Alvos são criminosos que usam terminais nos Portos de Santos (SP), Paranaguá (PR) e Itajaí (SC) para mandar entorpecentes para Europa. Em uma das ações, agentes apreenderam US$ 4,5 milhões em espécie. Cinco pessoas estão foragidas.
A Polícia Federal iniciou, na manhã desta terça-feira (27), duas operações contra o uso de portos brasileiros para o tráfico internacional de drogas em navios cargueiros. Durante a ação, 12 pessoas foram presas e cinco continuam foragidas. Em um imóvel os agentes apreenderam cerca de US$ 4,5 milhões em espécie. As ações contra o tráfico são comandadas pelas delegacias da PF em Itajaí (SC) e Santos (SP).
Segundo as investigações, as organizações criminosas inseriam cocaína em contêineres embarcados nos portos das duas cidades, além do terminal de Paranaguá (PR), utilizando empresas de fachada com atuação na logística portuária. Em geral, a droga era escondida sem que os verdadeiros donos das cargas soubessem e eram enviadas para diferentes partes do mundo.
Na operação no litoral paulista, batizada de “Alba Vírus”, foram expedidos 42 mandados de busca e apreensão e 17 de prisão temporária. A 5º Vara Federal de Santos também determinou o bloqueio de mais de R$ 23 milhões em imóveis como casas, apartamentos e uma fazenda.
Os mandados foram cumpridos nesta manhã nos estados de São Paulo (São Paulo, Santos e Guarujá), Santa Catarina (Itajaí e Balneário Camboriú), Mato Grosso do Sul (Campo Grande) e Bahia (Salvador).
“Duas pessoas foram presas em São Paulo, uma em Salvador e o restante em Itajaí. Conseguimos cumprir 12 prisões, cinco pessoas continuam foragidas. Em Santos foram apreendidos apenas documentos, os imóveis estavam vazios” explicou o delegado da Polícia Federal e chefe da delegacia em Santos, Ciro Tadeu Moraes.
A delegada da Polícia Federal, Fabiana Salgado Lopes, informou que entre os presos estão pessoas que aparecem nos vídeos encontrados em celulares apreendidos durante uma operação deflagrada em fevereiro deste ano em Guarujá (veja abaixo). Nas imagens eles aparecem escondendo os entorpecentes, que foram enviados para portos na Europa, dentro dos contêineres.
“O objetivo dos vídeos era provar para os receptores e restante da organização que eles estavam fazendo a operação e deviam também para auxiliar a localização da droga para quem fosse receber esse carregamento quando chegasse ao destino. Eles explicavam exatamente onde estavam escondendo a droga em meio à carga lícita”, disse.
Pessoas da organização criminosa que ajudavam na utilização do dinheiro proveniente do tráfico de drogas para compra de bens também foram detidas durante a operação. Entre os cinco foragidos está um casal apontado como principais responsáveis pelo esquema.
Eles moravam em Guarujá e, após operação deflagrada em fevereiro na cidade, se mudaram para Itajaí. A dupla não foi localizada em nenhum dos endereços. “Eles já foram presos na Bahia e também foram alvos de operações em 2008, 201, 2014 e respondem a processos em liberdade”, citou o delegado Ciro.
Na operação deflagrada pela PF em Santa Catarina, foram expedidos 17 mandados de busca e apreensão e 11 mandados de prisão nas cidades catarinenses de Itajaí, Balneário Camboriú, Blumenau, Balneário Piçarras e Ilhota.
Remessa de seis toneladas de cocaína
No litoral paulista, as investigações começaram em Guarujá, em fevereiro deste ano. Na ocasião, o policial militar reformado Mario Márcio da Silva, de 44 anos, foi flagrado pela Polícia Federal com 1,3 tonelada de cocaína, armamento e mais de R$ 1 milhão em espécie. Ele foi condenado a 14 anos de prisão.
Em 21 celulares apreendidos pela polícia, foram encontrados vídeos nos quais os suspeitos aparecem ocultando cocaína em meio a cargas lícitas em contêineres de navios com destino à Europa. Segundo apurado pela PF, o grupo criminoso seria responsável por uma remessa de mais de seis toneladas de cocaína.
No porto de Santos, apenas em 2019, 16,2 toneladas de droga foram encontradas escondidas. A maior parte da carga ilícita tinha como destino o continente europeu. No ano passado foram 23,1 toneladas apreendidas.
Cocaína escondida em carga de tijolos
A operação deflagrada pela PF em Itajaí começou após a apreensão de 1,7 mil quilos de cocaína no porto de Antuérpia, na Bélgica, em dezembro de 2018. Posteriormente, foi constatado que a mesma quadrilha tentou enviar 558 quilos de droga apreendidos no porto de Navegantes (SC), em abril deste ano.
Os criminosos usavam uma espécie de “parede” com a carga de tijolos dentro dos contêineres para camuflar a droga traficada. A prática fez com que a PF batizasse a operação de “The Wall” (“parede” em inglês).
Para a operação em Santa Catarina, foram recrutados 150 policiais para a execução das medidas. A operação conta com o apoio de servidores da Receita Federal e cães farejadores. Além da prisão dos investigados, também foram apreendidos veículos e bens dos investigados.
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