Esta deve ser a primeira vez que presidente, que tenta o quarto mandato, terá que enfrentar um segundo turno. Nova votação acontece no dia 15 de dezembro.
Evo Morales deverá enfrentar pela primeira vez um segundo turno em uma disputa pela presidência da Bolívia. Com 83,76% dos votos da eleição deste domingo (20) apurados, o presidente, que pertence ao Movimiento Al Socialismo (MAS), aparece com 2.256.603 de votos (45,28%) enquanto o segundo colocado, o ex-presidente Carlos Mesa, candidato do Comunidad Ciudadana (CC), tem 1.901.891 (38,16%).
Durante a noite, o Tribunal Superior Eleitoral boliviano interrompeu a divulgação dos dados com a apuração das eleições, o que gerou críticas de observadores internacionais. A Organização dos Estados Americanos (OEA) questionou o atraso.
Em uma rede social, o Itamaraty divulgou uma nota em que diz que “o Brasil acompanha com atenção o 1º turno da eleição na Bolívia” e que “preocupa muito a interrupção imprevista da apuração”.
Também em uma rede social, Mesa escreveu sobre a interrupção da divulgação: “É a vergonha de um instrumento servil para o governo. Vamos defender o voto dos cidadãos antes da tentativa de pular o segundo turno”, disse.
Para vencer a disputa já no primeiro turno, Morales teria que conseguir 50% dos votos válidos mais um ou 40%, mas com pelo menos dez pontos a mais do que o segundo colocado.
Segundo o Órgão Eleitoral Plurinacional da Bolívia, o índice de comparecimento às urnas foi de 89,62%. Com 83,76% dos votos apurados, a eleição tinha ainda 73.403 votos em branco (1,4%) e 182.569 nulos (3,48%).
O segundo turno das eleições presidenciais bolivianas será no dia 15 de dezembro.
Esta é a quinta vez seguida que Morales disputa a presidência. Ele perdeu em sua primeira tentativa, em 2002, mas desde 2005 venceu três eleições seguidas, sempre no primeiro turno, com 53,7% dos votos, 64,2% (em 2009) e 61,36% (em 2014).
Antes mesmo da divulgação oficial dos números finais, Mesa – que presidiu o país entre 2003 e 2005 – já comemorava o resultado. “Realizamos um triunfo inquestionável que nos permite dizer com absoluta certeza e segurança, tanto pela informação da mídia quanto pelo nosso próprio cálculo interno: estamos no segundo turno!”, declarou entre militantes na sede de seu partido.
Em seu perfil em uma rede social, Evo Morales agradeceu aos eleitores, ressaltando que venceu quatro eleições seguidas.
“Já enfrentamos tantas mentiras, mas o povo boliviano se impôs. E algo mais importante, novamente temos uma maioria absoluta na câmara dos deputados e na câmara dos senadores. Essa é a conscientização do povo boliviano. Contamos com a votação do campo”, afirmou, entre os gritos de seus apoiadores.
Queda de popularidade
Em um plebiscito em 2016, a população boliviana decidiu que Morales não poderia concorrer a um quarto mandato, mas no ano seguinte o Tribunal Constitucional determinou que o limite de dois mandatos presidenciais era “uma violação dos direitos humanos” e permitiu que ele se candidatasse novamente.
Muitos de seus eleitores, no entanto, ficaram descontentes com a decisão e afirmaram que não voltariam a votar no primeiro presidente indígena da história da Bolívia. Além disso, sua imagem ficou desgastada com denúncias de corrupção e, mais recentemente, por sua resposta considerada insatisfatória aos incêndios florestais que afetaram o país nas últimas semanas.
Neste domingo os bolivianos também votaram para eleger os 36 senadores, 130 deputados e 9 representantes supra-estatais integrantes da Assembleia Legislativa Plurinacional (ALP).
Apoios
Uma surpresa na apuração foi a terceira colocação do pastor presbiteriano Chi Hyun Chung, do Partido Democrata Cristiano (PDC), que aparecia com 436.838 votos (8,77 %), ultrapassando Óscar Ortiz, da aliança Bolivia Dice No (21F), que sempre esteve a sua frente nas pesquisas e tinha 219.886 votos (4,41%).
Em entrevista ao jornal “El Deber” após a eleição, Chi disse que pretende conversar com integrantes do CC para negociar seu apoio a Carlos Mesa. “Estou muito grato pelo apoio (dos eleitores). Minha posição é clara, não estou de acordo com o Movimiento al Socialismo”, afirmou.
Também Óscar Ortiz se pronunciou, apoiando Mesa. “A decisão tomada pelo povo boliviano é que quem irá enfrentar Evo Morales no segundo turno é o Sr. Carlos Mesa. Nós respeitamos essa decisão e faremos isso sem nenhuma condição”, disse.
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