Portos cearenses proíbem desembarque de tripulações de navios

Instruções do Ministério da Saúde e da Anvisa alteram rotina nos portos, que mantém operações Foto: Carlos Marlon

Restrição obedece portaria do Governo Federal que proíbe a entrada de estrangeiros no País, em meio a esforços para conter a disseminação do novo coronavírus. Terminais seguem operando normalmente

Embora as operações dos portos cearenses continuem em meio ao estado de emergência, os terminais de Fortaleza e do Pecém têm atuado sem permitir que as tripulações de navios deixem as embarcações. A medida obedece a decreto federal que impede a entrada de estrangeiros no País, uma tentativa de evitar a entrada de novos casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus em território nacional.

Segundo a Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém S.A (Cipp S.A), administradora do Porto do Pecém, o embarque, desembarque e troca de tripulação nos píeres do terminal foram proibidos temporariamente. “A exceção é para tripulantes que necessitarem de transferência para hospitais, em caso de emergências médicas. Todas as necessidades da tripulação serão atendidas pelo agente marítimo de acordo com orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, informa a autoridade portuária do Pecém.

A medida também foi posta em prática pela Companhia Docas do Ceará, que administra o Porto de Fortaleza. “Não está sendo permitido o desembarque e nem embarque dos tripulantes dos navios, ficando a atividade em terra pelos amarradores, no máximo de 12 profissionais por atracação ou desatracação e por escala de trabalho”, destaca a companhia em nota.

“O objetivo com todas essas medidas é que, além de proteger os seus colaboradores, clientes e parceiros, o Porto de Fortaleza siga com a sua plena operação. Cabe também ressaltar que é por meio dos navios, que possuem grande capacidade de volume, diferente de outros modais, que os portos podem ser considerados indutores do crescimento econômico”, ressalta.

Mudanças

Todas as atividades dos portos seguem as medidas de segurança estipuladas pelos órgãos de saúde governamentais. Segundo Carlos Alberto Nunes, gerente comercial da Tecer Terminais, os agentes portuários acompanhavam antecipadamente todo o cenário do novo coronavírus antes do primeiro registro no Ceará. Ele cita que esse acompanhamento possibilitou a tomada de decisões antes do agravamento da pandemia.

“Há três semanas, a gente vem conversando com sindicatos e já começamos a desenhar um plano de ação para as nossas operações. Chamamos os sindicatos, falamos sobre as medidas de segurança e fizemos tudo isso de forma antecipada. Dessa forma, conseguimos manter a operação sem interrupções durante todo esse tempo”, explica.

De acordo com o gerente, todos os trabalhos portuários seguem medidas sanitárias. “Qualquer sintoma que o trabalhador possa apresentar, a gente já identifica e leva para o médico do trabalho para dar reforço aos procedimentos. Tudo antecipado para poder viabilizar esse trabalho que é fundamental”, acrescenta.

Carlos Alberto também explica que, para certas funções, foi adotado o home office. “Todos os navios estão sendo atendidos, tanto expedimos como recebemos mercadorias. Para o pessoal de escritório, estamos fazendo home office em revezamento. O trabalho em si não foi interrompido em nenhum momento exatamente por conta da forma antecipada e negociada que fizemos”.

Sem alteração

De acordo com Rômulo Holanda, analista de exportação da Frota Aduaneira, a programação dos navios continua normal. “Não identificamos nenhuma alteração. Com relação à tripulação, as autoridades estão tendo um controle um pouco maior. As rotas de transporte de cargas continuam como programadas”.

Ele afirma ainda que há algumas limitações por parte de outros países onde a pandemia está pior, como os Estados Unidos. “Há uma limitação de fluxo no cotidiano. Querendo ou não, vamos sofrer um pouco de impacto”.

Holanda diz que o modal marítimo pode aproveitar para atender à demanda de carga que não está sendo transportada por via aérea. “O aéreo é mais utilizado para cargas com maior valor agregado e pela rapidez. O transporte marítimo pode pegar um pouco dessa fatia”, aponta.

Confira matéria do Site Diário do Nordeste

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