistas, intelectuais e produtores de cinema, por conta de uma entrevista concedida à rede CNN. Na entrevista, Regina enalteceu a ditadura e minimizou as mortes decorrentes do novo coronavírus.
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