Carlos Newton
Como se sabe, os generais Eduardo Villas Bôas, Augusto Heleno e Hamilton Mourão foram os grandes avalistas da eleição de Jair Bolsonaro. O apoio desses chefes militares consolidou o candidato do PLS como o grande rival do petista Fernando Haddad, que disputava na vaga de Lula da Silva, o maior fenômeno eleitoral do país, vencedor de quatro eleições seguidas – duas em seu nome próprio e as outras duas com transferência de seus votos para Dilma Rousseff, que jamais disputara eleição nem para síndica de prédio.
Esse apoio militar começou a se fragmentar logo após a eleição, porque Bolsonaro não ouvia mais ninguém e começou a atacar o vice Hamilton Mourão, que teve de demonstrar enorme maturidade.
ESCANTEADO – Alvejado diariamente pelo presidente Bolsonaro e seus três filhos, Mourão simplesmente foi obrigado a parar de receber jornalistas nacionais e estrangeiros, que o consideravam um interlocutor seguro e confiável. Ou seja, foi claramente escanteado do governo, mas não passou recibo.
Continuou desprestigiado até mesmo nas duas licenças médicas do presidente para se submeter a delicadas cirurgias de risco, quando Bolsonaro forçou a barra para reassumir sem ter a menor condição física, de forma a que seu vice ficasse o menor número possível de dias como presidente interino, como aconteceu após a segunda operação.
Mourão ficou fingindo de morto, até parecia um gaúcho travestido de político mineiro. E a estratégia deu certo. Aos poucos, Bolsonaro foi se livrando dos filhos e da influência tenebrosa do escritor ultradireitista Olavo de Carvalho, restabeleceu a amizade com Mourão e passou até a lhe delegar algumas missões.
CONSELHO DA AMAZÔNIA – Nesta semana, ciente de que a questão ambiental tornou-se crucial para o futuro do governo, Bolsonaro criou o importantíssimo Conselho da Amazônia e nomeou o general Mourão para vencer esse tremendo desafio.
No Twitter, o vice-presidente postou uma bela mensagem. “Agradeço ao presidente @jairbolsonaro a confiança em mim depositada ao incumbir-me da coordenação do Conselho da Amazônia, criado para integrar as ações dos ministérios em prol da proteção, defesa e desenvolvimento sustentável da região. A Selva nos une e a Amazônia nos pertence!”
Mourão enfim poderá mostrar a que veio. Com toda certeza, vai transformar a Amazônia numa operação de guerra, com apoio da Marinha, da FAB e de outros órgãos públicos.
MOURÃO E MORO -Mourão deu início aos trabalhos convocando o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Mourão, para acertar a criação da Força Nacional da Amazônia, uma nova tropa de elite.
Sabe-se que os destruidores da floresta são criminosos de alto nível e grande poder financeiro, que corrompem oficiais de cartório e falsificam escrituras de propriedade. Até agora, tiveram vida boa, mas agora estão com seus dias contados. A dupla sertaneja Mourão e Moro vai jogar pesado contra eles e desfazer esses esquemas criminosos.
Cortar a madeira e limpar a terra é tarefa árdua, que custa muito dinheiro. Quando há repressão, é mal negócio investir nisso e o desmatamento vai ser interrompido, podem apostar. Em contrapartida, a recuperação da floresta é fácil, em poucos anos ela naturalmente se recompõe, movida pela chuva constante. Primeiro, nasce o que os amazônidas chamam de capoeira, uma mata de arbustos; em seguida, a floresta ressurge em toda a sua diversidade e exuberância.
P.S. – Este é o assunto mais importante do momento. Em breve, voltaremos a ele, com informações sobre os projetos para punir os desmatadores, com uso das fotos de satélite. Como diz o general Mourão, a selva nos une e a Amazônia nos pertence. (C.N.)
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