Por Marcelo de Moraes
Jair Bolsonaro tem um complicado problema político para resolver. O Congresso aprovou na noite de quarta-feira, 14, o projeto que trata do abuso de autoridade. Mas embora tenha recebido grande apoio parlamentar, a proposta sofre pesadas críticas por ser vista como um mecanismo de restrição às investigações contra a corrupção. Por causa disso, nas redes sociais, começou uma forte campanha para que o presidente vete o projeto.
Assim, o presidente pode escolher jogar para a galera e vetar a proposta – ou parte dela. Mas, em troca, terá de enfrentar a irritação dos parlamentares. E, sempre é bom lembrar, deputados e senadores têm o poder de derrubar um veto presidencial. Se isso acontecer, o projeto vai valer do mesmo jeito e Bolsonaro ainda precisará administrar o peso dessa derrota. A sinuca do presidente não fica mais fácil se ele optar por não vetar o texto do Congresso. Nesse caso, precisará explicar para muitos dos seus eleitores por que se alinhou aos parlamentares. Também será preciso ver a reação do ministro da Justiça, Sergio Moro, sobre isso. Não há uma solução simples à vista.
Volte ao início. No dia 19 de junho, o mercado comemorou o fato de a Bolsa ter batido a marca histórica e emblemática dos 100 mil pontos, indicando um entusiasmo dos investidores. Foram quase dois meses seguidos acima dessa marca, mas o cenário externo e a aversão ao risco devolveram a Bolsa para os 99 mil pontos na quarta, 14. Conversei com especialistas do mercado e eles acreditam que esse desempenho pode ser recuperado, especialmente se a guerra comercial entre Estados Unidos e China diminuir um pouco sua intensidade.
Festival de trombadas. Claro que o cenário externo está atrapalhando o Brasil, mas o governo tem contribuído para deixar os nervos mais à flor da pele com uma sequência de declarações polêmicas. Apenas nesta quinta, 15, Bolsonaro distribuiu bordoadas contra a Receita, e na direção dos governos da Alemanha e da Noruega. Também aproveitou para antecipar o anúncio da substituição do Superintendente da PF no Rio, Ricardo Saadi, por problema de “produtividade”. A PF soltou nota negando que a troca fosse por essa razão. Mas Saadi se junta à lista de autoridades do governo rifados publicamente pelo presidente, sem dó, nem pena, como aconteceu com Joaquim Levy, do BNDES, e com Ricardo Galvão, do INPE.
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