Mansão de Edemar Cid Ferreira vai a leilão pela quarta vez

Casa e os objetos do empresário Edemar Cid Ferreira que vão a leilão Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Imóvel inicialmente avaliado em R$ 78 mi agora exige lance mínimo de R$ 10 milhões

Um dos imóveis que simbolizam o luxo tipo ostentação da alta sociedade pode ganhar um novo proprietário a partir de amanhã. A mansão de Edemar Cid Ferreira, ex-dono do Banco Santos, volta a ser leiloada – e o comprador poderá ficar com a casa pagando menos de 13% de seu valor original de avaliação. É a quarta vez que o imóvel vai a leilão. De acordo com decisão judicial, qualquer lance de acima de R$ 10 milhões será aceito. Inicialmente, a mansão havia sido avaliada em R$ 78 milhões.

Localizada no alto de uma ladeira numa área nobre do Morumbi, bairro da zona sul de São Paulo, a casa de Edemar Cid Ferreira demorou anos para ficar pronta. Fazia poucos meses que Edemar, a mulher e os dois filhos tinham se mudado quando a falência do Banco Santos foi decretada, em 2004. De residência dos sonhos, o imóvel virou uma espécie de “bunker” da defesa do empresário, que chegou a ser preso. Em 2011, ele foi obrigado a deixar o imóvel. 

A saga para a venda da mansão, uma das formas de compensar os débitos que a instituição deixou para trás, é quase tão intrincada quanto a história de sua concepção e construção. Esse é o quarto leilão da mansão.

Em duas primeiras tentativas, não houve um interessado. Na mais recente, em outubro de 2019, a casa chegou a ser arrematada, por um valor de R$ 9 milhões. Nessa época, a Justiça já havia começado a aceitar lances mais baixos do que o mínimo de R$ 24 milhões inicialmente estabelecido, mas as propostas eram consideradas condicionais. Ou seja: dependiam de uma autorização posterior da Justiça para validação.

Segundo o advogado Pedro Amorim, diretor da empresa D1 Lance Leilões, responsável pelo certamente de amanhã, agora as condições são outras. O juiz da recuperação judicial do Banco Santos já determinou que os lances agora serão definitivos, desde que fiquem acima do patamar de R$ 10 milhões. Esse piso foi estabelecido porque, depois do arremate da mansão por R$ 9 milhões em outubro, uma pessoa interessada no imóvel protocolou um lance de R$ 10 milhões. 

Caso não surja ninguém disposto a pagar um pouco mais, bastaria esse interessado repetir o lance durante o leilão para levar o imóvel por exatos 12,82% da avaliação inicial. Mas Amorim ainda tem esperanças de que o imóvel, por sua arquitetura icônica e vista privilegiada do Jockey Club, atraia lances mais altos. “Já temos 12 participantes habilitados, com possibilidade de fazer lances”, conta.

Ostentação

A reportagem do Estadão visitou o imóvel em uma das tentativas de venda, em 2017. Instalada em terreno de 12 mil m², a residência tem 4,5 mil m² de área construída e inclui facilidades como duas piscinas – uma coberta e outra ao ar livre –, uma adega que abriga 5 mil garrafas de vinho, duas bibliotecas (com coleção de livros de arte incluída). Alguns objetos de arte e móveis ainda restam na casa. Só a mesa de jantar de 24 lugares teria custado, na época da aquisição, US$ 350 mil (mais de R$ 1 milhão).

Manter um imóvel dessa magnitude não é fácil nem barato. Desde a expulsão de Edemar, há oito anos, a residência – que, em um certo período, contabilizava quatro moradores e 54 empregados –, custou milhões à massa falida. Isso porque o projeto do arquiteto Ruy Ohtake já incluía, 20 anos atrás, a automação de persianas e um sistema completo de ar-condicionado – luxos que elevaram a conta de luz a R$ 100 mil por mês. 

Além dos gastos fixos salgados, um eventual novo dono também terá de arcar com uma reforma, já que os problemas se proliferam entre corredores de mármore e escadarias suntuosas: há pisos de madeira podres, lâmpadas caídas e portas que já não abrem e nem fecham.

Confira matéria do site Estadão.

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