Bolsonaro se irrita com “voo particular” e destitui secretário-executivo da Casa Civil

Santini assumiu interino e viajou como titular

Guilherme Mazui
Pedro Gomes
G1

O presidente Jair Bolsonaro informou nesta terça-feira, dia 28, que decidiu tirar Vicente Santini do cargo de secretário-executivo da Casa Civil. Número dois da pasta, ele viajou à Índia em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), o que irritou o presidente. O presidente anunciou a destituição de Santini do cargo em entrevista na chegada ao Palácio da Alvorada, após retornar da viagem oficial que fez à Índia.

Santini utilizou o voo da FAB na condição de ministro em exercício, já que o titular Onyx Lorenzoni está em férias. Bolsonaro ficou irritado, pois Santini poderia ter viajado em voo comercial, como outros ministros fizeram.

ESTÁ FORA – “Questão do avião da Força Aérea. Inadmissível o que aconteceu. Já está destituído da função de [secretário] executivo do Onyx. Decidido por mim. Tá, vou conversar com o Onyx, ver quais outras medidas podem ser tomadas contra ele. É inadmissível o que aconteceu. Ponto final”, disse Bolsonaro.

O presidente Jair Bolsonaro deve pedir a auxiliares que revisem as regras de uso de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) após o secretário-executivo da Casa Civil, Vicente Santini, utilizar uma aeronave oficial para se deslocar até Nova Délhi, na Índia.

Todos os deslocamentos foram feitos em um jato Legacy, da Aeronáutica. A viagem de FAB do secretário-executivo foi noticiada pelo site do jornal O Globo. O governo não informa o custo da viagem, mas de acordo com oficiais da FAB ouvidos pelo Estado, um deslocamento como este não sai por menos de R$ 740 mil.

Santini viajou acompanhado de mais duas servidoras. A secretária do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Martha Seillier, e a assessora internacional do PPI, a diplomata Bertha Gadelha. Segundo interlocutores, Bolsonaro demonstrou ter ficado “muito irritado” com o voo “particular” e a mensagem negativa que pode passar à opinião pública, contrária ao discurso de austeridade nas contas públicas adotado pelo governo federal.

“BRONCA” – O presidente não quis se dirigir a Santini, mas fez chegar a “bronca” ao secretário-executivo. A estes interlocutores, Bolsonaro disse que quer saber como funcionam as regras de solicitação de aviões da FAB para modificá-las, a fim de evitar “abusos”, como classificou este caso.

A indignação do presidente, de acordo com os interlocutores, foi maior pelo fato de ministros importantes de seu governo, como Paulo Guedes (Economia), terem enfrentado as horas de voo até Davos em aviões comerciais.

Além de Guedes, que pagou um “upgrade” para viajar de classe executiva do próprio bolso, também foram em voos regulares a ministra Tereza Cristina (Agricultura), Bento de Albuquerque (Minas e Energia) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde).

HISTÓRICO – O incômodo com Santini tem crescido em setores do governo. Auxiliares do presidente questionam sua presença constante em eventos com Bolsonaro, mesmo os que não têm qualquer relação com sua área de atuação. Também questionam a “desenvoltura” com que o secretário-executivo da Casa Civil circula no terceiro andar do Palácio do Planalto, onde fica o gabinete presidencial.

De acordo com o Diário Oficial da União (DOU), a viagem de Santini foi autorizada pelo presidente “com ônus”. Mas o decreto não fala em autorização para solicitar voos da FAB. Questionada sobre o uso do avião oficial, a Casa Civil informou que “a solicitação cumpriu todos os requisitos previstos na legislação vigente”.

AGENDA – “Por uma questão de agenda, o secretário Santini participou da reunião do Conselho de Governo na terça-feira (21) e, embarcou para Davos às 14h, chegando justo a tempo de participar de compromissos assumidos naquela cidade, onde participou de reuniões, encontros bilaterais e a carteira do PPI foi apresentada a dezenas de investidores”, informou a pasta, por nota. A FAB também informou que o pedido cumpriu os requisitos legais.

Confira matéria do site Tribuna da Internet.

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