A primeira dúvida é quanto ao projeto executivo, que precisará de ser revisto, sob pena de colocar em risco a qualidade de sua execução. Esta é a opinião de empresários construtores de estradas presentes à reunião na Fiec.
Promovida pelo presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, com o objetivo de encaminhar uma solução rápida para a precaríssima situação em que se encontra a CE-155, estrada que liga a BR-222 ao Porto do Pecém, hoje quase intransitável para centenas de caminhões pesados que levam e trazem a carga de exportação e de importação do Ceará, a reunião de ontem, quarta-feira, 29, das autoridades do Governo do Estado com os empresários da indústria e da agropecuária teve uma preocupante conclusão: a rodovia – que está sendo lentamente duplicada – continuará enfrentando problemas.
Ao lado do presidente da Fiec e diante de um auditório cheio de agentes econômicos ansiosos por boas notícias, o secretário Chefe da Casa Civil, Élcio Batista, e o superintendente de Obras Públicas (SOP), Quintino Vieira, fizeram promessas. O primeiro disse que o segundo tem a determinação do governador Camilo Sanatana “para dormir no Pecém, acompanhando permanentemente a obra de duplicação”. Quintino Vieira foi além: prometeu que, até dezembro deste ano, a duplicação a CE-155 estará pronta.
Uma promessa da qual se desconfia. Primeiro, porque os R$ 78 milhões disponíveis para a execução da obra são insuficientes para a sua conclusão. Segundo, porque, de agora até março, se a natureza não manifestar-se contrariamente, haverá muita chuva desabando sobre todos os 20,1 quilômetros da estrada. Água da chuva e obra rodoviária são incompatíveis.
Há um terceiro motivo que leva o contribuinte – e este colunista, também – a não acreditar na promessa do superintendente da SOP: o projeto de engenharia da duplicação da CE-155 tem, segundo dizem e repetem os especialistas, claros erros técnicos.
O próprio engenheiro Quintino Vieira, nas suas várias interferências na reunião da Fiec, admitiu esses erros, ao afirmar que, se for necessário rever o projeto, mais tempo será gasto com a burocracia estatal para a realização de um novo processo licitatório, o que atrasará ainda mais a duplicação da estrada.
Agora, o mais grave: a CE-155 é o caminho de acesso ao mais importante polo industrial e portuário do Ceará. Por ela trafegam, diariamente, 3.800 veículos, 40% dos quais são caminhões pesados que vão e vêm do Pecém carregando o que o Ceará produz e exporta e o que ele também importa.
Do jeito que está hoje, essa rodovia é um gargalo que eleva os custos das empresas de transporte, cujos caminhões se quebram na sua imensa buraqueira. E mais do que um gargalo, é uma vergonha para os cearenses e uma afronta aos investidores que chegam aqui com a intenção de empreender no CIPP, do qual faz parte a ZPE Ceará, a primeira e única a funcionar no País.
O consórcio responsável pela duplicação da CE=-155 – constituído pelas construtoras Lomarcon e Copa – tem nenhuma culpa pelo estado em que se encontra a estrada. Ele começou os trabalhos com várias máquinas e equipamentos e também com um laboratório de análise de solo, tudo conforme prevê o regulamento. Mas a chuva não só atrapalhou os planos de aceleração dos serviços, como agravou a situação de penúria da rodovia. (Na madrugada desta quinta-feira, choveu muito sobre toda a CE-155, e o resultado será a manutenção da suspensão de sua duplicação por mais quatro dias dias).
Foi aí que entrou a Fiec, cujo presidente, Ricardo Cavalcante, atendendo a apelos dos seus colegas industriais exportadores e importadores, articulou com o governo do Estado a reunião de quarta-feira, que foi a primeira de uma série que se fará mensalmente, como ficou combinado entre as partes. Tudo com a exclusiva intenção de duplicar a estrada, o quanto antes.
Para este colunista, noves fora a promessa do superintendente da SOP de que, até dezembro, a duplicação da CE-155 estará concluída, ficaram dúvidas sobre o futuro próximo do projeto de duplicação da CE-155.
A primeira dúvida é quanto ao projeto executivo, que precisará de ser revisto, sob pena de colocar em risco a qualidade de sua execução. Esta é a opinião de empresários construtores de estradas presentes à reunião na Fiec.
A segunda dúvida é quanto o pavimento da estrada: rígido, ou seja, de concreto, ou flexível, isto é, de asfalto?
A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) promete entregar na próxima semana um estudo técnico a respeito do assunto. A indicação da ABCP será no sentido de que se use o concreto no piso da estrada, uma vez que seus custos – segundo garantiu o representante da entidade, Eduardo Morais – são hoje muito próximos aos do asfalto, com a vantagem de que o piso rígido tem duranbilidade de até 30 anos, ou mais.
As próximas ações da Superintendência de Obras Públicas e a intensidade das chuvas indicarão o que acontecerá, no curtíssimo prazo, com a duplicação da CE-155.
Por enquanto, seguem as dúvidas.
Confira matéria do Site Diário do Nordeste
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