Estatal prevê se desfazer de quatro ativos de refino de petróleo até o março de 2020, entre eles a Repar, no Paraná, e a Abreu e Lima, em Pernambuco
A Petrobrás prevê concluir em março de 2020 a venda de quatro refinarias incluídas em seu pacote de desinvestimentos. Pesos-pesados na distribuição de combustíveis no País, como Ultra (dono da Ipiranga) e Raízen (joint venture entre Cosan e Shell), e estrangeiros, como a suíça Vitol e anglo-suíça Glencore, estão avaliando as unidades e aguardam detalhes sobre o formato de venda do negócio para fazer proposta para a compra desses ativos.
O presidente da estatal, Roberto Castello Branco, disse ontem, em evento na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio, que o prazo para entrega de propostas pelas unidades em Pernambuco (Abreu e Lima), Bahia (Landulpho Alves), Paraná (Repar) e Rio Grande do Sul (Refap), foi prorrogado devido ao elevado interesse pelos ativos.
Segundo o executivo, mais de 20 empresas estão disputando essas quatro unidades. Nesse pacote de ativos também há gasodutos, oleodutos e terminais. O processo de venda está na fase inicial, de ofertas não vinculantes (quando não há proposta firme de compra).
O Estado apurou que dois grupos chineses (Petro China e Sinopec) e dois americanos (Valero e CVR Energy) também pretendem participar deste processo, assim como o fundo Mubadala, de Abu Dabi, e a trading Trafigura, da Holanda.
Complexo
Essas companhias, no entanto, aguardam mais informações sobre o processo de venda. A venda das refinarias é considerada complexa, segundo fontes a par do assunto. Para evitar que se formem monopólios privados, a Petrobrás não deverá repassar unidades localizadas nas mesmas regiões para um mesmo grupo, por exemplo.
E essa é justamente uma questão que está sendo avaliada pelos potenciais compradores. A unidade do Paraná, a Repar, é considerada a mais estratégica, pela localização perto do porto de Paranaguá. O segundo ativo mais relevante é a refinaria Alberto Pasqualini, do Rio Grande do Sul.
Para Adriano Pires, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), a unidade da Bahia é a mais antiga e a refinaria de Pernambuco carrega o peso da Lava Jato – o que pode tornar sua aquisição ainda mais complicada.
Especializadas em distribuição de combustíveis, Ultra e Raízen começam a avaliar como fazer a proposta. O Ultra, que não atua em refino no País, poderá se associar a um grupo estrangeiro para o negócio. A Raízen, que adquiriu unidades de refino na Argentina, fruto da compra de ativos da Shell no ano passado, poderá replicar a estratégia no Brasil. Ambas as companhias, contudo, avaliam como elaborar suas propostas.
Desinvestimentos
A Petrobrás definiu em abril pela venda de oito de suas 13 refinarias. Com isso, abriria mão de metade de sua capacidade de produção de 2,2 milhões de barris diários. À época, a venda desse pacote de refinarias foi avaliado em mais de US$ 10 bilhões. Esse processo deverá ser concluído até 2021. Se concluir o plano, a Petrobrás vai deixar de ter o monopólio de refino no Brasil para se concentrar mais na produção de petróleo.
Procuradas pela reportagem, Vitol, Mubadala, Ultra e Raízen não comentaram o assunto. Os grupos chineses Petro China, Sinopec, Valero e CVR Energy não retornaram os pedidos de entrevista. Nenhum porta-voz do Trafigura foi encontrado para comentar o tema. / COLABOROU DENISE LUNA, DO RIO, COM REUTERS.
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