Parlamentares representantes da categoria insuflaram uma insatisfação com a promessa de que haveria ganhos inatingíveis no curto prazo. Perderam o controle e a liderança
De forma dividida (é bom que se observe), policiais militares decidiram pôr fim ao movimento ilegal e retomar as atividades, para o bem da sociedade. Não há o que celebrar. Há que se reconhecer o papel institucional dos representantes que atuaram para solucionar o problema. E há, também, que se avaliar os impactos políticos de tudo isso.
Agora, é possível dizer com objetividade: a política atrapalhou reivindicações justas da tropa e desgastou a imagem de uma corporação valorosa (e vai continuar sendo) a todos os cearenses. Os amotinados embarcaram numa aventura desastrosa.
Vamos adotar como ponto de partida, a frase do vice-presidente da República, General Mourão, sobre o assunto: “se a política entra na porta da frente do quartel, a disciplina e hierarquia saem pela porta dos fundos”. Estamos diante de um caso concreto.
Os parlamentares representantes dos policiais militares, que se confundem com dirigentes de associações, totalmente interessados em uma repercussão em ano eleitoral, aproveitaram uma insatisfação na tropa para insuflar os ânimos com possibilidade de ganho ilusório e inatingível no curto prazo. Depois da mobilização inicial, veio o choque de realidade com o projeto de reestruturação salarial feito pelo Governo do Estado.
Sem anistia
Uma proposta talvez longe do ideal (todo mundo quer ganhar mais. E os salários, no Brasil, não só para policiais, são defasados), mas com um avanço. Depois, a pedido da categoria, houve uma mesa de negociação, que garantiu ganho melhor para os praças. E os ditos representantes parlamentares fecharam um acordo, comemoraram e até choraram com os ganhos. Mas a promessa à tropa havia sido maior. E foi aí que começou o problema que durou 13 dias, deixou lideranças esfaceladas e terminou sem ganhos, sem anistia e com uma categoria dividida.
Momento difícil
Os parlamentares não conseguiram entregar o que se comprometeram e, como já abordamos aqui, foram atropelados pela tropa. O desfecho do movimento, transmitido ao vivo pelas redes sociais, mostrou poucos presentes (policiais que transmitiam os atos até cobravam dos colegas de farda), homens exaustos, clara falta de liderança, ânimos acirrados e muita indecisão.
Aproveitadores
Nas ‘lives’ de ontem, foi possível identificar também políticos infiltrados e assessores parlamentares que estavam no movimento também para insuflar os ânimos e tumultuar. Para esses, que não são policiais, não estão submetidos ao regramento militar duro e não correm o risco até de perder os seus empregos, quanto pior melhor. Parte do movimento demorou a compreender isso, mas a insatisfação foi registrada ontem nas transmissões ao vivo.
Sobe
Camilo Santana sai forte da crise. Propôs reajuste, autorizou mesa de negociação que terminou em mais um ganho à categoria e, após o motim, garantiu que não daria anistia a ilegalidades cometidas.
Desce
Capitão Wagner, reconhecido líder dos policiais militares, esteve ausente das discussões, ontem, no momento crucial. Nas ‘lives’, muita gente cobrou a presença dele no 18º Batalhão.
Confira matéria do Site Diário do Nordeste
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