Juiz anula condenação de R$ 380 milhões da Lava Jato por ordem de alegações finais

Dallagnol disse que decisão provoca “insegurança jurídica”

Deu no G1

Uma sentença de um processo da Operação Lava Jato que condenou a empreiteira Mendes Júnior Trading e Engenharia e dois executivos ao pagamento de mais de R$ 380 milhões foi anulada nesta segunda-feira, dia 3, pelo juiz Marcus Holz, da 3ª Vara Federal de Curitiba.

A anulação se deu com base no entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que os réus delatados têm o direito de apresentar as alegações finais depois dos réus delatores. De acordo com o juiz, o entendimento também se estende às ações de improbidade administrativa – que é o caso – por entender que são dotadas de viés acusatório e semelhante às ações penais.

ALEGAÇÕES FINAIS – A condenação, de outubro de 2019, era do próprio magistrado. Agora, o processo volta para a fase de alegações finais. No prazo de 30 dias, o Ministério Público Federal (MPF), a Petrobras e a União devem apresentá-las. Depois, o prazo para as alegações dos réus delatores será aberto. Por fim, irão se manifestar as defesas dos réus que não são colaboradores.

A ação de improbidade administrativa foi proposta pela força-tarefa da Lava Jato. Conforme a decisão anulada, a empresa e os executivos pagaram propina ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa – o primeiro delator da operação.

PROPINA – O despacho anulado apontava que a propina paga ao agente público variava de 1% a 3% do montante de contratos bilionários em licitações fraudulentas. Os valores, segundo a decisão, eram distribuídos por meio de operadores financeiros, de 2004 a 2012. Os pagamentos foram até 2014.

De acordo com a sentença anulada, a interferência ocorreu em contratos de obras de refinarias brasileiras. A empreiteira também está proibida de contratar ou receber benefícios fiscais do poder público pelo prazo de 10 anos.

CRÍTICAS – O procurador Deltan Dallagnol teceu críticas ao julgamento dos ministros do STF. “A decisão do Supremo que aplicou para o passado a nova regra de que delatados falam por último gerou enorme insegurança jurídica. Hoje, está sendo anulado esse caso, mas poderão ser muitos outros. Além disso, aumenta o risco de que surjam pedidos de aplicação em outras fases do processo, anulando outras decisões, atrasando ainda mais a resposta da Justiça”, argumentou.

Não é a primeira vez que Dallagnol ataca decisões do STF. Seu comportamento combativo ao julgamento dos ministros da Corte Suprema já renderam uma série de representações no Conselho Nacional do Ministério Público.

Confira matéria do site Tribuna da Internet.

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