Durante uma pandemia muitos vão aprender quanto vale a ciência e o tamanho da desgraça que é ter líderes ignorantes. Enquanto o governo procrastina, a ciência já começou a entregar resultados.
Esse trabalho envolveu 36 pessoas internadas com resultado positivo para o vírus. Destas, 16 não foram tratadas e 20 foram tratadas. Todas as 20 foram tratadas com hidroxicloroquina e 6 das 20 receberam também azitromicina. A média da idade dos pacientes foi de 45 anos e nenhum deles era caso gravíssimo (que necessitam de respiradores). O estudo começou 4 dias depois que os pacientes foram internados e durou 6 dias. Os pacientes foram testados diariamente para a presença do vírus. Foi usado o mesmo método de teste que é utilizado pelos laboratórios para saber se uma pessoa está infectada.
O resultado é impressionante. Depois de 6 dias, 90% dos pacientes não tratados ainda testavam positivo para o vírus. Entre os tratados com uma das drogas, a hidroxicloriquina, 55% testaram positivo. Entre os 6 indivíduos tratados com ambas as drogas, já no quinto dia nenhum testou positivo, o que se repetiu no dia 6. Ou seja 100% dessa pequena amostra foi aparentemente curada. Um resultado muito claro, mas ainda preliminar. A figura abaixo mostra os resultados.
Antes de você ficar muito animado é preciso lembrar que esse é um estudo muito pequeno, feito com pouquíssimos pacientes, no qual as pessoas não foram colocadas de maneira aleatória nos grupos de estudo. Ou seja, ele tem que ser repetido com mais pacientes ao longo de mais tempo em mais centros, com pacientes de diferentes idades e gravidade. Mas sem dúvida é encorajador. Não tenha dúvida que nas próximas semanas saberemos se esse resultado foi confirmado. Se for confirmado, será o primeiro tratamento para a Covid-19.
A grande vantagem desse tratamento é que ele usa duas drogas amplamente comercializadas. Uma delas é um derivado da droga que usamos para tratar malária e a outra é um antibiótico. Ambas são drogas baratas, muito bem conhecidas. Já existiam evidências que a hidroxicloroquina ataca células que produzem o coronavírus. O efeito da azithromicina ainda não é bem entendido, mas o mais provável é que ela evite o crescimento de bactérias nos pulmões afetados.
Esse resultado é quase bom demais para ser verdade, e por isso os cientistas estão ocupados repetindo os experimentos. É esperar para ver. Enquanto esses experimentos estavam sendo feitos, nosso líder, ao invés de nos preparar para a pandemia, insistia em dizer que tudo era histeria superdimensionada. Agora, quando aparece com uma máscara pendurada em uma só orelha, resultados científicos são divulgados. Twitter não mata vírus. Lembre disso.
Conversei com o líder da pesquisa na França, um cientista bem conhecido chamado Didier Raoult para me certificar que os dados eram reais. Ele afirmou que o trabalho já havia sido revisado e será publicado em breve em uma revista científica.
Mais informações: Hydroxychloroquine and azithromycin as a treatment of COVID-19: results of an open-label non-randomized clinical trial. In Press (2020) mas disponível na internet.
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