Fortaleza ascende de patamar com vitória e já tem Sul-Americana como objetivo

Jogadores do Fortaleza vibram com resultado obtido na Arena Castelão Camila Lima / SVM

Uma vitória perfeita. Dessas sem um defeito sequer, com ampla superioridade técnica e física, longe de sustos. O Fortaleza foi gigante frente ao CSA, ontem, e aplicou um indiscutível 3 a 0 na Arena Castelão, pela 33ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro. Se havia alguma dúvida sobre o potencial do time, o Leão tratou de anunciar que a briga é por uma inédita vaga na Sul-Americana, logo em uma temporada escrita por triunfos.

A empolgação com o resultado reside porque os 42 pontos somados o colocam muito perto da liberdade, distante do litígio que persegue os concorrentes da parte de baixo da tabela: a zona de rebaixamento.

E tudo se construiu com imponência. O jogo truncado no início foi desarmado por uma pintura de Juninho, que cobrou falta no ângulo de João Carlos, aos 34 do 1º tempo. A marca temporal faz-se necessária porque mudou completamente os rumos da partida. No choque de estratégias, entre ataque contra defesa, o time azulino levou vantagem diante de um Leão com baixa movimentação e sonolento na demasia. Quebrar as linhas de marcação era algo inexistente, mesmo com 75% de posse de bola.

O contexto foi transformado com o tento do volante, apenas o 2º do Tricolor com aquele recurso na temporada. O crescimento foi nítido porque, enfim, o Fortaleza pôde jogar como gosta: explorando espaços, sem a posse e com transição rápida pelas laterais do gramado.

O time cresceu como poucas vezes fez no Brasileirão e ainda dosou a intensidade das jogadas com inteligência. Não à tona foi tão letal, tendo finalizado seis vezes no gol e convertido 50% das chances. O detalhe é que a superioridade foi proporcionada por uma mexida errada de Argel Fucks.

Na busca desesperada pelo resultado, o técnico do CSA sacou um volante por um atacante, aderiu ao 4-3-3 e rapidamente foi engolido, justamente o contrário do planejado com a peça ofensiva.

A situação é evidente porque o Fortaleza, que tem uma vocação ofensiva, acentua o ímpeto quando está diante do próprio torcedor – possuir a 3ª maior média de público tem diferença na mentalidade.

GOLPE FULMINANTE

A avalanche tricolor foi tão consistente que desestabilizou completamente o adversário. Na volta do intervalo, as linhas se adiantaram progressivamente, a compactação se tornou menos rígida e a armação era rápida, montada desde o momento que o goleiro Felipe Alves pegava na bola.

A conjuntura o fez ampliar o marcador logo aos três da etapa final. Em triangulação ensaiada, e que viria a ser executada mais quatro vezes no jogo, Romarinho e Wellington Paulista ajeitaram para Tinga completar, sem oportunidade para a defesa alagoana.

O lance é tanto mecânico quanto orgânico. Fruto de um time que tem o entrosamento no DNA e, se não mexe no esquema tático, sabe alterar a maneira como atua seguindo os cenários propostos pela partida, talvez a característica mais brilhante no trabalho do técnico Rogério Ceni.

Foi assim que o Fortaleza substituiu a imposição pelo contra-golpe. Os passes para quebrar a marcação deram lugar para um domínio que tinha como objetivo ver o tempo rodar diante de um adversário que não tinha se adaptado a proposta do comandante, que corrigiu a formação e novamente optou por ser reativo com a entrada de Jean Cléber, recuando as linhas e tentando evitar um resultado mais expressivo do Fortaleza.

O tento do zagueiro Paulão, cinco minutos depois, encerrou o duelo ali. Sem resistência, o CSA expôs a deficiência da jogada aérea, que já rendeu 12 gols nos últimos nove jogos. O defensor emendou um chute de primeira, após lançamento de Juninho, e assinou com requintes de crueldade um placar justo: 3 a 0.

REVEZAMENTO E DESCANSO
Apesar de soar exagerado reproduzir uma história vitorioso como implacável, o enredo do Fortaleza na partida permite a interpretação. O resultado foi importante, ao extremo, como Ceni classificou antes mesmo da bola rolar, e oficializa o patamar de disputa do elenco cearense, que se firma na briga pela Taça Sul-Americana ao ocupar a 11ª posição da tabela.

Para além dos números estáticos, serviu também para dar bagagem aos nomes no banco de reservas, consequentemente, poupando os titulares mais desgastados. A comissão técnica então teve o luxo de sacar os atacantes Wellington Paulista e André Luís para evitar uma contusão futura, assim como o volante Felipe.

A conjuntura é interessante porque restam cinco jogos para encerrar o Brasileirão e a possibilidade de preservar peças é artefato raro na competição. Ceni usou o espaço para dar bagagem e confiança a Kieza e Matheus Alessandro, que tem atuado mais vezes, e até Derley, que só tinha entrado em campo quatro vezes.

EM BUSCA DE HISTÓRIA
Ao término do jogo, Argel se posicionou alegando que o Fortaleza não é um adversário direto do CSA, logo a interpretação é de um time distante das pretensões do Z-4. A análise tem força com o exposto pela equipe na Arena Castelão.

Passados 33 rodadas, Ceni tem uma nova chance de escrever a história, poucos dias após completar dois anos da apresentação. Se é alguém acostumado ao ineditismo, acostumou a torcida tricolor a almejar novos sonhos, mesmo que sejam no retorno à elite nacional depois de 26 anos.

O capítulo final, neste um mês de competição, é garantir uma vaga internacional pela 1ª vez no clube centenário. Missão palpável frente a um Leão ávido por conquistas.

Confira matéria do Site Diário do Nordeste

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