O movimento dos policiais militares e bombeiros ultrapassa a marca dos 10 dias (chega hoje ao 11º), com um saldo muito negativo para o Ceará em relação à insegurança nas ruas – que mexe com a rotina das pessoas – e uma crise institucional que atinge um nível elevado de tensão e envolve os agentes políticos. Hoje, já é possível ter mais clareza de que, ao fim disso tudo, não haverá um meio-termo em relação aos envolvidos. Não será mais possível o Estado e os membros do movimento saírem fortes juntos. Haverá um lado vencedor na queda de braço e, naturalmente, um perdedor. Na balança política, isso deve ser, inclusive, um dos complicadores de um acordo entre as partes. De uma forma ou de outra, o desrespeito aos ditames da Constituição Federal cria uma insegurança jurídica e social. Afinal, quais os limites de atuação de autoridades e categorias em benefício próprio, que não a Constituição? Difícil dilema.
Lista inatingível
A pauta com 18 reivindicações apresentada pelos policiais militares à comissão dos três poderes, formada para retomar o diálogo com a categoria, consiste em uma lista inatingível de solicitações para o momento de tensão que atravessam as negociações. Descendo para o mundo real, há duas questões centrais que devem ser o alvo da comissão e do negociador apresentado pelo movimento: o pedido de anistia dos membros e a negociação salarial, alvo da discórdia desde o início. O foco de negociação, objetivamente pelo bem da sociedade, deve ser esses dois pontos. Não há prejuízo, porém, para as demais demandas da categoria que pode ir sendo alvo de diálogo ao longo dos próximos anos com o governo de plantão.
Há margem de melhora
Na Assembleia Legislativa, onde tramita o projeto que propõe a tão falada reestruturação salarial de policiais militares e bombeiros, o tema central tem sido o movimento dos militares. Ainda não se fala abertamente, mas nos bastidores alguns parlamentares da base governista admitem que há pontos na proposta que podem ser melhorados (não são muitos), em benefício dos policiais. Existe, entretanto, uma espera pelo que virá de pedidos do movimento. Há uma necessidade urgente de as partes avançarem nessa pauta objetiva para que se torne mais real a possibilidade de acordo.
CPI sem previsão
Além do projeto de reestruturação, também tramita na Assembleia Legislativa um pedido feito pela base governista de CPI para investigar supostas ilegalidades nas associações de policiais. Também pedindo reservas, parlamentares dizem que, atualmente, não há clima para instalar a comissão neste sentido. O momento é de acalmar os ânimos.
Delegado Cavalcante, que havia reclamado na segunda-feira de não ter tido oportunidade de se encontrar com os ministros do governo Bolsonaro, dizia ontem na Assembleia que, depois, foi possível o encontro. Pediram a selfie, mas ele não mostrou
no meio político do Ceará.
Só se fala nas perdas e ganhos que os personagens centrais dessa crise terão para o ano eleitoral. Quem sai forte e quem sai fraco? Esse é o mais novo tema do banco de apostas informal que se forma nos corredores do poder. Depois, falamos sobre isso.
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