Cabo Moraes morreu com colega durante tentativa de resgate em morro no Guarujá; mulher e bebê morreram no mesmo local
GUARUJÁ – “Ele morreu como um herói, fazendo o que gosta”, disse Ana Moraes, viúva de Rogério de Moraes Santos, de 43 anos, um dos dois bombeiros que morreram enquanto tentavam salvar uma mulher e um bebê no Guarujá, cidade mais atingida pelas chuvas na Baixada Santista esta semana. A dupla participava do resgate quando houve novo deslizamento. O temporal já deixou pelo menos 21 mortos e 28 pessoas seguem desaparecidas.
“Só tenho a agradecer por ter compartilhado esses 23 anos com ele”, acrescentou a dona de casa. O velório de Santos foi feito na tarde desta quarta-feira, 4, no Cemitério Municipal da Saudade. O corpo chegou ao local por volta das 12 horas em um caminhão do Corpo de Bombeiros. A viúva e os três filhos do casal – duas jovens, de 21 e 19 anos, e um adolescente de 16 – também estavam no veículo. Na sala ao lado, ocorreu o velório da mãe e da criança que morreram soterrados no Morro do Macaco Molhado.
Aos poucos, bombeiros de diversos batalhões chegaram para uma última homenagem a Moraes. Alguns mais próximos e que trabalhavam com ele estavam muito emocionados. Um deles foi o sargento Francisco dos Santos, que se formou com Moraes e trabalhou com ele ao longo dos últimos 20 anos. “Era um cara íntegro, honesto e grande parceiro. Um pai de família, um grande confidente meu. É difícil falar algumas palavras, mas Deus levou nosso amigo para junto dele. O Moraes era o que define ser bombeiro”, disse.
Companheiro de batalhão de Moraes, o cabo Amorim também falou emocionado sobre o parceiro. “Trabalhávamos juntos em Vicente de Carvalho. Era um excelente amigo, um cara sério, excelente profissional”, ressaltou o colega.
Neste verão, as fortes chuvas na Região Sudeste já deixaram 143 mortos nos quatro Estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. O número é mais de 70% maior do que o registrado na estação chuvosa anterior, quando houve 82 vítimas. A combinação de efeitos de longo prazo das mudanças climáticas, temperaturas mais baixas nos oceanos e falhas urbanísticas nas cidades explicam o aumento na quantidade de tragédias por causa de temporais, segundo especialistas ouvidos pelo Estado.
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