Brasileiro conta rotina de cidade isolada onde surgiu o coronavírus

Brasileiro conta rotina de cidade isolada onde surgiu o coronavírus

Brasileiro conta rotina de cidade isolada onde surgiu o coronavírus

O mundo todo está preocupado com a nova geração do coronavírus, que pode provocar pneumonia. Ele surgiu na China, na virada do ano. Causou mortes e em poucos dias chegou ao Ocidente.

Autoridades de saúde, em todos os continentes, tentam evitar uma epidemia global. Aeroportos monitoram sinais da doença nos viajantes e 35 milhões de chineses estão em quarentena na região onde tudo começou.

A pedido do Fantástico, um brasileiro que mora em Wuhan registrou o clima de uma cidade quase do tamanho de São Paulo em completo isolamento.

Uma brasileira que chegou da China semana passada com febre e falta de ar ficou três dias em observação em um hospital de Belo Horizonte. O motivo da apreensão estava a 17 mil quilômetros dali.

Wuhan, no centro da China, tem 11 milhões de habitantes. Mas só dentro dos hospitais se vê aglomeração. Todos os médicos da cidade foram convocados.

Dráuzio Varella explica o coronavírus


Dráuzio Varella fala sobre o coronavírus

Uma funcionária conta que mente para tranquilizar a mãe, que mora em outra cidade.

A enfermeira Xiao Zhimin mal consegue passar em casa nos intervalos do trabalho. Ela explica o desenho que o filho, de 11 anos, mandou pelo celular: “Não é um castelo o que ele quer. Ele quer estar comigo debaixo de um arco-íris.”

O governo chinês, que tinha anunciado a entrega em dez dias de um novo hospital, disse no sábado (25) que serão construídos dois novos prédios em Wuhan. Mas, fora dos canteiros de obras e das enfermarias, a metrópole é um deserto.

O brasileiro Heros Martines mora há dois anos em Wuhan, onde estuda mandarim:

“Tá tudo fechado, pouco movimento na rua. A cidade entrou em quarentena. Não tem transporte público na cidade”

Outras doze cidades da região também foram fechadas pelo governo central. Ninguém entra, ninguém sai. O transporte foi restringido inclusive dentro das cidades.

A população comprou o que pôde nos mercados. Cerca de 35 milhões de moradores estão em quarentena. Em escala menor, as restrições foram adotadas em todo o país. Outro brasileiro, Charles Putz, viajou a passeio para Xangai, a maior cidade da China: “Os trens estão vazios”, ele conta.

Os primeiros casos da doença respiratória surgiram em dezembro. Todos os doentes frequentavam um mercado de animais vivos em Wuhan. O mercado foi fechado no dia primeiro de janeiro, mas o número de casos continuou a crescer.

Na segunda-feira (20), cientistas chineses informaram que o contágio do coronavírus estava se fazendo de humano para humano. Na semana do ano novo chinês, época em que a população mais viaja por dentro e para fora do país, a luz de emergência se acendeu no mundo todo.

Primeiro na Ásia. O aeroporto de Jacarta, na Indonésia, foi um dos muitos que passaram a monitorar a temperatura de viajantes que chegavam de Wuhan. Depois o cuidado foi adotado pela Austrália, na Oceania. Pela Nigéria, na África. Na Europa, Rússia e Itália são dois dos muitos exemplos.

Na quarta-feira (22), o último avião saído de Wuhan com permissão para pouso nos Estados Unidos chegou a Nova York.

“Não tenham medo de quem vem de Wuhan”, disse um passageiro do último voo. “Nosso país está fazendo tudo que é possível pra controlar o vírus.”

Mas o controle é difícil. Na tarde deste domingo (26) os números eram estes: 56 mortos, 51 deles na região de Wuhan. Treze países foram atingidos. Nos Estados Unidos, o terceiro caso foi confirmado.

O epidemiologista W. Ian Lipkin, da Universidade Columbia, viaja pra China na terça-feira (28) para ajudar no combate ao coronavírus: “Os vírus têm uma enorme capacidade de evoluir e mudar de comportamento. Até onde sabemos, nada sugere que será tão grave quanto a SARS – a gripe asiática. Mas só o tempo vai dizer”.

A gripe asiática, em 2002, contagiou oito mil pessoas em todos os continentes. Quase oitocentas morreram.

O coronavírus tem esse nome porque é uma esfera com pontas que lembram uma coroa. Os sintomas mais graves são falta de ar e pneumonia. A

Em um laboratório da Universidade Columbia, em Nova York, é possível identificar o DNA de um vírus em apenas alguns dias. Essa mesma tecnologia foi usada na China, e todos os grandes centros mundiais de combate a epidemias receberam a sequência do DNA do novo coronavírus em apenas duas semanas.

Mas outro cientista, Thomas Briese, diz que a quarentena de Wuhan pode ter começado tarde demais:

“Eles estão sempre um passo atrás do vírus. Já apareceram vários casos em outras províncias fora da região de Wuhan. Vai ser difícil conter a propagação, principalmente por causa das viagens durante o feriado do Ano Novo”.

Na China, o país mais populoso do Mundo, aglomeração virou palavra proibida. E o feriado mais importante do ano foram canceladas ou reduzidas. Em Nova York elas acontecem. E no Japão, principal destino internacional de turistas chineses, também.

No Japão, a maior e mais tradicional celebração acontece no bairro chinês de Yokohama, região metropolitana de Tóquio.

Uma família foi assistir à celebração mesmo sabendo que o Japão tinha acabado de confirmar o terceiro caso do novo vírus. “A gente toma precauções e acredita que estamos seguros aqui no Japão”, disse o pai que levou os dois filhos para a rua.

Ele confia no que a pesquisadora brasileira Nancy Bellei chama de etiqueta respiratória dos japoneses:

“Basta estar tossindo ou espirrando, eles usam máscara. Você nos ambientes públicos, no metrô, no ônibus, nos trens, principalmente, você não vê ninguém tossir que não esteja de máscara”.

Esse tipo de máscara, geralmente descartável, já é um hábito estabelecido no Japão e no mercado são encontradas diferentes formatos de venda. Com o risco do coronavírus, as os estoques de máscaras está diminuindo. Uma das últimas caixas foi comprada pela turista de Hong Kong que disse que já está difícil achar máscaras por lá.

Fantástico acompanhou o desembarque do último voo a deixar Wuhan com destino a Tóquio – antes de a cidade chinesa ser isolada.Todos passaram pelo controle de temperatura corporal, e ninguém ficou retido.Febre é um sintoma preocupante.

Dois dias depois, um turista de Wuhan – que já estava no Japão antes do último voo – se tornou o terceiro caso no País. Nessas épocas de risco, evite contato físico. Abuse da higiene. O Fantástico já mostrou como é fácil que um só indivíduo contamine um grupo inteiro.

Mas no Brasil o coronavírus ainda não desembarcou. A paciente que foi internada em Minas Gerais, citada no começo da reportagem, teve alta. Era uma gripe comum. Ela não tinha o coronavírus.

No dia seguinte, a Anvisa se reuniu com companhias aéreas para reforçar protocolos internacionais de prevenção. E anunciou que os aeroportos brasileiros vão orientar passageiros que estiveram na China se eles sentirem os sintomas do novo vírus.

Confira matéria do site G1.

Be the first to comment on "Brasileiro conta rotina de cidade isolada onde surgiu o coronavírus"

Leave a comment

Your email address will not be published.


*