Estou percebendo que a gente vai ter a quarentena mais extensa do planeta nesta pandemia, porque continua uma campanha que pensa que atividade econômica mata. Mas a fome também mata.
É preciso resolver as duas situações, o vírus e a fome. A atividade econômica garante o funcionamento da UTI dos hospitais. É bom pensar nesses dois lados.
Mas do jeito que as coisas vão, a gente vai continuar com a curva que não se achata até o fim do ano. Já estão prevendo uma recessão de 7%. Eu pergunto até quando vamos ter empresas falindo ou sem dinheiro para pagar a folha de pagamento?
Será que estão pensando nisso? As mortes que estão acontecendo a gente sabe e todos estão tomando as medidas cabíveis de usar máscara e lavar a mão com sabão. Mas o vírus não pode nos impedir de trabalhar.
Faz alguns meses que a China voltou as atividades normais, a Europa está flexibilizando o isolamento social e os Estados Unidos também, mas aqui no Brasil há campanhas férreas para manter as pessoas em casa.
A abertura da atividade econômica não elimina os cuidados contra o coronavírus. A gente pode adotar cuidados inteligentes para poder retomar as atividades que podem ser retomadas.
Não estou falando de cinema ou outros locais de aglomeração. Nós temos que manter uma certa distância na rua e nos proteger lavando as mãos e usando máscara para não provocar uma superlotação em hospitais.
Resultado negativo
Divulgaram os três exames de Covid-19 que o presidente Jair Bolsonaro fez e os resultados foram negativos. Fizeram muito barulho acerca do assunto. Eu não sei o que significaria se tivesse dado positivo.
O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, mandou que o exame fosse revelado. Tudo bem, Bolsonaro é um homem público e por isso a privacidade dele é relativa. A saúde dele é de importância para o país, é uma questão de Estado.
Ficou comprovado que Bolsonaro não contraiu a doença, embora estivesse no mesmo avião vindo de Nova Iorque em que diversos membros da comitiva estavam contaminados com o vírus.
Mídia versus presidente
O que é mais agressivo: o vírus em si, a corrupção que está se aproveitando da Covid-19 ou os militantes que não aceitam o resultado da eleição e que estão galopando em cima do vírus para ver se tiram o presidente da República do cargo?
Em uma pesquisa recém-divulgada pela Confederação Nacional dos Transportes, dentre os que confiam pouco ou não confiam nas notícias estão 73,7% dos entrevistados, ou seja, somente 26,3% dos entrevistados confiam.
Já os que acham que o governo é ótimo ou bom são 32%. Então, o governo está melhor do que os jornalistas, segundo essa pesquisa. Mas é exatamente isso que a gente está vendo, parece que a mídia está sendo a oposição do governo já que a oposição real é fraca.
Mídia versus presidente. Nós temos que saber de que lado está o povo e a pesquisa está mostrando. Até na mídia tem dois lados: o jornalismo e o comercial. O último está arrancando os cabelos porque o faturamento está despencando e fica difícil arcar com a folha de pagamento.
Se continuar essa longa e destruidora quarentena, nós vamos voltar para o mapa da fome, isso segundo o Banco Mundial e a ONU. Tem gente que não pode viver sem renda. É com a renda do dia a dia que a família sobrevive.
Restabelecer a verdade
Tomara que divulguem a fita dessa reunião ministerial porque o ministro general Ramos está furioso com a deturpação das notícias. Ele disse que em nenhum momento aconteceu o que foi divulgado.
O presidente cobrou relatórios de inteligência de todos os ministérios porque eles são relatórios estratégicos. Mas essa história de proteger os filhos de Bolsonaro no Rio não é verdade. Tem um filho dele, o senador Flávio Bolsonaro, que está sendo investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e não pela Polícia Federal do estado. A PF não dá segurança para a família do presidente.
A segurança da família do presidente é feita pelo Gabinete da Segurança Institucional, antigo Gabinete Militar. A lei determina que é necessário haver segurança para o presidente e para a sua família.
Alexandre Garcia
Colunas sobre política nacional publicadas de domingo à quinta-feira. *Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.
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