José Carlos Werneck
Recentemente, o governador Ibaneis Rocha criticou, com veemência, uma decisão do Tribunal de Contas da União, que proibiu o Governo do Distrito Federal de utilizar os recursos do Fundo Constitucional do DF para pagar despesas com as aposentadorias e pensões de servidores da Saúde e da Educação.
O TCU entende que o fundo tem a responsabilidade de prover recursos para manter as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros da Capital do País.
VERGONHA NA CARA – Exaltado, o governador afirmou: “O Tribunal de Contas deveria tomar vergonha na cara e servir para alguma coisa que não seja atrapalhar a vida das pessoa. É um Tribunal que não serve para nada, gasta bilhões e não serve para merda nenhuma.”
E completou: “Os ministros daquela Corte, que moram nessa cidade, deviam respeitar a população do Distrito Federal, que precisa de segurança, saúde e educação […] A grande maioria morando em imóvel que ganhou da União, não teve coragem nem de comprar um apartamento. Ganham salários astronômicos, com gabinetes enormes. Deviam ter vergonha na cara de decidir contra nossa população.”
Na noite de ontem, numa reunião em Brasília, um veterano jornalista, amigo meu de muitas décadas, lembrava que Ibaneis, um muitíssimo bem sucedido advogado, mas não exatamente um lorde inglês, não precisava ter chegado a tanto. Segundo, o jornalista bastava que o governador do DF lembrasse essa interessante passagem de “Os Maias”, a obra prima do escritor português Eça de Queiroz:
“Duas horas e um quarto! exclamou Taveira, que olhara o relógio. E eu aqui, empregado público, tendo deveres para com o Estado, logo às dez horas da manhã.
– Que diabo se faz no tribunal de contas? perguntou Carlos. Joga-se? Cavaqueia-se?
– Faz-se um bocado de tudo, para matar tempo… Até contas!”
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