Bolsa suspende negócios após queda de mais de 10%

Dólar tem acumula alta de mais de 16% em 2020. Foto: José Patrício/ Estadão

Temor sobre os efeitos do coronavírus se agravou no início da tarde; dólar renova máxima do dia, acima de R$ 4,74

A aversão ao risco continuou a dar o tom dos negócios na última hora, com aprofundamento das perdas nas bolsas de Nova York e na brasileira. Os negócios na B3, a Bolsa de Valores brasileira, foram suspensos por volta das 15h14, após queda de 10,11% do Ibovespa, quando o indicador marcava 82.887,24 pontos, depois de a Organização Mundial de Saúde declarar pandemia do novo coronavírus. É a segunda vez que o mecanismo de circuit breaker é acionado na Bolsa de Valores brasileira nesta semana.

A negociação ficará suspensa por 30 minutos. Reabertos os negócios, caso a variação do Ibovespa atinja uma oscilação negativa de 15% em relação ao índice de fechamento do dia anterior, os negócios são interrompidos por uma hora.

Esse mecanismo, chamado circuit breaker, permite – na ocorrência de movimentos bruscos de mercado – o amortecimento das ordens de compra e de venda.

O dólar renovou sucessivas máximas e bateu em R$ 4,7406, com alta de 2,01% depois da suspensão de negócios da Bolsa.

Na hora em que entrou no circuit breaker, Petrobras ON cedia 12,47% e Petrobras PN, 12,67%. A mineradora Vale recuava 10,29%. As principais quedas do índice estavam com Azul PN (-21,28%), Gol PN (-19,21%) e CSN ON (-17,40%).

Esta é a 19ª vez que o mecanismo é acionado desde sua adoção em 1997. Na segunda-feira, o Ibovespa caiu 12,17%, a maior baixa em mais de 20 anos. Antes disso, a última ocasião em que o circuit breaker foi ativado ocorreu em 18 de maio de 2017, por causa da Delação da JBS.

O temor sobre os efeitos do coronavírus continua no centro das atenções e se agravou no início da tarde, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o Covid-19 corresponde a uma pandemia, com o seu espalhamento pelo mundo. Segundo o balanço mais recente da entidade, há atualmente mais de 118 mil casos de coronavírus confirmados, em 114 países, com 4.291 mortes. A entidade ainda advertiu que, nas próximas semanas, deve aumentar o número de casos e também as mortes causadas pela doença.

“Todos os países devem rever suas estratégias contra o coronavírus agora. Orientamos as nações para que encontrem, isolem, testem e tratem todos os casos”, afirma a organização, observando que a taxa de mortalidade do vírus está se mostrando muito maior do que da de um influenza comum.

Bear Market

O índice Dow Jones ampliou perdas e caiu a 5,452%, a 23.642,28, entrando em ‘bear market’ (como é chamado o mecanismo que suspende os negócios). O banco Goldman Sachs divulgou que prevê mais quedas nas bolsas em Nova York e estima que o S&P 500 caia para 2.450 pontos no meio do ano, o equivalente a uma baixa de 15% em relação ao fechamento de ontem. O estrategista de ações do Goldman nos EUA, David Kostin, avalia que o período mais longo de “bull market” (alta das ações) da história da economia americana, que já dura 11 anos, deve terminar “em breve”, escreve em relatório.

Em meio aos casos de coronavírus que aumentam no Brasil, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou que a mesa diretora se reunirá para decidir sobre a publicação de uma portaria restringindo o acesso à Câmara.

Ásia

Após uma terça-feira de recuperação na Ásia, as Bolsas do continente fecharam em queda generalizada nesta quarta, mantendo o padrão de volatilidade das últimas semanas, enquanto investidores acompanham os desdobramentos da epidemia de coronavírus e possíveis medidas de estímulos por governos e bancos centrais.

Confira matéria do site Estadão.

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