Se os criminosos da cibernética fossem modernos de verdade, conforme se supunha, usariam apenas bitcoins e outras criptomoedas, para que a Polícia Federal tivesse maior dificuldade em solucionar esses rumorosos e importantes crimes. Mas ele bobearam e logo foram localizados. O fato concreto é que a PF já conseguiu chegar aos culpados, com impressionante eficiência, e agora, como diria Roberto Carlos, o resto são detalhes. Depois de identificado o hacker, que admitiu os crimes e já se tornou “réu confesso”, a investigação ficou muito facilitada.
Como os hackers não acreditam piamente nas moedas pós-modernas e fizeram questão de trabalhar também com dinheiro vivo, os federais recorreram ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e não tiveram maiores dificuldades para encontrar os principais membros da quadrilha, vejam com o ministro Dias Toffoli cometeu um gravíssimo crime contra a cidadania, ao cercear a ação do Coaf.
BRASÍLIA — Falta agora descobrir o mandante, caso o hacker Walter Delgatti Neto tenha sido previamente contratado para invadir as contas de diversas autoridades no aplicativo Telegram. Ou encontrar o pagante, caso o patrocínio tenha sido feito com o hakeamento já concretizado, conforme foi dito nos depoimentos dos principais envolvidos – o chefe Delgatti e seu amigo e cúmplice Gustavo dos Santos, que atuava junto com a mulher, Suellen Oliveira, na lavagem do dinheiro para o amigo-irmão-camarada.
Delgatti diz que fez tudo sozinho e ninguém lhe pagou pelo hackeamento, que teria sido entregue gratuitamente ao jornalista Glenn Greenwald. Mas o hacker foi imediatamente desmentido pelo cúmplice Gustavo dos Santos, que disse que Delgatti era simpatizante do PT e pretendia vender o material ao partido.
FILIADO AO DEM – Os petistas alegam que Gustavo dos Santos falou bobagens, porque o hacker era filiado ao DEM, nada tinha a ver com o PT e militava realmente no partido dos Democratas, do qual acaba de ser expulso, aliás.
A Polícia Federal, porém, não aceitou essa alegação dos petistas, porque presume que Gustavo, que é DJ profissional e vive na noite, sem ter qualquer militância partidária, deve ter falado a verdade ao dizer que o hacker lhe informara que pretendia vender o material ao partido de Lula, e justamente por isso ele julgava que o amigo fosse simpatizante do PT.
Para os federais, o fato concreto é que Delgatti tinha em mãos um valioso acervo político para atacar a Lava Jato, iniciativa que interessaria a diversos partidos, mas sobretudo ao PT, cujos dois principais dirigentes estão presos em Curitiba – Lula da Silva e José Dirceu.
ALVO NATURAL – Nesta conjuntura, o alvo natural da PF é o PT. E os quatro indiciados e presos por formarem a quadrilha moram em Araraquara, uma importante cidade paulista, que é administrada justamente por um importante dirigente nacional do PT, o prefeito Edinho Silva, que era ministro da Comunicação Social no governo Dilma Rousseff.
Assim, na investigação, todos os caminhos levam a Araraquara, que se tornou a Roma desse mistério político que envolve o patrocínio à quadrilha de hackers que balançou a República.
Resumindo: o chefe Delgatti vive de aplicações financeiras, mas não lembra como arranjou o dinheiro. O DJ Gustavo Santos e a mulher Suelen se dizem operadores de criptomoedas e foram encontrados com R$ 99 mil em dinheiro vivo. E o motorista Danilo Marques disse que cedeu seu nome para alugar imóveis e trocar dólares para Delgatti.
P.S. – Está tudo mais do que claro. Se estivéssemos na Inglaterra, o país do jogo, as 1,7 mil casas de apostas de Londres estariam lotadas. Eu apostaria que o hackeamento foi bancado pelo PT, mas o prefeito Edinho Silva arranjou que o negócio fosse fechado direto pelo partido, sem passar por ele. Sabe-se que Edinho Silva e espertíssimo e até agora não foi apanhado pela Lava Jato. A meu ver, ele pode até sair incólume nesse caso. Posso estar erredo, mas… (C.N.)
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